As ações do Governo do Estado de Pernambuco para fortalecer os municípios que formam o projeto Rota 104 já tiveram início. Artesanato, cultura, atrativos naturais e históricos, visitas a equipamentos e muitos sabores fizeram parte do roteiro preparado pelas Secretarias de Turismo de Agrestina, Panelas e Lagoa dos Gatos, primeiros municípios a receberem a equipe da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). As primeiras observações foram realizadas nos dias 21 e 22 de outubro e resultarão em um relatório para identificação de necessidades e potencialidades de cada local. Os próximos municípios que receberão a equipe serão Quipapá e Cupira, em data a confirmar, no mês de novembro.
Fizeram parte do grupo a diretora de Estruturação do Turismo de Pernambuco, Daniela Alecrim, o gestor da Unidade de Produtos e Destinos Turísticos Gil Marinho, Júlia Lima de Deus, também membro do mesmo departamento e a Representante do Departamento de Marketing da Empetur, Simone Jar. Durante todo o percurso, os técnicos registraram o roteiro em fotografias e realizaram entrevistas com os envolvidos em todo o processo.
A recepção foi realizada na Secretaria de Cultura, Turismo e Juventude de Agrestina e em seguida todos seguiram até a Igreja Matriz e o Mercado Público Municipal, que também ficam localizados no Centro. Também foram apresentados projetos de estruturação do Mercado e da Praça Padre Cícero, já aprovados e que estão em andamento. Em seguida, o secretário da pasta anfitriã, Josenildo Santos, e a diretora de Turismo, Anayran Santos, os acompanharam até o artesão Eliaquim Antônio, que faz talhas de madeiras encontradas na região da zona rural de Agrestina. Ele apresentou trabalhos em tronco vazado, maciço e ainda explicou o projeto da pirogravura. “Ter vocês aqui não serve somente para Agrestina, Panelas, Cupira ou Lagoa dos Gatos, mas para toda uma região. Quando pensei essa Rota, ainda em 2006, sabia que era possível porque conheço o que temos a oferecer enquanto destino”, afirmou Josenildo.
Atravessando a BR 104, ainda em Agrestina, encontraram com Valmir Reginaldo, que faz esculturas a partir de materiais de ferro reciclados. Em frente ao ateliê/serralharia, tinha pôneis, cavalos de cerca de dois metros e meio de altura, cachorro, pavão e até mesmo um elefante que está sendo finalizado pelo artista. Reginaldo ficou famoso depois de construir cavalos em tamanho real a partir de sucata de ferro soldando uma a uma e formando imagens. Ele atende encomendas de vários lugares do Nordeste.
E como não poderia deixar de ser, todos seguiram para o distrito de Vila de Santa Teresa, a poucos quilômetros de Agrestina. Lá, 13 tendas fabricam cerca de 20 mil chocalhos por semana, de maneira totalmente artesanal. A equipe pôde ver de perto todo o processo, incluindo a queima e a colocação do badalo. O próximo ponto de parada foi a Ponte da Capivara, que completou 70 anos de construída no último mês de agosto. A ponte está sobre o Rio Una e dá acesso da BR 104 até a PE 120.
Menos de 30 quilômetros mais à frente, o destino foi Panelas, com principal acesso via BR 104. Todos puderam assistir a apresentações na praça e conhecer os materiais vendidos na feira de reciclagem antes de seguir a um dos equipamentos turísticos locais, o Rancho Caipira, situado no Brejo João Alves, zona rural. Outra grata surpresa foi encontrar a estrutura antiga do Engenho Amolar, que desde 1853 fabrica a Rapadura Imperial e agora passará a comercializar também uma cachaça artesanal produzida nas terras panelenses. A quarta-feira teve um encerramento digno de muitos cliques do pôr-do-sol, no alto da Serra da Bica. Mas, água mesmo somente na área de lazer montada aos pés da serra e cedida pela Prefeitura a comerciantes que mantém o lugar organizado.
No dia seguinte, o destino dos técnicos da Empetur teve uma pitada de história e natureza através do roteiro de Lagoa dos Gatos, incluindo visita ao Espaço Cultural que reúne toda a história local e ao Centro de Artesanato que evidencia riquezas como a xilogravura cheia e as peças em corda, feitas por artesãos locais. Claro que não pôde faltar a ida até a lagoa que deu nome à cidade e o tradicional passeio de Toyota Bandeirantes até a Reserva Particular de Patrimônio Natural Pedra D’Anta. O lugar é conhecido como um santuário de aves, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o Zidedê do Nordeste. “Mostramos aqui um bom exemplo de agrofloresta. Ou seja, a floresta pode existir com árvores frutíferas, sem a destruição e aqui é uma prova”, explicou o secretário de Turismo de Lagoa dos Gatos, Adeilson Soares. Para coroar o passeio, um banho na Cachoeira do Catucá e o refrescante suco de coco.
Todo o esforço tinha uma motivação: mostrar aos técnicos que o roteiro pernambucano de turismo vai muito mais além do Sol e Mar tão propagado por todo o mundo. E, ao que parece, o objetivo foi atingido. Em reunião no final do roteiro, Daniela Alecrim explicou que será realizada uma avaliação real do que existe enquanto potencial ou produto turístico já consolidado. “Vocês têm sorte de ter pessoas com décadas de experiência no turismo pernambucano fazendo parte dessa equipe que veio até aqui. Nesse relatório constarão orientações para fazer muitas coisas que dependem do Governo Federal, do Governo Estadual ou até mesmo do Municipal. Garanto a vocês que vamos conseguir porque é importante manter esse potencial ativo. O turista já vem a Pernambuco, mas é preciso garantir a permanência dele aqui”, detalhou. A diretora disse ainda que, mesmo há 32 anos trabalhando na Empetur, não tinha conhecimento de muito do que viu durante esses dois dias.
Parte das observações de todo o trajeto foi realizada por Júlia Lima de Deus, há 40 anos lidando diretamente com o turismo em Pernambuco. E, em uma declaração, ela empolgou ainda mais os secretários e diretores de turismo presentes na visita. Julia comparou as potencialidades locais com o que Porto de Galinhas apresentava no passado. “Eu assisti mais de um município tentando se projetar. Um bom exemplo é Porto de Galinhas, que pertence a Ipojuca, eles não tinham absolutamente nada. Por isso, eu acredito plenamente que vocês vão conseguir. Claro que com um trabalho bem estruturado e melhorado”, disse.
Gil Marinho concordou que é necessária uma profissionalização para que existam produtos turísticos de fato. “Eu fiquei encantado e posso dizer que já dá para se captar fluxo de visitantes sim. Mas, o que eu gostaria de salientar é que a união incentivada pela Astur (Associação dos Secretários e Dirigentes de Turismo de Pernambuco) possibilitou que isso pudesse acontecer”, falou. A afirmação do gestor se deve ao fato da Rota 104 ter recebido a chancela da entidade desde o início do projeto.
Viajar internamente é um dos maiores motes de uma campanha que será lançada em breve pelo Governo de Pernambuco e também por esse detalhe a união de esforços foi elogiada por Simone Jar. “Primeiro é preciso ter um atrativo, aqui já tem. Segundo, existe a vontade do município em perseguir esse objetivo, que também já observamos. E essa visão de que ‘juntos somos mais’ foi muito feliz porque a união dos esforços cria um produto muito melhor, muito mais qualificado, em que um complementa o outro dando mais oportunidades de felicidade ao turista e assim fazendo com que ele tenha uma permanência mais duradoura em uma área de circulação que não é muito grande, fato que também facilita a mobilidade”, explicou.
O encerramento das visitas ocorreu no Lar de Glória, localizado em Cupira, também no Agreste. Agora, os secretários anseiam pelo cumprimento do compromisso firmado por Felipe Carreras, secretário de Turismo de Pernambuco, em apoiar o desenvolvimento de material gráfico, a própria divulgação e um lançamento oficial por parte do Governo. De antemão, os folderes informativos sobre a Rota 104 já estão sendo distribuídos nos Centros de Atendimento ao Turista da cidade do Recife. Atualmente, participam da Rota 104 os municípios de Taquaritinga do Norte, Toritama, Caruaru, Agrestina, Cupira, Lagoa dos Gatos, Panelas e Quipapá.