Livro sobre assassinos em série é lançado no Recife

A Faculdade Boa Viagem (FBV|DeVry) promove, no dia 21 de março, às 19h, o lançamento do livro “Assassinos Seriais – o poder da sideração e do superego arcaico”, escrito pela doutora e professora de Psicologia da instituição, Marcela Monteiro, e primeiro a tratar o tema dos serial killers cientificamente. O evento acontece no auditório da FBV e é aberto ao público. Na ocasião, haverá palestras do promotor de justiça Edgar Braz e do delegado Carlos Berenguer, à frente do caso dos “Canibais de Garanhuns”.

Para trazer uma abordagem psicológica sobre dois casos de assassinos em série do país que ganharam bastante repercussão na mídia – o caso Chico Picadinho e o Vampiro de Niterói – Marcela entrevistou pessoalmente os dois acusados, colhendo depoimentos que traz em trechos do seu livro. A pesquisa para realização da obra levou seis anos e a autora é a única pessoa no país a pesquisar o tema cientificamente.

Segundo a doutora, existem outros livros sobre os assassinos em série brasileiros, mas sempre sob uma perspectiva jornalística, relatando os casos. “Neste livro, atravesso o relato relacionando os crimes com aspectos psicossociais dos seres humanos. Sempre tive interesse pelo assunto, por isso dediquei meu mestrado e doutorado a me aprofundar nesse tema”, explica.

Publicado pela Editora Prismas, o livro poderá ser adquirido no evento, onde também haverá uma noite de autógrafos, além da pré-venda através do e-mail livroassassinosseriais@gmail.com. A obra também está disponível para compra no site da Amazon e das principais livrarias do país.

Opinião:Assassinos por natureza

Por Menelau Júnior

O diretor Oliver Stone é responsável por uma pequena obra-prima do cinema americano: “Assassinos por Natureza”. O longa, de 1994, mostra a trajetória de um casal apaixonado que sai praticando todo tipo de crime nos Estados Unidos. Mickey e Mallory viram atração da imprensa sensacionalista, e o repórter Wayne Gale (Robert Downey Jr.), o principal responsável, os coloca num programa de televisão. Stone, claro, usa o exagero para fazer uma dura crítica à imprensa sensacionalista, bem como à atração mórbida que temos pela desgraça alheia.

Quando algum jovem perturbado entra numa escola americana matando professores, colegas e depois praticando suicídio, os infantiloides brasileiros logo apontam o dedo para a “doente sociedade americana”, que “fabrica jovens suicidas aos montes”. Seriam eles os assassinos por natureza?

Esse discurso antiamericano e falacioso, normalmente de cunho político (sim, nossos antiamericanos são sempre os mesmos admiradores de assassinos como Fidel e Che), não resiste a comparações. Vamos a elas.

Os Estados Unidos têm 300 milhões de habitantes e uma média de 20 mil assassinatos por ano. Lá, quase toda casa tem arma de fogo. O Brasil tem 200 milhões de habitantes (ou seja, 33% a menos), mas nos matamos a 150 por dia (ou seja, três vezes mais que a média americana) – o que dá mais de 50 mil crimes por ano. E isso porque o porte e a posse de armas são muito restritos aqui no país.

Não é apenas assim que nos matamos. O nosso trânsito é outra vergonha. São mais de 40 mil mortos por ano – muito mais do que qualquer guerra entre Israel e os terroristas do Hamas. Com a popularização das motocicletas – e de alguns motociclistas suicidas – , esse número só cresceu. Uma visitinha ao Hospital Regional, por exemplo, vai revelar a “epidemia” de amputados e mortos por causa do veículo de duas rodas. Temos condições de comprar os veículos; o que nos falta é civilidade, respeito, prudência.

Há outros fatores. Nos Estados Unidos, 90% dos crimes são elucidados. No Brasil, esse número não chega a 20%. Nos Estados Unidos, assassinos podem pegar prisão perpétua ou pena de morte. Lá, eles ficam presos. No nosso inferno tropical, mata-se por cinco reais, por um botijão de gás, por nada. Aqui, não se poupam crianças, idosos, mulheres grávidas. Aqui, assassinos, quando presos, recebem indulto e comissões de direitos disso e daquilo. As vítimas recebem enterro.

No nosso “mundinho civilizado”, não podemos chamar de “bandido”, “criminoso” ou “assassino” aquele que tem 17 anos e atira no rosto de um cidadão de bem que trabalha para colocar comida dentro de casa. Aqui é “menor infrator”. E se tiver menos de 12, não é nada.

Faz algum tempo acreditava-se que o Brasil era um país cordial. Nosso povo gosta dos rótulos de “povo alegre”, “hospitaleiro”, “feliz”. Todos esses adjetivos são pura hipocrisia. Os números não deixam que as palavras mintam: somos selvagens, violentos, insanos. E vítimas da hipocrisia de quem defende criminosos em nome de uma humanidade que não temos…

Menelau Júnior é professor de língua portuguesa.