Opinião: A rotação

Por Daniel Finizola

Há quem diga que  ela é a representação do silêncio e da tranquilidade. Para outros ela é sinônimo de inspiração, festa, alegria e liberdade. Nas grandes cidades a noite revela prazeres, desejos, mentiras  que o dia costuma esconder. Há pessoas que se mimetizam, incorporando um noctívago voraz, capaz de enfrentar e libertar todas as vontades, mitos e temores que a cultura da noite produziu.

Aquela zumbindo de vento que rasga o oco do mundo sempre ganha outra conotação quando a rotação nos coloca na escuridão. Cada Lâmpada vira um simulacro de sol capaz de produzir calor e penumbra. O céu releva seus distantes pontos brilhantes. Os anfíbios cantam pra acasalar. A coruja arma seu olhar de lince. O feérico aguça a imaginação.

A noite é poética, amorosa, confortante e confortável. Ao mesmo tempo que releva o “dark side” que reside em muitos de nós. Não que isso seja  necessariamente ruim, mas corresponde aquela porção do nosso eu que teme em se revelar ao dia. Prefere seguir regras e modelos que são alimentadas pela luz natural.

Cada vez mais o dia nos coloca em uma velocidade que parece está além da nossa natureza. É como se perdêssemos a noção dos nossos limites biológicos e nos equiparássemos a uma máquinas frenéticas de números, ambições e conquistas que normalmente gera pouca felicidade e muitos resultados. Nesse contexto os dias vão ficando curtos para tantas tarefas e é cada vez mais comum escutar aquela frase “como eu queria que o dia tivesse 48 horas”.

A consequência de tudo isso é que o dia virou sinônimo de castigo. Colocamos persianas, cortinas, cartolina preta na janela pra afugentar o que a rotação insiste em nos trazer apos cada noite de alegria, diversão, frio, solidão, drogas, paqueras ou descanso. Não tem jeito. Dia e noite são irmãos, cúmplices, filhos de um mesmo movimento. Dois lados na mesma moeda. Há quem prefira o dia com suas dores e hipocrisias. Há quem prefira a noite com seus perigos e mistérios.

E você, prefere o quê?

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

Opinião: A rotação

Por Daniel Finizola

Há quem diga que  ela é a representação do silêncio e da tranquilidade. Para outros ela é sinônimo de inspiração, festa, alegria e liberdade. Nas grandes cidades a noite revela prazeres, desejos, mentiras  que o dia costuma esconder. Há pessoas que se mimetizam, incorporando um noctívago voraz, capaz de enfrentar e libertar todas as vontades, mitos e temores que a cultura da noite produziu.

Aquela zumbindo de vento que rasga o oco do mundo sempre ganha outra conotação quando a rotação nos coloca na escuridão. Cada Lâmpada vira um simulacro de sol capaz de produzir calor e penumbra. O céu releva seus distantes pontos brilhantes. Os anfíbios cantam pra acasalar. A coruja arma seu olhar de lince. O feérico aguça a imaginação.

A noite é poética, amorosa, confortante e confortável. Ao mesmo tempo que releva o “dark side” que reside em muitos de nós. Não que isso seja  necessariamente ruim, mas corresponde aquela porção do nosso eu que teme em se revelar ao dia. Prefere seguir regras e modelos que são alimentadas pela luz natural.

Cada vez mais o dia nos coloca em uma velocidade que parece está além da nossa natureza. É como se perdêssemos a noção dos nossos limites biológicos e nos equiparássemos a uma máquinas frenéticas de números, ambições e conquistas que normalmente gera pouca felicidade e muitos resultados. Nesse contexto os dias vão ficando curtos para tantas tarefas e é cada vez mais comum escutar aquela frase “como eu queria que o dia tivesse 48 horas”.

A consequência de tudo isso é que o dia virou sinônimo de castigo. Colocamos persianas, cortinas, cartolina preta na janela pra afugentar o que a rotação insiste em nos trazer apos cada noite de alegria, diversão, frio, solidão, drogas, paqueras ou descanso. Não tem jeito. Dia e noite são irmãos, cumplicies, filhos de um mesmo movimento. Dois lados na mesma moeda. Há quem prefira o dia com suas dores e hipocrisias. Há quem prefira a noite com seus perigos e mistérios.

E você, prefere o quê?

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br