O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou ontem (17) a nova taxa básica de juros (Selic). Com uma redução de 0,75 ponto percentual, chegando ao mínimo histórico de 2,25% ao ano.
“Acredito que agora estabilize e que o Copom eleve a exigência para novos ajustes, mas não descarto quedas em virtude do cenário incerto que a pandemia ainda produz para a nossa economia”, afirma Daniel Cavagnari, coordenador do curso de Gestão Financeira do Centro Universitário Internacional Uninter. O professor explica que se reduz a Selic com a finalidade de facilitar a retomada da economia, estimular o consumo e a produção de alguns setores.
A Selic é a taxa considerada básica de juros para o governo remunerar os títulos públicos emitidos aos seus credores e o parâmetro do custo dos empréstimos e financiamentos no mercado financeiro. Ela também é usada como base pelos bancos para definirem o preço que irão vender o dinheiro para o consumidor.
Cavagnari explica que a redução da taxa Selic é bastante utilizada para injetar recursos. “O lado bom é a possibilidade de uma redução nas taxas de empréstimos e financiamentos, tanto por parte das empresas produtoras quanto das famílias consumidoras”, exemplifica. Mas a queda também tem suas consequências. “Um volume maior de crédito no mercado irá endividar o consumidor que pode vir a inadimplir no futuro”, comenta.
Juros altos para empresas
Mesmo com este estímulo para a redução da taxa de juros para o público final, um estudo realizado pela startup Capital Empreendedor, com base em dados do Banco Central, constatou que os bancos têm aumentado algumas taxas de juros nas linhas de créditos mais populares para empresas. A pesquisa mostrou que em alguns casos a alta chega a 44% entre o meio de março e o fim de maio – período em que a taxa Selic caiu mais de 30%, de 4,25% para 2,25% ao ano.
Cavagnari comenta que este aumento dos juros em linhas de crédito pode ter ocorrido devido ao período que estamos passando. “A Selic não é o único parâmetro utilizado pelos bancos para definir o preço. Eles também levam em consideração fatores como aumento de risco de inadimplência e questões de mercado de oferta de dinheiro no varejo”, comenta.