Humberto Costa lamenta morte de Abelardo da Hora

Nota de Pesar:

Foi com tristeza que recebi a informação do falecimento hoje do artista plástico Abelardo da Hora. Abelardo, além de um artista sem igual, ele era acima de tudo um amigo, um homem que sempre soube transmitir alegria e sabedoria. Foi mestre de toda uma geração de artistas pernambucanos e um dos criadores do Movimento de Cultura Popular, que tinha como objetivo expandir a arte popular e desenvolver um trabalho de educação para jovens e adultos.

Abelardo era um multiartista  e um dos maiores nomes da arte do País. As suas pinturas, cerâmicas, poesias e gravuras são a expressão da sua história de luta por um mundo melhor e mais justo. Ainda jovem, ingressou no Partido Comunista e manteve a sua coerência política por toda a vida.

Durante a Ditadura Militar, foi detido por mais de 70 vezes e sua contribuição política e artística pode ser vista em todo o Recife.

É dele Lei que obriga a existência de obras de arte em edificações com mais de 1500 m2 na cidade, o que garantiu a nossa cidade a oportunidade de difundir o trabalho de artistas e ser um centro de exposição de arte. A própria obra de Abelardo faz parte do cotidiano dos recifenses e dizem muito mais do que os nossos olhos a primeira vista veem: elas falam de uma vida de dedicação à arte e a sua defesa de uma sociedade mais igualitária.

João Lyra faz depoimento em homenagem ao escultor Abelardo da Hora

Perdemos mais um filho ilustre e um dos maiores nomes das artes brasileiras. Aos 90 anos, ainda lúcido e ativo, Abelardo da Hora continuava sua extensa obra iniciada desde os anos 1940, quando começou a moldar suas primeiras peças na Escola de Belas Artes do Recife. Sua obra se caracterizou com o compromisso com o povo: uma galeria de arte a céu aberto. Espalhou sua criatividade por ruas avenidas, prédios públicos, bancos, hotéis, hospitais  e edifícios residenciais. Um arte feita com amor e paixão que fazem parte do cotidiano dos pernambucanos.
 
Abelardo da Hora deixa um legado também na militância política em favor dos mais pobres da nossa sociedade, causa que sempre se comprometeu, utilizando seu trabalho como forma de contribuição para a melhoria da sociedade. Um artista politicamente combativo e fortemente defensor do povo.
 
Com essa visão, na gestão do então prefeito do Recife, Miguel Arraes de Alencar, foi um dos idealizadores do Movimento de Cultura Popular (MCP), Nesta mesma época, fez 22 desenhos sobre a situação de miséria da cidade. Era o álbum “Meninos do Recife”, sobre a fome e a pobreza que esses meninos viviam. Preso pela ditadura mais de 70 vezes, teve os 500 exemplares desse álbum queimados e suas esculturas destruídas pelos militares, uma delas um monumento em homenagem às Ligas Camponesas, erguida no Engenho Galiléia, em Vitória de Santo Antão
 
Sua trajetória política sempre esteve ao lado da Frente Popular de Pernambuco, não só com Miguel Arraes, mas até os dias atuais, com seu neto, o ex-governador Eduardo Campos. Já neste governo, Abelardo foi convocado para deixar o seu talento nos três hospitais metropolitanos (Miguel Arraes, Dom Helder Câmara e Pelópidas da Silveira) construídos em Pernambuco, no período em que fui secretário de Saúde. 
 
Sua última grande obra, a escultura em bronze polido “O Artilheiro” embeleza a Arena Pernambuco, entregue no dia do aniversário do artista, 31 de julho deste ano, em São Lourenço da Mata, onde Abelardo nasceu.
Decretei luto oficial de três dias no Estado. Pernambuco perdeu um dos seus maiores artistas, mas o povo pernambucano continuará sempre em contato com sua grandiosa obra.jl
 
João Lyra Neto
Governador de Pernambuco