Mercado estima inflação acima do teto da meta em 2015

Investidores e analistas do mercado financeiro projetam inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,54%. A estimativa está acima do teto da meta, que é 6,5%.

O centro da meta é 4,5%, mas existe uma tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. O IPCA é o índice utilizado pelo governo nas metas de inflação. Na previsão para o crescimento da economia brasileira, o mercado financeiro faz uma estimativa de 0,55%, com a produção industrial em 1,02%.

A taxa básica de juros estimada é 12,5% ao ano.Com a taxa de câmbio prevista em R$ 2,75, o déficit em conta corrente em 2015, um dos principais indicadores das contas externas, ficaria em US$ 77 bilhões, com a balança comercial registrando saldo de US$ 4,83 bilhões e os investimentos estrangeiros diretos de US$ 60 bilhões.

Inflação volta a ficar acima da meta do Governo

A inflação oficial do País, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ganhou força em novembro – e seguiu acima do teto da meta do governo pelo quarto mês seguido.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou em 0,51% em novembro, acima da taxa de 0,42% do mês anterior.

Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,56%. Desde agosto, esse índice se mantém acima de 6,5%, o teto da meta de inflação estipulada pelo governo. Essa meta, no entanto, só vale para anos fechados – ou seja, o governo só terá descumprido a meta se a inflação em 12 meses seguir acima de 6,5% em dezembro.

No acumulado do ano, até novembro, o índice é de 5,58%.
Falando a jornalistas após a divulgação dos resultados do IPCA, o ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou apenas que o resultado “foi bom”.

Pelo terceiro mês seguido, a carne foi o item que mais pesou na alta da inflação em novembro, contribuindo com 0,09 ponto percentual da taxa. Os preços subiram em média 3,46% em novembro, mais que em outubro (1,46%) – e acumularam alta de 17,81% no ano e de 20,56% em 12 meses.

Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do IBGE, a carne representa 2,7% do IPCA. “Isso é muito coisa”, afirmou. “Durante todo o ano a carne exerceu pressão sobre o custo de vida e hoje já estamos perto de 18% de aumento”.

“A seca prejudica os pastos, não há gado suficiente para abate. Além disso, as exportações têm sido muito fortes, principalmente da Rússia, que deixou de comprar dos Estados Unidos para comprar do Brasil. Não só carne, mas queijo e frango. Então, é uma pressão de demanda”, diz a coordenadora do IBGE.

Conta de luz pressiona a inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) teve alta de 0,01 ponto percentual, na segunda prévia do mês, com variação de 0,5% ante 0,49% da primeira prévia. O resultado foi influenciado, principalmente, pelo grupo habitação: os preços subiram de 0,51% para 0,63% puxados pela tarifa de energia elétrica residencial (de 0,44% para 1,53%).

O IPC-S integra o sistema de índices de preços ao consumidor da FGV, que inclui: IPC-DI, IPC-M, IPC-10, IPC-3i e IPC-C1. Apesar de a coleta ser semanal, a apuração das taxas de variação leva em conta a média dos preços coletados nas quatro últimas semanas até a data de fechamento. O intervalo entre o fim da coleta e sua divulgação é de um dia, sendo um dos mais curtos, inclusive para padrões internacionais. O IPC-S permite detectar com agilidade mudanças de curso na trajetória dos preços.

O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre- FGV) indica que quatro dos oito grupos pesquisados nas sete principais capitais do país tiveram acréscimos em comparação à primeira prévia do mês. Além de habitação, houve alta em transportes (de 0,19% para 0,30%), com destaque para a correção de preço da gasolina (de 0,04% para 0,45%).

Também pesaram mais no bolso dos consumidores as despesas em educação, leitura e recreação (de 0,35% para 0,63%) com a passagem aérea mais cara (de -4,54% para 8,95%). Em comunicação, foi constatada ligeira elevação (de 0,22% para 0,23%) com reflexo da mensalidade para internet (de 0,58% para 0,96%).

Nos demais grupos, os aumentos ocorreram com menos intensidade. Em alimentação os preços subiram em média 0,52% ante 0,65% e entre os principais produtos que ajudaram a evitar que a taxa crescesse em ritmo acima da pesquisa anterior foram os laticínios que, na média ficaram 1,6% mais baratos ante uma queda de 0,95.

No grupo saúde e cuidados pessoais, o índice passou de 0,59% para 0,48% e entre os itens que mais contribuíram estão os artigos de higiene e cuidado pessoal (de 0,98% para 0,68%). Em vestuário, a taxa subiu bem menos do que na pesquisa passada (de 0,92% para 0,62%), com os preços das roupas na média em 0,44% ante 0,86%.

E, em despesas diversas, o IPC-S ficou em 0,22% ante 0,24% com expressiva queda no ritmo de correções do serviço religioso e funerário (de 0,54% para 0,20%).

Os principais itens de pressão inflacionária foram: tarifa de eletricidade residencial (1,53%); batata-inglesa (28,91%); aluguel residencial (0,79%); refeições em bares e restaurantes (0,40%) e plano e seguro de saúde (0,69%).

Em sentido oposto os que mais ajudaram a minimizar a alta foram: leite tipo longa vida (-3,82%); cebola (-15,51%); manga (-17,66%); banana-prata (-3,25%) e automóvel usado (-0,43%).

Artigo: Emprego e inflação

Por Aldo Amaral

Desemprego e inflação são eventos que interferem negativamente no bem-estar da população. Sociedades com alta taxa de desemprego, como é o caso de diversos países da Comunidade Europeia, têm bem-estar diminuído.

E o convívio humano pautado na paz passa a correr riscos. Economias com alta taxa inflacionária são caracterizadas pelo baixo consumo e com alto desemprego. Neste caso, pessoas se encontram em estado de desconforto.

São variadas as causas do desemprego: ausência de qualificação profissional, inércia do estado no investimento público e inoperância do poder estatal em incentivar a economia.  As causas da inflação são diversas: aumento do gasto público, mais consumo e menor oferta de produto, baixa produtividade da economia e desatenção dos governos com o controle inflacionário.

Desemprego e inflação são males da economia. Portanto, precisam ser combatidos. Causa-me surpresa, entretanto, ouvir de variados economistas de que para a taxa da inflação brasileira ser diminuída é necessário o aumento do porcentual de desempregados.

Tal raciocínio é esdrúxulo e egoísta. Economistas que defendem o aumento do desemprego como instrumento para o combate a inflação mostram ausência de preocupação com o conforto das pessoas.

A pergunta que deve ser feita é: como combater o aumento do custo de vida? O combate ao aumento dos preços através do incentivo do desemprego gerará males econômicos e sociais. Mais desemprego, menor receita para o estado. Mais desemprego, mais despesas do poder público com o seguro-desemprego. Mais desemprego, menor consumo. Mais desemprego, diminuição do bem-estar das pessoas.

O emprego traz dignidade para as pessoas. O emprego gera sorrisos e alegrias. A inflação proporciona perda do poder de compra, diminuição de agrado, tristeza. Emprego, bem-estar e poder de consumo não combinam com inflação. Porém, não se pode combater a inflação incentivando o desemprego.

O estado deve ofertar, em parceria com a iniciativa privada, qualificação profissional. Com isto, mais produção, mais oferta de produtos e serviços. O estado, em parceria com a iniciativa privada, deve investir em infraestrutura. Por consequência, maior produção, mais empregos, mais renda.

O estado deve priorizar os gastos públicos sem desconsiderar, entretanto, a qualificação dos serviços públicos. Governos que cuidam da sua população combatem a inflação com decisões sábias e não com medidas simplistas que retiram a felicidade e a dignidade das pessoas.

Por Aldo Amaral – Presidente da Força Sindical de Pernambuco