Abril registra mais de 2 mil demissões em Caruaru, segundo dados do Caged

Um total de 2.010 postos de trabalho foram desativados enquanto 1.588 admissões foram registradas no mês de abril em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), abril foi o mês com o maior número de demissões deste ano.

Em janeiro, foram 1.848 demissões; em fevereiro 1.740 postos e março registrou 1.968 postos de trabalho desativados. No total, nos quatro primeiros meses de 2016, Caruaru teve 7.566 demissões.

Em abril, os números apontaram uma redução de 422 empregos com carteira assinada no município. Na microrregião onde o município está localizado – o Vale do Ipojuca – houve uma queda de 942 empregos. No quarto mês do ano, conforme consta nos dados do Caged, 2.241 pessoas foram admitidas, enquanto 3.183 foram demitidas.

Em Caruaru, as ocupações de vendedor de comércio varejista e auxiliar de escritório foram as que mais registraram demissões. Um total de 247 e 122  vagas de emprego formal foram reduzidas no período, respectivamente.

Número de demissões aumenta no comércio local

Pedro Augusto

O momento de instabilidade financeira do país está provocando efeitos negativos ao comércio de Caruaru. Seguindo a tendência nacional, o setor econômico mais lucrativo do município vem fechando, ao longo deste primeiro trimestre, vários postos de trabalho em todos os seus segmentos. De acordo com a pesquisa da Agência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego, somente no último mês de janeiro 392 comerciários foram demitidos na Capital do Agreste contra 270 no mesmo período de 2014. Em relação aos empregos temporários, a unidade do MTE ainda não divulgou o número referente aos efetivados no primeiro mês, porém, se ela tomar como parâmetro os anos de 2014 e 2013, certamente registrará volume abaixo do esperado.

Se em 2013, 735 trabalhadores foram efetivados após o período de experiência, no ano passado apenas 556 tiveram a mesma sorte. “Embora a previsão é de que contabilizemos um número positivo, a tendência é de que neste início de ano o percentual de efetivação seja bem mais tímido. Durante todo o ano de 2014 vivenciamos uma crise política, que afetou todos os setores econômicos do país, porém agora o cenário encontra-se ainda mais desanimador. Para se ter ideia, apenas em janeiro deste ano 97.800 trabalhadores foram demitidos no comércio do país, ante 78.118 no mesmo intervalo do ano passado. Como não poderia ser diferente, Caruaru também está sentindo os efeitos da crise.”

Em entrevista ao blog, na manhã da última segunda-feira (9), na sede da sua indústria, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caruaru, Márcio Porto, destacou os fatores que têm contribuído para com o aumento das demissões no comércio local. “Devido à alta dos juros e aos constantes reajustes nas tarifas públicas, hoje os consumidores estão receosos para firmar novos compromissos, tanto a curto quanto a longo prazo. Aqueles que já estavam endividados antes das medidas do Governo Federal já estavam comprando menos. Por outro lado, os que possuíam as contas em dia estão sem coragem de fazer novos débitos. E isso tudo reflete no comércio. Se as vendas diminuem, demissões passam a ocorrer.”

De acordo ainda com Márcio Porto, como o próprio o cenário atual vem mostrando, a expectativa é de que 2015 seja um ano muito difícil para o comércio de Caruaru. “Conversamos recentemente com alguns empresários de São Paulo, que é conhecido como o coração econômico do país, e eles ressaltaram que o comércio está parado em todo o Brasil. Nossa torcida é que esse arrocho provocado pelo Governo Federal reflita de forma satisfatória para entrarmos 2016 com expectativas melhores. Hoje, as únicas empresas que estão contratando no comércio local têm correspondido àquelas voltadas para os períodos sazonais como, por exemplo, a Páscoa. Entretanto, quando esses períodos vão embora, os trabalhadores temporários têm sido liberados, ou seja, não está havendo efetivação.”

Tida como uma das empresas mais geradores de empregos no comércio local, a Sapataria Muniz ainda não entrou no ritmo de demissões em massa, mas já está se preocupando com o futuro. “Nossas liberações vêm ocorrendo seguindo a política adotada a cada início de ano, porém ainda não definimos se iremos contratar para o período junino. Prática esta que sempre ocorria a partir de abril. Desta vez, iremos esperar um pouco mais para vermos como é que reage o mercado”, explicou o gerente de vendas Adauto Júnior.

Grupo do Pernambuco dá Sorte anuncia demissão de 500 funcionários

Cerca de 500 pessoas devem ser demitidas do Grupo Dá Sorte, após a paralisação das atividades da empresa, determinada pela 4ª Vara Federal Criminal de Pernambuco. Além disso, 25 instituições de caridade estão sem receber as verbas que eram destinadas a partir dos títulos de capitalização. O grupo foi alvo da ‘Operação Trevo’, da Polícia Federal, que investigava um esquema de fraudes, lavagem de dinheiro, práticas do jogo do bicho, distribuição de máquinas caça-níqueis e emissão de bilhetes de loteria como título de capitalização.

A operação foi deflagrada no dia 12 de novembro. Três organizações criminosas independentes, acusadas de agir em 13 Estados, foram desarticuladas. A empresa Pernambuco dá Sorte é suspeita de comandar o esquema.

Em nota, o Grupo Dá Sorte disse que vai “provar na justiça que sempre trabalhamos com Títulos de Capitalização legítimos”. A empresa alega que os títulos eram emitidos por empresas que atuam no mercado de seguro e capitalização e seguem as normas da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Até esta terça-feira (25), foram expedidos 11 mandados de prisão temporária (quatro em Pernambuco) e 23 de prisão preventiva (15 no Estado), além de 104 mandados de busca e apreensão, 25 de intimações coercitivas e 47 de sequestro de valores, bens imóveis e automóveis de luxo. Um total de R$ 302,6 milhões e US$ 360 mil foram apreendidos, além de 19 veículos, 12 notebooks, dois revólveres e documentos. Dezesseis estabelecimentos foram fechados, ligados Banca Aliança, Aky Loterias, Banca Paraibana e Banca Sonho Real.

Do JC