O “New York Times” anunciou, ao divulgar nesta terça (17) um estudo estratégico sobre o futuro do jornal, que separou US$ 5 milhões (cerca de R$ 16 milhões) adicionais para a cobertura do governo de Donald Trump, que toma posse como presidente americano nesta sexta-feira (20). “Nossos leitores têm vindo até nós em quantidades recordes porque sabem que somos uma das poucas organizações de informação com poder e força moral para cobrir todos os aspectos dessa mudança histórica no poder americano”, escreveram em nota o editor-executivo, Dean Baquet, e o secretário de Redação Joe Kahn.
A cobertura “de forma agressiva, justa e implacável” será prioritária —daí os US$ 5 milhões, que vão permitir retratar “com ainda mais ambição a era Trump, em Washington, Nova York, o país e o mundo”, em áreas como impostos, imigração, educação e clima. O projeto é “cobrir Trump e a nova ordem global”, ou seja, além do governo, será “também sobre a estabilidade da ordem global que prevaleceu desde a Segunda Guerra Mundial e sobre o lugar dos Estados Unidos nesse mundo”.
Baquet e Kahn admitem, por outro lado, que serão feitos novos cortes no jornal. “Nada pode disfarçar o fato de que a mudança contínua do impresso para o digital exige uma Redação um pouco menor e mais focada”, afirma a nota. “Haverá cortes de orçamento este ano. Apresentaremos os detalhes nas próximas semanas e meses. Não podemos fingir que estamos imunes às pressões financeiras, mas vemos este momento como um reposicionamento necessário da Redação do ‘NYT’, não como um rebaixamento.”
O “plano de ação” de Baquet e de Kahn prevê desde já a redução nos níveis hierárquicos da Redação, com menos editores, a separação da edição dedicada ao impresso e a contratação de mais 12 jornalistas para vídeo, arte e interação. Parte das ações anunciadas tem relação direta com o estudo estratégico também divulgado nesta terça-feira, intitulado “Jornalismo que se destaca”.
Foi elaborado ao longo de um ano por um grupo de sete jornalistas encabeçado por David Leonhardt, colunista do “NYT”. O estudo diz que o jornal se adaptou ao ambiente digital, com “inovação significativa nos últimos dois anos”, mas “o ritmo tem que ser acelerado”. Entre as recomendações, reportagens mais visuais e com maior participação dos leitores.