Da Agência Brasil
O consumo de energia elétrica no Brasil fechou 2015 com queda de 2,1% sobre 2014. Segundo dados da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, divulgada na última segunda-feira (1º) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foram demandados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) no ano passado 464,7 mil gigawatts-hora (GWh). Segundo a EPE, a queda reflete a redução de 5,3% do consumo da indústria, em quase todos os seus segmentos, em decorrência do cenário econômico desfavorável ao longo do ano.
O consumo residencial também fechou os 12 meses do ano passado com queda, de 0,7%, influenciada pela alta das tarifas, registrando a maior redução desde 2004. A única classe que registrou expansão no consumo foi o segmento comercial, que apresentou um resultado positivo de 0,6%, ainda assim “muito aquém do desempenho registrado nos últimos cinco anos”, de acordo com a EPE.
No último mês do ano passado, o consumo residencial caiu pela primeira vez desde o racionamento em 2001, apresentando recuo de 0,3% em relação a dezembro de 2014. A indústria teve queda de 8,4% no período e o comércio encerrou o mês em queda de 0,2%, na mesma base de comparação. “Pela primeira vez depois do racionamento de 2001, o consumo médio nas residências brasileiras em dezembro de 2015 registrou retração. Tal resultado se deve à combinação de aspectos, tais como o quadro econômico adverso, elevação da tarifa média de eletricidade ao consumidor, esta impactada tanto pelo índice de reajuste superior a 40% em algumas distribuidoras do país quanto pela incidência da bandeira vermelha nas contas de eletricidade durante o ano de 2015”, justifica a EPE.
Na avaliação da empresa, “as condições desfavoráveis de emprego, renda e crédito foram determinantes para a não aquisição de novos eletrodomésticos pelas famílias: as estatísticas da PMC/IBGE (Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o volume de vendas desses equipamentos reduziu-se 12,4% no ano (volume acumulado até novembro)”. A expansão de unidades consumidoras residenciais também ficou aquém da média histórica de 3,5%, desde 2004. Em 2015, 1,6 milhão de novas unidades foram acrescidas à base, o que significa um crescimento de 2,5% em relação a dezembro de 2014.
Na classe comercial, o resultado verificado em 2015 (aumento de 0,6%) ficou longe da expansão que vinha sendo registrada nos últimos cinco anos (superior a 6%, em média), o que, para a EPE, confirma o enfraquecimento da atividade comercial e o recuo de investimentos no setor. Em termos regionais, coube ao Nordeste a principal contribuição para o resultado ainda positivo no comércio. Na região, que responde por 15% da classe comercial do país, o consumo cresceu 4,3%. A EPE atribui o aumento à maturação de investimentos no setor como um todo, que foram se concretizando ao longo do ano, sobretudo no primeiro semestre.