Se não caminhamos muito bem como população na utilização dos recursos naturais, nos não naturais, como o consumo de energia na iluminação, podemos quase que afirmar que estamos até que indo bem. Isso porque, com a introdução do LED nas lâmpadas, o gasto com iluminação caiu significativamente. Uma lâmpada halógena dicroica é substituída hoje por uma similar com a tecnologia LED com 10% a 15% de seu consumo. Logo, não há sentido em utilizar lâmpadas incandescentes em detrimento das mais modernas. E parece que isso as pessoas estão entendendo. Além do mais, está proibida a comercialização desses produtos no Brasil, de acordo com portaria do Inmetro.
Portanto, se você ainda tem em sua sala de estar um teto de gesso com diversas lâmpadas halógenas dicroicas de 35 W ou 50 W, compondo um bonito projeto, mas que consomem muita energia elétrica, não sofra. Sem grande dificuldade, o ideal é trocar todas essas lâmpadas por dicroicas LED, que consumirão muito menos energia, iluminando da mesma forma, e sem a desvantagem do aquecimento excessivo das halógenas.
Conforme o exemplo acima, percebemos que mexer na iluminação para reduzir o consumo é fácil e, atualmente, não é tão caro, mas e o resto da instalação elétrica? Bem, vamos às considerações. A instalação elétrica é dividida em circuitos de iluminação, de tomadas de uso geral e específicos. Nos circuitos de iluminação não é necessário mexer, desde que esteja adequado aos requisitos da norma NBR 5410, onde a definição mais importante é que a seção mínima dos condutores elétricos seja 1,5 mm².
Já os circuitos de tomada de uso geral devem ser feitos com a seção mínima de 2,5 mm². E importante reforçar que nesse caso deve haver um disjuntor, que pode ser unipolar ou bipolar, dependendo de quantas fases é formado o circuito das tomadas. Nessa configuração a tomada deve ser de 10 A, ou seja, cada qual pode ser utilizada por um produto que consuma, no máximo, 10 A.
Lembrando que o consumo de energia é dado pela sua potência elétrica, vale ressaltar que a tomada de 10 A limita a potência elétrica dos aparelhos a serem nela ligados, como, por exemplo, um produto de 127 V possui a potência de consumo limitada a 1.270 W, ou o de 220 V a de 2.200 W. Logo, um aparelho de 5.000 W em 127 V ou 220 V possuirá o mesmo consumo, mas em 127 V a corrente do circuito será maior e em 220 V menor.
Sutis e importantes diferenças
Outro ponto de consumo a ser destacado são as tomadas. Com a introdução no Brasil do novo padrão, hoje notamos alguns impasses. As tomadas de 10 A, que fazem parte do circuito de uso geral, são muito parecidas com as de 20 A, que servem aos circuitos específicos, porém diferentes no diâmetro dos pinos nelas inseridos. Enquanto na 10 A o plugue tem 4 mm diâmetros, na 20 tem 4,8 mm. Dessa forma, os plugues de 10 A podem ser utilizados nas tomadas de 10 A e de 20 A, mas os de 20 A só cabem nas tomadas projetadas para eles, as de 20 A.
O circuito específico é o que alimenta um único produto elétrico, por meio de tomada ou não. Os produtos acima de 10 A utilizam esses circuitos, pois não devem ser ligados nas tomadas de uso geral. Um exemplo clássico da “não” utilização da tomada de 20 A é o chuveiro elétrico. A NBR 5410 proíbe o uso de tomada para ligar aquecedores de água elétricos porque essa conexão deve ser direta. No entanto, existe uma análise técnica que mostra que, independentemente dessa proibição da norma de instalação, não devemos utilizar a tomada de 20 A em um chuveiro de jeito nenhum. Mas este é um tema para exploramos no próximo artigo.
Nelson Volyk é engenheiro eletricista e gerente de Engenharia de Produto da SIL Fios e Cabos Elétricos