Pedro Augusto
As duas iniciativas, até agora presentes, que visam atender as necessidades dos sulanqueiros que atuam no Parque 18 de Maio, no centro de Caruaru, foram lançadas de forma oficial na semana passada, no município. Na noite do último dia (13), no Maria José Recepções II, a Prefeitura juntamente com o Conselho Consultivo e Deliberativo da Sulanca apresentou o projeto da nova Feira da Sulanca. Na noite do último dia (15), no Teatro Difusora, foi a vez de um grupo de empresários divulgar todos os detalhes em relação ao Cidade das Compras. Com o objetivo de registrar as opiniões dos feirantes sobre os dois empreendimentos, a reportagem do BLOG circulou pelas áreas do Parque na manhã da segunda-feira (19).
Em operação há mais de 10 anos na Brasilit, Décio Torres, se mostrou favorável ao projeto da Prefeitura. “Pelo o que pude me informar através imprensa, apesar de ser caro, na nova Feira da Sulanca o box será de propriedade do feirante. Quanto lá no Cidade das Compras poderemos apenas alugá-lo. Eles (empresários) disseram na televisão que o valor do aluguel será de meio salário mínimo. E se quando formos para lá, eles não aumentarem o valor? Prefiro fazer um esforço e ir para o empreendimento da Prefeitura”. Outro a concordar com a proposta da PMC é o sulanqueiro Charles Barbosa. “Só em o projeto ter o nome Sulanca, já quer dizer que será maior do qualquer outro previsto. Se Deus quiser também me mudarei para as margens da BR-104”.
Além da nova Feira, as margens da BR-104 ainda foram escolhidas para comportar o Cidade das Compras. Feirante no setor da antiga Fundac, Joelson de Alcântara, se disse empolgado com a chegada do último empreendimento. “Trabalho há 17 anos na Sulanca e sei muito bem do sofrimento de grande parte da categoria. Depois de usufruir por todos esses anos o dinheiro dos impostos arrecadados com a gente, agora a Prefeitura quer empurrar por goela abaixo esse projeto que só beneficia os empresários ricos. Ainda bem que esse Cidade foi lançado, porque beneficiará verdadeiramente aqueles sulanqueiros que trabalham sol a sol na feira para comer à noite. Tentarei alugar um box lá”.
Há mais dois anos comercializando as suas mercadorias no chão, Francisco da Silva, reforçou as palavras do concorrente. “Coloco meus produtos forrados no chão, porque não possuo condições financeiras de me estabelecer num banco. Gostaria muito de poder me instalar na nova Feira, porém com um valor de R$ 28 mil por box (especulado na cidade) só irei ficar na vontade. Conheço por alto a competência de Lenilson (um dos empresários responsáveis pelo Cidade) e sei que esse novo empreendimento dará certo. Buscarei a minha vaguinha, ou melhor, o meu boxzinho lá”. Chateado com a forma de apresentação da nova Feira, Valderi Antônio, ainda não definiu qual projeto adotar.
“Como é que a Prefeitura e o Conselho da Feira fazem o lançamento de uma obra daquele porte e sequer convidam os mais interessados no assunto: os sulanqueiros. Sim, porque só vi empresário e político na televisão. Assim, fica difícil não optar pelo Cidade das Compras”, criticou. Por telefone, o vice-presidente do Conselho, Pedro Miranda, respondeu ao questionamento do feirante. “Na ocasião, fomos obrigados a convidar apenas 250 sulanqueiros – num montante de 10 mil – porque o local escolhido não comportava tanta gente. Já estamos providenciando uma data para realizar o mesmo lançamento no Espaço Cultural”.
“Quanto ao box no valor de R$ 28 mil ainda não existe nada definido. Neste momento, ainda estamos aguardando o laudo do engenheiro que foi contratado para avaliar alguns custos da obra. Assim que tivemos esse documentos em mãos poderemos dar uma confirmação oficial”, acrescentou o vice-presidente. Sobre os questionamentos a respeito do Cidade das Compras, no lançamento da obra, o empresário Lenilson Tôrres chegou a reiterar que os aluguéis dos boxes não sofrerão reajustes constantes, ou seja, corresponderão a meio salário mínimo.
“Os feirantes só precisarão pagar os aluguéis apenas quando começarem a trabalhar. Os valores mensais corresponderão a meio salário mínimo. Vale ressaltar que o Cidade funcionará durante os sete dias da semana, então, os comerciantes terão oportunidade de arrecadar todo o dinheiro necessário”, disse Lenilson, na ocasião. De qualquer forma, o Blog encontra-se à disposição do empreendedor para quaisquer esclarecimentos.