Jamais cogitei uma candidatura à Presidência, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na tarde desta quinta-feira (3), que jamais cogitou voltar à Presidência da República. A nota escrita é uma resposta à campanha lançada pelo chefe de gabinete dele na época que comandou o governo federal, Xico Graziano, chamada de “Volta FHC”.

“A propósito de comentários sobre uma eventual candidatura à Presidência esclareço, do exterior, onde me encontro, que jamais cogitei dessa hipótese nem ninguém me consultou sobre o tema”, escreveu o ex-presidente em texto publicado em sua página oficial no Facebook. Graziano, que ainda atua como assessor de FHC, havia dito à reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” que avisou Cardoso sobre a iniciativa.

O ex-presidente reforçou que apoia que o governo atual seja conduzido até o fim do mandato, em 2018. Seu assessor defendeu que, se a chapa Dilma-Temer for cassada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), FHC é favorito para ser eleito pelo Congresso.

“Minha posição é conhecida: nas circunstâncias, o melhor para o Brasil é que o atual governo leve avante as reformas necessárias e que em 2018 possamos escolher líderes à altura dos desafios do País. Precisamos superar a crise financeira para criar empregos e para que o povo viva em uma sociedade próspera e decente”, disse FHC.

FHC não quer ver Lula preso; “Decisão é com a Justiça”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não gostaria de ver o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser preso, mas que esta decisão compete a Justiça.

Segundo o tucano, o PT sem Lula seria apenas um partido de médio porte.

Mas com Lula à frente, o PT acabou virando “um perigo nacional”.

FHC, que participou do seminário “E Agora, Brasil?”, promovido pelo jornal O Globo, lembrou, ainda, que Lula foi o primeiro líder operário a chegar a Presidência da República, mas que acabou por adotar a forma tradicional de fazer política.

Temer tenta reconquistar PSDB via Fernando Henrique

A visita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao presidente Michel Temer, em Brasília, a convite, não foi apenas um reencontro de amigos e para o chefe da nação ouvir dicas de quem passou pelo cargo.

A interlocução com o PSDB no Congresso voltou ao zero, e nem Temer tampouco os ministros conseguiram a reaproximação com Aécio Neves, que desconfia de que o PMDB não vai cumprir acordo para 2018. O PMDB precisa hoje do PSDB na base para aprovar projetos importantes.

Ao nivelar a interlocução ‘por cima’, Temer pode ter piorado a situação. Mas ao lado dele estão os ministros tucanos Bruno Araújo (Cidades) e José Serra (Itamaraty) para tentar aparar as arestas dentro do tucanato.

O acordo informal do PMDB com PSDB é Temer apoiar o senador tucano na candidatura à Presidência em 2018 e indicar um vice. Se Aécio se confirmar candidato.

FHC prevê prisão de Lula e admite fim do PSDB

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos principais articuladores do golpe de 2016, admite que seu próprio partido, o PSDB, é parte da “velharia da política”. “Parece, infelizmente me parece [que PSDB e PT integram a velharia]”, disse.

“Infelizmente, nós não fomos capazes de superar esses entraves enormes, que eu chamo de atraso. Não é direita e esquerda. É outra coisa, é cultural. São pessoas que querem tirar proveito do Estado”, comentou, em entrevista ao jornalista Josias de Souza, do portal UOL, publicada nesta quarta-feira 7.

Sobre o ex-presidente Lula, ele diz não acreditar na versão do petista sobre o sítio em Atibaia e o apartamento no Guarujá. “É difícil colar”, diz FHC. “É difícil porque houve uso reiterado dos bens. É claro que a Justiça vai ter que provar. Às vezes não é fácil provar”, acrescenta.

Recentemente, o tucano foi acusado pela ex-amante, Miriam Dutra, de ter apartamentos em Paris e Nova York, além de uma fazenda em Minas, em nome de um laranja.

Ele prevê ainda a prisão de Lula. Em sua opinião, há dúvida de que “há o risco” de Lula ser remetido à cadeia. “Risco não só para ele, para todos nós, pelas consequências disso”, afirma.

A eventual prisão de Lula, segundo FHC, será “uma questão delicada do ponto de vista político”. “Imagino que os procuradores e os juízes estão numa situação complicada, porque eles têm a lei. Se houver fatos, o que o juiz vai fazer?”, questiona.

O ex-presidente prevê no Brasil o surgimento de um populista como Donald Trump. “Pode [surgir um Trump], porque a descrença nos partidos é muito ampla, sobretudo nos mais jovens”, afirma. “Há uma desconexão. É mundial. Para dizer de uma maneira mais genérica: a democracia representativa liberal está em crise porque não há mais essa conexão entre classe, partido e poder”.

FHC fala de pedaladas e impeachment em entrevista

Ex-presidente da República entre 1995 e 2003, Fernando Henrique Cardoso concedeu neste fim de semana entrevista à principal rede notícias do mundo árabe, al-Jazeera, para tratar do cenário político brasileiro.

A entrevista, conduzida ao vivo pela internet, foi ao ar durante o programa UpFront, comandado pelo jornalista Mehdi Hasan.

Cardoso respondeu os questionamentos de Hasan diretamente de seu escritório em São Paulo, tratando dos critérios das pedaladas fiscais que resultaram no afastamento de Dilma Roussef da presidência, além de fazer comentários sobre o Congresso Nacional e sua própria gestão à frente do gabinete presidencial.

FHC afirmou que o impeachment de Dilma foi pautado pela insatisfação popular, citando as manifestações públicas contrárias à gestão petista.

Mirian Dutra depõe na PF sobre envio de dinheiro por FHC

Fernando-Henrique-Cardoso-FHC

Do Estadão Conteúdo

A jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve um relacionamento extraconjugal nos anos 90, prestou ontem, 7, um depoimento de mais de cinco horas na sede da Polícia Federal em São Paulo.

Ela chegou por volta das 14h para depor em investigação sobre suposta evasão de divisas do ex-presidente tucano para pagamento de pensão, por meio da empresa Brasif S.A. Exportação e Importação. A jornalista estava acompanhada de seu advogado José Diogo Bastos.

Mirian saiu por volta das 20h sem falar com a imprensa. O inquérito na Polícia Federal foi aberto no dia 26 de fevereiro. O objetivo da PF é apurar as declarações de Mirian ao jornal Folha de S.Paulo e verificar se houve mesmo evasão de divisas.

Segundo ela, a Brasif foi o canal usado por FHC para enviar dinheiro ao exterior, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, assinado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.

A empresa nega que tenha feito a contratação a pedido de FHC. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 19 de março, o ex-presidente afirmou que nunca remeteu divisa por meio da Brasif e que considera “bom” o andamento do inquérito.

“Eu acho bom (a investigação), para acabar com as suspeitas que foram lançadas por uma única pessoa, sem nenhum documento, nem nada”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FHC diz que denúncias de ex-namorada são “invenções”

Do Blog do Magno

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou, nesta segunda (22), como “invenção” e “coisas menores” as denúncias de ele que teria usado a Brasif S.A. Exportação e Importação para enviar ao exterior dinheiro para a jornalista Mirian Dutra, com quem manteve um relacionamento extraconjugal, e para o filho dela, Tomás Dutra.

O caso foi revelado por Mirian Dutra à Folha. É a primeira declaração pública de FHC sobre o caso.

“Não tem fato. O que foi que eu fiz de errado? Nada. Vocês estão insistindo em um tema que não existe”, disse. “É invenção, não sei de quem. São coisas menores. Estou preocupado com o Brasil.”

FHC disse ainda não ter “denúncia nenhuma” e que a própria empresa disse que não é verdade.

Ele afirmou ainda não nada a “temer e esconder” e voltou a afirmar que a relação com a jornalista “pertence ao âmbito pessoal”.

JOÃO SANTANA

FHC afirmou que, se as investigações sobre o marqueteiro João Santanaalcançarem a campanha presidencial de Dilma Rousseff, “é possível” que volte a ter força no Congresso o pedido de impeachment da presidente.

“Não sei qual é o grau de extensão do que está aparecendo, se alcança ou não a campanha da presidente Dilma. Se alcançar, doa a quem doer. Não tem jeito”, disse.

O ex-presidente, que participou do último ato da pré-campanha do vereador Andrea Matarazzo a prefeito de São Paulo pelo PSDB, afirmou ainda esperar que “se desfaça essa organização criminosa” que está no poder e disse ter “pena” do que está acontecendo no Brasil.

O ex-presidente disse ainda que o pedido de prisão do marqueteiro reforça a tese do PSDB, que pede a cassação da chapa da presidente e de seu vice, Michel Temer, no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“Se aparecer alguma coisa como estão dizendo, é claro [que reforça]”, disse. “Mas sou prudente. Nunca avanço o sinal sobre pessoas que estão sendo acusadas. Vamos ver o que tem. O que já apareceu é suficiente para todos sabermos que deste jeito que está não dá. É preciso que tenham lideranças que sejam confiáveis ao país.”

Classificando o momento político do país como “um desastre”, FHC disse que “não se pode tampar o sol com a peneira”. “Alguns dizem que estamos no fundo do poço, outros que dizem que tem um alçapão.”

PRÉVIAS

FHC participou ao lado de outros caciques tucanos, como os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, além do ex-governador Alberto Goldman, do ato em apoio a Andrea Matarazzo nas prévias do PSDB que definirão o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, no Circolo Italiano.

O vereador disputa a indicação interna com o empresário João Doria e o deputado federal Ricardo Tripoli.

Chamado a discursar, o ex-presidente foi saudado pela militância tucana com gritos de “FHC, tucanos de verdade têm orgulho de você”.

Aos correlegionários, o ex-presidente fez um discurso inflamado e afirmou que a “união entre incompetência e corrupção” destruiu o Brasil.

“Quase tudo que construímos está sendo destruído. A união entre incompetência e corrupção levou o Brasil às cordas. Mas o Brasil é forte e vai sair das cordas e nós vamos voltar a governar o Brasil”, disse.

“Vamos ter um país decente, digno de ser vivido como os brasileiros são. Os brasileiros não são isso que está aparecendo aí. Isso é o lixo, é a escumalha.”

Denúncia contra FHC acirra briga entre PT e PSDB

Do Congresso em Foco

As declarações da ex-repórter da TV Globo Mirian Dutra sobre a mesada de US$ 3 mil que recebia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a relação amorosa que os dois mantiveram durante o mandato de FHC foi um dos assuntos que movimentaram Brasília nesta quinta-feira (18). A oposição se recusa a comentar as declarações de Mirian, alegando se tratar de um assunto de foro íntimo e que diz respeito apenas ao ex-presidente tucano e à sua família. Mas há governistas que prometem aprofundar informações. O objetivo deles é lançar luz sobre a forma com que Fernando Henrique enviava dinheiro ao exterior para auxiliar nas despesas de Miriam com o filho, Tomás Dutra, e investigar se houve irregularidades no caso.

Vice-líder do governo na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS) ressalta que não interessa ao público a relação extraconjugal mantida pelo ex-presidente, mas sim os repasses que eram feitos a Miriam Dutra, que morava na Europa. Ao Congresso em Foco, o deputado indicou algumas das informações que serão consideradas para explorar o caso e verificar se houve desvio de conduta por parte de Fernando Henrique Cardoso. “Existem alguns caminhos que podem nos levar a revelações mais relevantes para o poder público. Como, por exemplo, a ligação da Brasif S.A. Exportação com a Rede Globo”, adiantou o petista, referindo-se à empresa que, segundo Mirian, FHC usava para enviar recursos para o exterior. O tucano nega ter recorrido ao grupo para remeter valores para fora do Brasil.

Os petistas comparam o caso de FHC com as revelações da jornalista Mônica Veloso, que ainda ameaçam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na Justiça. O senador é acusado de desviar dinheiro da verba indenizatória para pagar R$ 16,5 mil por mês à jornalista, com quem tem uma filha. O repasse era orquestrado pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Junior, uma das investigadas na Operação Lava Jato. A investigação também analisa os R$ 13,2 milhões em emendas parlamentares que Renan destinou a uma obra feita pela Mendes Junior no Porto de Maceió.

Já os correligionários de Fernando Henrique optam por não comentar abertamente as acusações contra o ex-presidente. O deputado Fábio Sousa (PSDB-GO) insinuou que a entrevista de Miriam seria uma forma de tirar o foco das acusações contra PT e o ex-presidente Lula. O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) se recusa a comentar o caso porque, segundo ele, “é de foro íntimo e pessoal. E diz respeito apenas a Fernando Henrique e seus familiares”.

De acordo com especialistas, Fernando Henrique não pode ser condenado por ter enviado dinheiro ao exterior através de empresas particulares. Entre eles há o consenso de que se trata de uma prática imoral, mas não ilegal. Por outro lado, caso ainda mantivesse algum cargo público, o ex-presidente poderia vir a ser processado por tráfico de influência.

O caso

O depoimento de Miriam Dutra foi publicado no jornal Folha de S.Paulo. A jornalista, revelou detalhes de um contrato fictício que mantinha com a empresa Brasif, articulado para financiar os gastos com o filho dela, Tomás Dutra, que o ex-presidente Fernando Henrique trata como filho.

De acordo com o contrato, a jornalista Mirian, ex-funcionária da Rede Globo de Televisão, ficaria responsável por executar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”, além de fazer prospecções “tanto em lojas convencionais como em duty free shops etax free shops” em países europeus. Tais informações deveriam ser repassados à Brasif, que naquela época explorava free shops – lojas com isenção de impostos – em aeroportos brasileiros.

Porém, apesar das designações de função postas em contrato, Mirian afirma que “jamais pisou” em uma loja, duty free ou não, para trabalhar. Ela declarou ainda que a remuneração mensal acertada no contrato, de US$ 3 mil, serviu para complementar a renda familiar.

O filho

Nas décadas de 1980 e 1990, quando FHC despontou nacionalmente na política, ele e Mirian tiveram um caso extraconjugal – o ex-presidente sempre foi casado do Dona Ruth Cardoso (1930-2008). Na época, Mirian engravidou e, desde então, rumores sobre a possibilidade de o ex-presidente ser o pai da criança se multiplicaram. Há mais ou menos 30 anos, um filho fora do casamento poderia significar uma ameaça aos planos de ascensão do tucano à Presidência da República, e então ele pediu que a TV Globo a transferisse para Portugal.

Embora não tenha registrado Tomás, FHC diz manter relação de pai para filho com ele, e garante sempre ter ajudado no sustento do rapaz no exterior. Em 2009, a Folha publicou reportagem dizendo que o tucano quis reconhecer a paternidade na Espanha, onde Mirian e Tomás viviam. Mas dois exames de DNA, ambos contestados pela jornalista, não reconheceram FHC como pai de Tomás.

Segundo FHC, o resultado dos exames não interferiu em sua relação com o filho de Mirian. “Eu sempre cuidei dele”, declarou o tucano ao jornal em 2009.

Jornalista diz que FHC pagou para ela fazer dois abortos

Do Diario de Pernambuco

A jornalista Mirian Dutra, de 55 anos, ex-repórter da TV Globo, concedeu entrevistas ao jornal Folha de S.Paulo e à revista BrazilcomZ, publicada na Espanha, nas quais fez críticas pesadas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem manteve um relacionamento amoroso.

À revista, Mirian afirmou que não acredita no resultado do teste de DNA segundo o qual FHC não é o pai de seu filho, Tomás, hoje com 24 anos.

“Eu acho que é mentira, porque eu só vi um documento, mas todo mundo pode enganar com um DNA. Ninguém questionou. Meu filho fez um exame, ele estava em um alojamento nos Estados Unidos, ‘você não pode contar pra sua mãe’. Fizeram escondido de mim, eu nunca proibi que fizessem DNA, nunca proibi absolutamente nada, ao contrário, eu sempre incentivei que fizesse, que tivesse contato, essa coisa toda”, disse Mirian.

À Folha de S.Paulo, Mirian diz que FHC pagou por dois abortos realizados por ela, além de bancar despesas do filho Tomás no exterior através de uma empresa durante o período dos mandatos de Cardoso (1994-2002).

Garantindo ter como comprovar o que afirma, Mirian, que conheceu o ex-presidente há 31 anos, disse que não quer “morrer amanhã e tudo isso ficar na tumba”. “Eu quero falar e fechar a página”, enfatizou.

Em um trecho da entrevista, Mirian revela momentos de quando conheceu FHC, em janeiro de 1985. “[Foi] quando Tancredo estava no hospital […]. Logo que a gente se conheceu, um mês depois, ele disse pra mim ‘Vai ter espaço para mim. Eu tenho que ser presidente. Só eu tenho capacidade para levar este país'”.

Dois abortos
Mirian revela que Fernando Henrique pediu e pagou para realizar dois abortos. “Pediu [para abortar]. Óbvio. ‘Eu te pago o aborto agora’, disse. Durante os seis anos com ele, fiquei grávida outras duas vezes, e abortei”, afirma.

“Quando eu disse que estava grávida, ele disse ‘você pode ter este filho de quem quiser, menos meu’. Eu falei: ‘não acredito que estou escutando isso de uma pessoa que está há seis anos comigo'”, conta Mirian.

A jornalista prossegue. “Eu não queria ter outro filho, tinha minha filha, estava muito feliz. Nunca pude tomar pílular ou colocar DIU porque tenho problema de rejeição a hormônio que venha de fora. Ele sabia disso”.

Anos seguintes
A reportagem questionou se o casal ficou sem se falar até o nascimento de Tomás. “Ele foi duas ou três vezes na minha casa. Quinze dias após o nascimento, foi me visitar”. Entretanto, a jornalista tinha decidido a ir embora do Brasil. “Aí eu antecipei todos os meus planos e meio que fugi mesmo. Lembro do impeachment do Collor, vi esse homem [Fernando Henrique] lambendo as botas do Itamar Franco, que ele criticava a vida inteira. Fui buscar trabalho em Portugal”. Mirian diz que recebeu ajuda do ex-senador Jorge Bornhausen, seu amigo em Santa Catarina.

Falta de reconhecimento e custeamento de Tomás
“Nunca o fez”, diz Mirian, ao ser questionada se FHC reconheceu Tomás como filho. “Em 2009, ele foi para os EUA e simplesmente colocou na cabeça do Tomás que ele não poderia contar para mim, mas que iriam fazer um DNA. Ele visitava o Tomás nos EUA depois da Presidência. Mas nunca foi criado com pai nenhum”.

A jornalista conta mais da relação de FHC com Tomás. “Quando Tomás fez três anos, aceitei que ele pagasse o colégio, pois queria que ele estudasse em um bom colégio”.

Permanência na Europa
Mirian saiu de Portugal e foi para Barcelona, na Espanha. “É quando eu digo que fui exilada, porque eu queria voltar pro Brasil e não permitiram”.

A Folha questionou quem não permitiu. “Antônio Carlos Magalhães (ex-senador da Bahia) pediu para que eu não voltasse para o Brasil”. ACM e seu filho, Luís Eduardo, diziam para ela ficar longe. “Diziam ‘deixa a gente resolver essas coisas aqui'”.

Denúncia
Mirian Dutra diz que, por meio de uma empresa, FHC mandava dinheiro para ela. “Não sei se posso falar. Não quero falar. Foi por meio de uma empresa que ele bancou [o filho Tomás no exterior]”.

Perguntada se possui como provar, ela confirma. “Tenho, tenho contrato. Tudo guardado aqui. Por que ninguém nunca investigou isso? Por que ninguém nunca investigou as contas que Fernando Henrique tem aqui fora? É claro que ele tem contas. Como ele deu, em 2015, um apartamento de 200 mil euros para o filho que ele agora diz que não é dele. Ele deu um apartamento para o Tomás”, questiona.

A versão de FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu à Folha de S.Paulo manter contas no exterior, além de ter mandado dinheiro para Tomás e ter lhe dado de presente o apartamento de 200 mil euros citado por Mirian Dutra.

Segundo FHC, os recursos enviados a Tomás provêm “de rendas legítimas” de seu trabalho, que seriam depositadas em contas legais e declaradas ao imposto de renda.

Fernando Henrique diz que as contas estão “mantidas no BB em Nova York e Miami ou no Novo Banco, em Madri, além de bancos no Brasil”.

O tucano diz que “nenhuma outra empresa, salvos as bancárias já referidas, foi utilizada para fazer esses pagamentos”.

Sobre o DNA, apesar de Mirian negar, FHC afirma que reconheceu Tomás em 2009, mas que fez dois testes nos EUA e que ambos deram negativo. “[Os dois testes comprovaram] que não sou pai biológico do referido jovem”, enfatizou.

Em relação à denúncia dos dois abortos, FHC não respondeu. Apenas declarou que “questões de natureza íntima, minhas ou de quem sejam, devem se manter no âmbito privado a que pertencem”.

Nas redes sociais, FHC rebate denúncia de Cerveró

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais, hoje, para rebater a denúncia do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. À Procuradoria-Geral da República, Cerveró disse que a venda da empresa petrolífera Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) de US$ 100 milhões.

“Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”, disse Fernando Henrique Cardoso.

Em outubro de 2002, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A Petrobras, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.

Neste documento, o ex-diretor não explica para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. O ex-presidente disse que as declarações de Cerveró são vagas. “Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária.”

As informações de Cerveró constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo no Senado. O documento com as declarações de Cerveró é parte do resumo das informações que o ex-diretor prestou à Procuradoria-Geral antes de fechar seu acordo de delação premiada. O papel foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Cerveró.