Opinião: Seca e racionamento de água

Por Demóstenes Veras

A escassez crônica de água tem atingido moradores de várias cidades do Agreste e do Sertão de Pernambuco. Nas duas regiões, a situação atual está bem pior, em comparação ao mês de janeiro do ano passado. A informação é da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que considera complicada a acumulação hídrica em vários municípios do Estado. Nove deles, segundo a agência, possuem reservatórios em estado de colapso – ou seja, secaram totalmente ou estão com baixos níveis de água.

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) também informa que, no Agreste, outras três cidades vivem a mesma situação. Todas estão sendo abastecidas por carros-pipa.  Qual é a novidade deste quadro? Nenhuma. A seca é cíclica.  E a solução por parte da COMPESA? Racionamento! Em Caruaru, a partir de primeiro  de maio, teremos três dias com água e quatro sem água.

Em dezembro de 2013, tivemos a oportunidade de realizar na Câmara Municipal de Caruaru, uma audiência pública para denunciar e tratar desta questão. Mostramos na oportunidade, que a seca é um fator fundamental que afeta diretamente a economia do Estado, fragiliza as famílias no seu dia-a-dia e proporciona inclusive, fome e doenças. Tenho a clareza de que este problema não será combatido nem resolvido apenas com o  gerenciamento do Governo do Estado, mas com ele também. É necessário que as lideranças de Pernambuco pressionem o Governo Federal, porque a seca é uma questão de ausência de uma política nacional de combate e convivência com a mesma, como é o caso por exemplo, de falta de planejamento a atraso em obras importantes como a transposição do Rio São Francisco.

Na esfera municipal é importante que algumas frentes de luta sejam abertas e coordenadas pelo Poder Executivo Municipal. Os nossos irmão da Zona Rural precisam ser melhor atendidos com mais carros-pipa; que poços artesianos possam ser aberto, e que investimentos que não dependam da água possam ser planejados para propor fontes de emprego e renda enquanto a seca permanece.

Demóstenes Veras é Médico e Vereador em Caruaru.

Compesa intensifica racionamento no Agreste

Pedro Augusto

Representantes da Compesa reuniram a imprensa de Caruaru, na tarde de ontem (23), na Acic, para anunciar uma notícia nada agradável às populações que são abastecidas pela Barragem de Jucazinho. Se a situação já se encontrava difícil deverá ficar ainda pior com a intensificação do racionamento de água nos lares de 15 municípios da região Agreste. A justificativa, de acordo com o presidente e diretor da companhia respectivamente Roberto Tavares e Leonardo Selva, se deveu ao fato das chuvas terem caído em menor proporção neste início de ano. Se no dia 1º de abril de 2014, o volume de água da barragem marcava 100.875.462 metros cúbicos, em igual data de 2015 a soma não passava dos 25.715.521 metros cúbicos.

Na prática, isso que dizer que atualmente a Barragem de Jucazinho está operando com apenas 7% de sua capacidade total. “Para se ter ideia, ela tem condições de comportar um quantitativo de água de cerca de 160.000.000 metros cúbicos, porém hoje o volume total encontra-se muito abaixo do necessário. Já vínhamos realizando racionamento nas cidades que são abastecidas por ela, porém diante do agravamento da situação tivemos de aumentá-lo. Com a diminuição da retirada de água da barragem, a expectativa é que em vez dela terminar em um mês agora poderá acabar em quatro. Esperaremos o ciclo chuvoso finalizar para sabermos se conseguiremos acumular água para ser utilizada até o próximo ano”, explicou Leonardo Selva.

Abastecida pela barragem, a Capital do Agreste também terá o seu sistema de racionamento intensificado a partir desta sexta-feira (1º). “Estamos vivenciando há pelo menos quatro anos no nosso estado uma seca bastante severa, então, precisamos nos adaptar. Além das ações colocadas em prática pela Compesa, também é necessário que as populações abastecidas por Jucazinho se conscientize e tente poupar água. Casos de desperdício precisam ser denunciados com maior freqüência bem como os hábitos de consumo têm de mudar. Observamos que hoje muitas pessoas não vivem sem o celular e costumam pagar contas caras pelo serviço, mas em relação à utilização da água não dão o mesmo valor. Isso precisa acabar, porque senão o abastecimento entrará em colapso”, destacou Roberto Tavares.

Governo tira oito municípios da Mata Norte do racionamento de água

O governador Paulo Câmara inaugura, neste sábado (28), a segunda etapa do Sistema de Abastecimento de Água do Siriji, um distrito de São Vicente Férrer, na Mata Norte – a primeira fase foi entregue em abril de 2014. A intervenção, que recebeu R$ 72 milhões de investimento nas duas etapas, representará o fim do racionamento para cerca de 100 mil pessoas que moram na região. Na sua passagem pelo município, o chefe do Executivo estadual também fará vistorias em ações que receberam recursos do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM)
 
O Sistema de Abastecimento de Água do Siriji vai ofertar 300 litros de água por segundo, um acréscimo de 100% na produção. Além de São Vicente Férrer, o empreendimento beneficiará Machados, Macaparana, Aliança, Condado, Itaquitinga, Buenos Aires e Vicência, todos na Mata Norte. Essas cidades estavam com o abastecimento comprometido devido ao crescimento populacional e às limitações dos sistemas existentes. A obra tem recursos do Governo do Estado e do Ministério da Integração Nacional.
 
Antes de entregar o empreendimento no distrito de Siriji, Paulo inspecionará obras de pavimentação no bairro de Limeira, realizadas com R$ 471,2 mil vindos do FEM. A prefeitura também executou outros dois projetos com recursos do Fundo, referentes ao ano de 2013: a construção de uma escadaria no distrito de Siriji (R$ 40 mil) e a construção de um canal de alvenaria de pedras rachão (R$ 333 mil), totalizando R$ 844,2 mil. No FEM 2014, foram disponibilizados R$ 905 mil para o município.
 
MACHADOS – De São Vicente Férrer, Paulo segue para Machados onde inaugura, a Praça São Sebastião, que faz parte do plano de revitalização do centro da cidade. O projeto também foi executado com recursos do FEM, no valor de R$ 112 mil. Além disso, Câmara participa da inauguração do Mercado Multicultural da cidade.  
 
O município teve outros planos de trabalho aprovados na versão 2013 do fundo, que, juntos, totalizaram R$ 703 mil. Trata-se da revitalização e obras de contenção da entrada da cidade, no bairro do Cruzeiro (R$ 180 mil); da construção de um açougue (R$ 332); da requalificação do clube (R$ 38 mil) e da manutenção do Ginásio de Esportes (R$ 41 mil), todos no centro.
 
No FEM 2014, foram protocolados pela prefeitura dois planos de trabalho, totalizando uma soma de R$ 754 mil, para a execução de muro de arrimo e proteção do talude existente no bairro do Cruzeiro (R$ 263 mil); e a pavimentação, drenagem e sinalização de várias ruas dos bairros da Laranjeira, Cohab e Vila Machadinho (R$ 491 mil). No domingo (29), o governador prestigia a Procissão do Domingo de Ramos, em Poção, no Agreste, encerrando a sua agenda do fim de semana.

ONS aponta risco de racionamento de energia

Por ANNA FLÁVIA ROCHAS
Da Reuters

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou a expectativa de aumento de carga de energia no Brasil em fevereiro para uma alta de 15 por cento e o custo de operação do sistema elétrico superou o primeiro patamar de déficit de carga nas regiões Sudeste/Centro Oeste e Sul, numa sinalização de que há necessidade de redução de carga de energia de cerca de 5 por cento.

O aumento de 15 por cento de carga esperada para o Brasil em fevereiro foi divulgado pelo ONS no final da sexta-feira e é mais do que o dobro da estimativa da semana passada, de que a carga subiria 7,1 por cento neste mês na comparação com fevereiro de 2013.

Já o custo marginal de operação médio para a região Sudeste-Centro Oeste e Sul superou o primeiro patamar que indica custo déficit de energia, de 1.364,42 reais por megawatt-hora (MWh), e necessidade de reduzir até 5 por cento da carga.

Para esta semana, esse custo de operação do sistema está em 1.691,39 reais por megawatt-hora para as regiões Sudeste/Centro Oeste e Sul.

“Na semana de 8 a 14 de fevereiro, a previsão é de que ocorra chuva fraca em pontos isolados das bacias dos rios Uruguai e Jacuí. Nas demais bacias hidrográficas de interesse do SIN (Sistema Interligado Nacional) predomina a estiagem”, informou o ONS no Sumário Executivo do Programa Mensal de Operação para esta semana.

O ONS acrescentou que o Sudeste/Centro-Oeste teve o segundo pior janeiro em regime de chuvas para geração de energia pelas hidrelétricas desde 1931 e que, pela previsão revista, no mês de fevereiro esta posição está mantida.

Além disso, o ONS prevê que o Nordeste apresente a menor média mensal de afluência de chuvas para os reservatórios de todos os meses de fevereiro do histórico.

“A revisão das previsões para o mês de fevereiro indicam queda significativa das afluências aos subsistemas Sudeste, Sul e Nordeste”, informou o ONS.

As afluências previstas para o Sistema Interligado Nacional (SIN) reduziram cerca de 7.000 MW médios, assim como a energia armazenada esperada, que sofreu redução adicional de 4.500 MW médios, conforme informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

As previsões para o mês de fevereiro agravam as preocupações em relação ao abastecimento do país já que os reservatórios, principalmente no Sudeste, estão em níveis baixos críticos e continuam a cair.

Os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, os principais para o abastecimento do país, estão em queda desde janeiro, época em que deveriam estar enchendo para sustentar o fornecimento de energia durante o período seco.

Esses reservatórios já tiveram uma queda de 4,66 pontos percentuais desde o fim de dezembro e estão hoje em 38,52 por cento de armazenamento.

Esse armazenamento ainda é maior que o fechado ao fim de janeiro do ano passado, de 37,46 por cento, mas o ONS prevê que esses reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste terminem fevereiro em condições ainda piores, a 35,6 por cento. No final de fevereiro de 2013, os reservatórios dessa região estavam a 45,48 por cento.

Já no Sul, o nível dos reservatórios está em 51,5 por cento, e se a previsão do ONS para o fim de fevereiro se cumprir, estará em 36,8 por cento ao final do mês.

Todas as térmicas do país disponíveis para a operação estão acionadas, conforme indica o custo marginal de operação, que já está superior ao custo de geração da térmica mais cara do país, indicando a necessidade de racionar carga no Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

“Todavia, as regiões SE/CO, NE e N encontram-se em pleno período úmido, o que conduz à expectativa de reversão do atual cenário hidrológico. Assim sendo, a operação do SIN será realizada considerando o pleno atendimento aos requisitos de carga”, disse o ONS no Sumário do PMO, documento disponível em seu site.

A necessidade de redução de carga apontada ocorre após o sistema elétrico nacional como um todo e outras regiões separadamente virem batendo consecutivos picos de demanda de carga de energia.

Na terça-feira, curto-circuitos em linhas de transmissão que trazem energia do Norte para Sudeste do país ainda resultaram em apagão que atingiu diversos estados e cerca de 6 milhões de consumidores.