MP investiga se doleiro pagou propina a obras em SP

O Ministério Público de São Paulo abriu investigações para apurar se o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, intermediou o pagamento de propinas a agentes públicos em contratos de obras no Estado. Os primeiros alvos serão projetos da Sabesp, do Metrô e de refinarias da Petrobras em São Paulo. A Promotoria terá como base a planilha apreendida em março pela Polícia Federal em um imóvel de Youssef que indica obras em território paulista e outros Estados.

A tabela com 34 páginas e 747 obras menciona as empreiteiras ligadas aos projetos e valores que, segundo os promotores paulistas, podem ser de suborno.

As primeiras análises do material levaram a Promotoria a dividir a apuração em três partes.Uma delas terá como foco a Sabesp e terá como base três citações à companhia de saneamento controlada pelo governo paulista.  Outra frente será relativa ao Metrô paulista. A planilha relaciona a estatal de trens de São Paulo a um negócio descrito como ‘Obra Vila Prudente’ e à quantia de R$ 7,9 milhões. A terceira linha de investigação reunirá obras da Petrobras em São Paulo. (Da Folha de S.Paulo)

Senha liberava dinheiro enviado pelo doleiro Youssef

Como integrantes de um clube secreto, os beneficiários das “malas” enviadas pelo doleiro Alberto Youssef eram obrigados a dar uma senha previamente informada pelo esquema antes de embolsar o dinheiro. Ao fazer as entregas, os subordinados de Youssef recebiam um endereço, um nome, o horário e uma senha de controle a ser exigida na hora da entrega.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a um bilhete para a entrega de R$ 40 mil a um executivo em São Bernardo do Campo (SP). No papel, está escrito “senha: Feliz 2014″, frase que o enviado de Youssef deveria ouvir antes de entregar os valores.

As investigações da Lava Jato também identificaram que Youssef e seus subordinados se referiam à propina com apelidos como “carbono, papel, documento, páginas de contrato e vivos”. Conforme um interlocutor do doleiro, a senha só era exigida quando a entrega era para clientes “novatos”.

O bilhete orienta a entrega de R$ 40 mil ao engenheiro Ricardo Kadayan, da Ductor Implantação de Projetos Limitada. O bilhete informa um endereço e o horário das 14h às 16h. Não há comprovação de que o dinheiro foi entregue. Kadayan afirmou que o endereço é o de sua residência, mas negou conhecer Youssef ou qualquer entrega de dinheiro. “Eu não tenho nada a ver com isso. Desconheço qualquer assunto a respeito.”

O bilhete não cita a Ductor, que atua em áreas como fiscalização e supervisão de projetos, obras e serviços de engenharia. A empresa disse não conhecer o doleiro. Nem Kadayan nem a Ductor são investigados pela PF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Youssef está consciente e orientado, diz boletim

O doleiro Alberto Youssef apresenta quadros clínico e cardiológico estáveis, informou boletim médico do hospital Santa Cruz, onde ele está internado em Curitiba desde o sábado. O documento, divulgado às 11h30 desta segunda-feira (27), diz que Youssef está “consciente, lúcido e orientado”. O boletim, assinado pelo cardiologista Rubens Zenobio Darwich, afirma ainda que os exames apontam quadro de normalidade do paciente.

Neste domingo, a Polícia Federal desmentiu boatos de que o doleiro havia morrido e informou que ele poderia ter alta até terça-feira. Ainda segundo a PF, depois de sair do hospital Youssef deve retornar à carceragem da PF na Superintendência Regional em Curitiba.

Youssef passou mal no sábado, dois dias depois de a revista Veja publicar que ele teria afirmado à PF que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff sabiam do suposto esquema de corrupção na Petrobras. Ele tem problemas cardíacos e já havia apresentado quadro similar em outras duas ocasiões. Em nota divulgada no domingo, a PF informou que o doleiro teve uma “forte queda de pressão arterial causada por uso de medicação no tratamento de doença cardíaca crônica”.

Blog da Folha

Humberto pede à CPI convocação de doleiro

Convocado pela CPI da Petrobras por requerimento do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o ex-diretor de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto da Costa, depôs por mais de quatro horas em uma sessão na qual ele negou que exista uma organização criminosa dentro da empresa, como afirma parte da oposição. Segundo o ex-diretor, a estatal é “extremamente séria e extremamente competente” e os órgãos de investigação “podem fazer auditoria de 50 anos que não vão achar nada de errado” na empresa. Foi a primeira vez que Paulo Roberto falou publicamente sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que resultou para ele em 59 dias de prisão.

Ao fim da sessão, o líder do PT avaliou que as respostas dadas pelo ex-diretor de Abastecimento foram satisfatórias. “Vamos agora confrontar o que ele disse aos documentos que começam a chegar e avaliar se há brechas ou pontos não esclarecidos no depoimento”, argumento Humberto. “O importante é que a CPI do Senado está avançando rapidamente nos trabalhos.”

De acordo com Humberto Costa, a CPI da Petrobras deverá convocar, proximamente, o doleiro Alberto Youssef, apontado pela PF como o principal operador do esquema de lavagem de mais de R$ 10 bilhões.

O ex-diretor da Petrobras iniciou o depoimento fazendo um breve histórico da sua carreira na empresa. Sobre Pasadena, disse que não participou das negociações para a compra da refinaria no Texas (EUA), mas que acreditava que a aquisição da unidade, naquele momento, foi um bom negócio para a Petrobras.

Em relação à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, assegurou que não houve superfaturamento e sobrepreço em relação aos custos da obra, como apontou o Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo ele, o que houve foi um erro da Petrobras ao divulgar o valor do empreendimento ainda na fase inicial, sem projeto e licitação.