Dormência, formigamento e dor nas mãos são as principais queixas dos pacientes diagnosticados com a Síndrome do Túnel do Carpo, doença considerada uma neuropatia compressiva, muito comum nos membros superiores. Estima-se que 8% da população mundial sofra com o problema, principalmente mulheres acima dos 50 anos. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão, são cerca de 150 mil novos casos por ano.
O túnel do carpo é uma estrutura anatômica localizada no punho, entre a mão e o antebraço, por onde passam o nervo mediano e os tendões flexores, estes revestidos pelo tecido sinovial. Como o túnel é inelástico, quando há inflamação ou algum outro tipo de dano a um dos tendões, o nervo é comprimido, causando as sensações relatadas pelos pacientes aos médicos. Apesar da prevalência entre as mulheres, os homens também podem desenvolver a síndrome.
“Hoje em dia, muitos estudos fazem uma associação da Síndrome do Túnel do Carpo com os esforços repetitivos. As pessoas que trabalham com computação ou costura, por exemplo, têm grande propensão de desenvolver a doença, pois são aquelas que apresentam as chamadas tendinites de repetição”, afirma Luís Filipe Lessa, médico ortopedista do Seot (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia), especialista em mão e microcirurgia.
O diagnóstico é, iminentemente, clínico, mas conta com exames complementares na avaliação do estágio da doença. Os mais comuns são a ultrassonografia e a eletroneuromiografia. “Por meio de um choque na pauta da mão, é possível saber o grau de comprometimento do nervo. Nós estimulamos o nervo de um lado e recebemos a captação do estímulo do outro. Se ele está preso, o estímulo passa cada vez mais devagar. É a partir do estágio da doença que vamos definir qual o melhor tratamento”, explica Luís Filipe Lessa.
Como a doença é evolutiva, quanto mais o paciente demora a ter um diagnóstico ou a procurar um tratamento, ele acaba tendo uma atrofia na musculatura da mão. “Ele vai perdendo a força e não consegue fazer movimentos mais delicados. Chega a um ponto que a musculatura está tão atrofiada que se torna irreversível, mesmo quando tomadas as medidas necessárias, inclusive a cirurgia”, ressalta o especialista.
Sobre o tratamento, os casos mais leves são tratados de forma básica, com órteses, talas para dormir, medicações específicas e, principalmente, a fisioterapia. Se a doença é mais grave, os médicos lançam mão de outras medidas terapêuticas, com outros tipos de medicação, acupuntura e, em último caso, a intervenção cirúrgica. “A avaliação médica especializada é o tratamento inicial sempre. Se diagnosticada cedo, a síndrome tem cura”, conclui o Dr. Lessa.