Projeto de Humberto pune chefes do Executivo por desvios no SUS

A proposta do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que torna os chefes do Poder Executivo da União, dos Estados e dos municípios gestores solidários do Sistema Único de Saúde (SUS) – ao lado dos diretores do sistema – será enviado ainda esta semana à Câmara dos Deputados. Aprovado ontem, em caráter terminativo, pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, o Projeto de Lei nº 174/2011, relatado por Wellington Dias (PT-PI), foi aprovado por unanimidade e segue para análise dos deputados federais.

De acordo com Humberto, as promessas feitas por um presidente, governador ou prefeito que envolvam o SUS deixarão de ser apenas uma carta de intenções para se transformar em obrigação. Para o cumprimento das responsabilidades, pactos federativos poderão ser feitos para possibilitar a gestão cooperativa do SUS, firmados por comissões intergestoras tripartite (União, Estados e municípios), no âmbito nacional, ou bipartite (Estados e municípios), no campo estadual.

“Os acordos que são feitos hoje e que têm um aspecto meramente informal passam a ter força de contrato. Por exemplo, se estabelecermos uma meta para o Brasil de reduzir a mortalidade infantil e um determinado município se comprometer a reduzir o problema em 10% num período de cinco anos, isso deixa de ser uma mera intenção e passa a ser um contrato que terá que ser cumprido”, explica.

Caso no decorrer do período estabelecido os gestores avaliarem que não será possível cumprir a meta, o texto da proposta prevê, porém, a possibilidade de mudanças no termo de ajuste celebrado entre as partes.

Cada um dos entes da Federação terá que fazer a sua parte em benefício da população para escapar das sanções da proposta. No exemplo citado pelo senador sobre a redução da mortalidade infantil, o Ministério da Saúde seria o financiador, a secretaria de Saúde do Estado contrataria profissionais e ofereceria treinamento e o município seria executor da ação.

Como sanção para coibir as infrações, estão previstas advertências e multas que variam de 10 a 50 vezes o valor do salário mínimo aos gestores. Humberto explica que, atualmente, quando um município deixa de cumprir suas responsabilidades, a única punição possível é a suspensão do repasse de recursos para a cidade. “Mas quem é prejudicado? É o prefeito? É o secretário? Não, é a população”, ressaltou.

“A nossa avaliação, assim como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tem esse entendimento, é de que os gestores também precisam cumprir determinadas responsabilidades no SUS. O que nós estamos tentando transpor para a política de saúde é aquilo que a LRF conseguiu com muito sucesso fazer em relação às contas públicas”, resume.

O parlamentar reconhece que o orçamento público não é suficiente para atender as determinações constitucionais e da Lei Orgânica da Saúde para o atendimento da população. No entanto, Humberto ressalta que os problemas do funcionamento do sistema de saúde também passam pela gestão, alvo da proposta.

Rombo de R$ 80 milhões: secretário depõe no Fórum de Caruaru

O secretário da Fazenda de Caruaru, Carlos Veras, foi ouvido na tarde de hoje na qualidade de testemunha do Ministério Público em um processo que apura possíveis irregularidades na prefeitura em 2007, época em que os gestores eram Tony Gel (deixou o Palácio Jaime Nejaim para disputar um mandato de vereador) e Neguinho Teixeira, então presidente da Câmara e que assumiu os destinos do município por nove meses, entre março e dezembro daquele ano.

O processo, de número 0002932-30/2011, está sendo tocado pela Corregedoria Auxiliar da 3ª Entrância, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, e tem como objetivo passar a limpo possíveis desvios de recursos no pagamento a empresas que prestavam serviço ao município. O hoje deputado Tony Gel (PMDB) tentou ser ouvido em Recife por ter foro privilegiado, mas o pedido foi indeferido e ele deverá comparecer ao Fórum de Caruaru na manhã desta terça-feira (25).

Quando assumiu a prefeitura das mãos de Neguinho Teixeira, o prefeito José Queiroz (PDT) apontou um rombo de R$ 80 milhões, boa parte ligada a débitos da previdência, além de alguns pagamentos sob suspeita. Na época, a administração municipal havia detectado que alguns prestadores de serviço estavam com documentação irregular, com algumas dessas empresas sendo consideradas fantasmas.

Em parte do processo consta ainda a suspeita de irregularidades em relação a uma empresa com CNPJ voltado para o setor de confecções que havia vendido material de escritório para a prefeitura. Em outro levantamento feito em 2008, foi descoberto também que uma outra companhia, que estava com o CNPJ cancelado, emitiu várias notas e recebeu dinheiro do município.

Hoje pela manhã, o juiz corregedor decretou segredo de Justiça e impediu que a imprensa pudesse acompanhar os depoimentos. Já está certo, porém, que próximo a ser ouvido será o ex-secretário da Fazenda e atual presidente da Fundação de Cultura e Turismo, André Alexei Lyra.

Operação em Bezerros combate desvios de água das barragens

Preocupada com a estiagem que já começa a afetar agricultores e comunidades rurais de Bezerros, a prefeitura está realizando fiscalizações para combater desvios de água de barragens da região. A primeira ação ocorreu na semana passada em Sapucarana e Encruzilhada de São João.

Foram identificados desvios de abastecimento com bombas d’água nas barragens Poço de Areias e no popular “Açude do Governo”, ambos nas proximidades do distrito de Sapucarana. Os reservatórios abastecem a comunidade local e o bairro de Encruzilhada. A equipe de fiscalização retirou seis bombas e conversou com moradores de mais de 20 propriedades.

A ação foi realizada com autorização do Ministério Público e o auxílio da Compesa e Polícia Militar. “Vamos continuar esse trabalho. Nossa preocupação é garantir o menor sofrimento possível dos moradores da zona rural com a falta d’água”, disse o secretário de Infraestrutura, Josevânio Miranda.