Pedro Augusto
Ela até que deu uma trégua durante esta semana, porém, a qualquer momento, pode estar de volta com maior intensidade dominando o céu de Caruaru. Assim como a moeda, que possui dois lados, a chuva costuma impactar na vida da população tanto com aspectos positivos e negativos. Desta vez, o Jornal VANGUARDA irá se referir aos transtornos habitualmente causados, justamente pelas precipitações em larga escala. Correntezas, objetos destruídos, vias alagadas, imóveis invadidos pelos volumes de águas são apenas alguns dos problemas percebidos, quando são registrados temporais fortes. No intuito de clarear o “tempo”, ou melhor, as ideias dos leitores sobre os fatores que vêm ocasionando a grande concentração de chuvas na Capital do Agreste, o semanário entrevistou o meteorologista da Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), Thiago do Vale.
Por telefone, o especialista chamou a atenção para um aspecto que vem predominando, neste primeiro semestre, no Oceano Atlântico. “Como neste ano o Atlântico se encontra mais quente, ele tem liberado mais calor latente, que é o combustível que alimenta as nuvens. Devido a esse desempenho, o chamado sistema de convergência intertropical se encontra mais abaixo em relação aos mesmos períodos de anos anteriores, o que tem acarretado neste número significativo de chuvas isoladas não só em Caruaru, mas também em todo Pernambuco e demais estados da região Nordeste”, disse.
Também durante a entrevista, o meteorologista da Apac explicou o porquê de as precipitações estarem caindo do céu de Caruaru em horários e espaços isolados. “Na meteorologia, chamamos as pancadas de chuvas, ou seja, aquelas que ocorrem de forma rápida e em intervalos isolados do dia, de contacitva. De forma mais clara, na medida em que a população observa e, inclusive, sente bastante o clima mais abafado, a tendência é de que haja essas pancadas, principalmente, no final da tarde. Relembramos que nos últimos meses chegou a chover granizo em Caruaru justamente devido à umidade e calor exacerbados.”
De acordo com o levantamento da Apac, enquanto que nos últimos meses de janeiro e março choveu abaixo da média, em fevereiro e no início de abril, os índices pluviométricos ficaram acima da média histórica. “Em números reais, podemos afirmar que: em janeiro choveu 10,5 milímetros, quando a média histórica corresponde a 36 mm, ou seja, 72% a menos do esperado. Já no mês seguinte, os índices ficaram na casa dos 92 milímetros, ou seja, 68% a mais da média histórica, que é de 54 mm. Em contrapartida, em março, a Apac computou 64 milímetros de chuvas contra 74 mm da média, com 15% de queda. Por outro lado, nos nove primeiros dias de abril caíram impressionantes 26 milímetros de água dos 70 mm esperados para todo o mês, correspondendo a 85% da média histórica”, acrescentou.
De acordo ainda com o especialista, a expectativa é de que haja ainda muita chuva neste primeiro semestre de 2019. “O período chuvoso da região Agreste começou no último mês de março e se estenderá até o próximo mês de julho. Então, a tendência é de que haja muitas precipitações durante este período. Fizemos uma previsão climática em relação a todo ano de 2019 em relação a Caruaru, e a expectativa é de que os índices pluviométricos contabilizados fiquem um pouco acima de média histórica. Reforçamos que haverá muitas chuvas caídas nas próximas semanas na cidade”, finalizou Thiago do Vale.
Limpeza
De forma preventiva, a Secretaria de Serviços Públicos de Caruaru vem intensificando a limpeza no Rio Ipojuca e nos canais. Desde o ano passado, as medidas têm sido executadas diariamente, seguindo um cronograma por bairros. Entre elas, destaque para remoção de baronesas e do lixo, que atrapalham o escoamento da água das chuvas e aumentam os riscos de alagamentos.
O objetivo do conjunto de ações é evitar maiores danos à população devido aos temporais. “É alarmante constatar que o lixo permanece sendo descartado nesses locais pelos próprios moradores. Por isso, além do trabalho de limpeza, as equipes também estão fazendo campanhas de conscientização com a população, para que não sujem o rio e canais da cidade”, ressaltou o secretário de Serviços Públicos, Ytalo farias.
Monitoração
Atenta aos grandes volumes de água que têm caído em Caruaru, a Defesa Civil tem atendido às demandas da população registradas pelo telefone 199, conforme ressaltou o coordenador Cleber Aleksander. “Sempre que a computamos, nos dirigimos até os locais com o objetivo de fazer a retirada daquelas pessoas que se encontram em risco nos imóveis devido às chuvas. O preocupante é que muitas delas, em vez de nos contactar imediatamente, têm preferido expor os transtornos passados por causa dos temporais nas redes sociais, o que, obviamente, não é o mais recomendado. Contamos com um gabinete de crise para atender também as demandas das secretarias municipais, bem como monitorarmos possíveis pancadas de chuvas. Ainda ressaltamos que a Defesa Civil dispõe de equipamentos que acompanham de forma constante a meteorologia de Caruaru. Desta forma, nossa atuação tem sido eficaz”, concluiu.