Sonolência ou perda de sono. Cansaço ou agitação. Intestino preso ou solto. Problemas com falta ou excesso de peso. Se o paciente chega ao consultório com alguma dessas queixas, o médico pode desconfiar que o problema esteja na tireoide. Mas, por que isto acontece?
A glândula tireoide fica no pescoço, logo abaixo da laringe, onde estão localizadas as cordas vocais, na região conhecida como pomo-de-adão. “Ela produz dois hormônios, tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4), que são levados através do sangue para todas as partes do corpo, onde eles regulam o metabolismo, que é a maneira como o corpo usa e armazena energia. Eles são responsáveis para que todas as células do organismo funcionem de forma equilibrada”, explica Jorge Kim, especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço e em Doenças da Tireoide e Paratireoide, da Alira Medicina Clínica.
A função da tireoide é controlada pela hipófise (uma pequena glândula localizada na base do cérebro), que por sua vez produz o hormônio estimulante da tireoide (TSH), que induz a tireoide a produzir T3 e T4.
“Os dois hormônios produzidos pela tireoide têm atuações em diversas funções do organismo como, por exemplo, o ritmo cardíaco, o tônus muscular, o ciclo menstrual, a digestão etc. Portanto, a produção adequada destes hormônios é muito importante para o corpo”, enfatiza Kim.
Quando a glândula de uma pessoa começa a produzir uma quantidade excessiva de hormônios, diz-se que ela está com hipertireoidismo. É uma condição que, de acordo com o especialista, apresenta tremores, nervosismo, suor intenso, perda de peso, irritabilidade e pressão arterial alta. Há casos graves em que a pessoa tem aumento da tireoide (bócio) e pode ter também exoftalmia (olhos esbugalhados). Caso não tratado, o hipertireoidismo pode levar a outros problemas de saúde. Alguns dos mais graves envolvem o coração (batimentos cardíacos acelerados e irregulares, insuficiência cardíaca congestiva) e os ossos (osteoporose). Vale destacar, porém, que pessoas com hipertireoidismo leve e idosos podem não apresentar sintomas.
A falta de iodo no organismo provoca o chamado bócio endêmico ou bócio carencial, o que se caracteriza pelo aumento da glândula. Isso acontece porque, para que a tireoide consiga produzir os hormônios, é necessário que haja átomos de iodo. O hormônio TSH que estimula a tireoide a produzir hormônios não para de estimulá-la e, com isso, ela continua a produção de hormônios, mesmo sem os átomos de iodo. Em consequência a este estímulo intenso do TSH, a glândula tireoide aumenta de tamanho.
“É por isso que, no Brasil, a adição de iodo no sal de cozinha é obrigatória, mas há outros alimentos em que podemos encontrar o iodo, como peixes de água salgada, frutos do mar (lagostas, ostras, camarão, sardinhas, bacalhau), leite e alguns legumes como vagem, agrião, cebola, alho-poró, rabanete e nabo”, diz.
No hipotireoidismo ocorre o contrário e a glândula produz quantidades insuficientes de hormônios. Neste caso, a pessoa apresenta apatia, lentidão dos movimentos, sonolência, ganho de peso, frequência cardíaca baixa, sensação de frio, pele ressecada, inchaço em algumas partes do corpo, entre outros sintomas. O hipotireoidismo é a doença mais comum da tireoide, ocorre mais frequentemente em mulheres e pessoas com mais de 60 anos de idade e tende a se repetir entre os membros da família.
“A falta de hormônio tireoideano – por defeito no desenvolvimento da glândula tireoide ou por deficiência na síntese hormonal – durante a gestação pode acarretar em um retardo no desenvolvimento mental e físico da criança. Esta condição é chamada de Cretinismo”, afirma Kim. Este problema pode ser detectado através do teste do pezinho no recém nascido.
“A calcitonina é outro hormônio produzido pela tireoide, mas em quantidades pequenas. Esse hormônio auxilia na diminuição da quantidade de cálcio no sangue e atua em conjunto com o hormônio produzido pelas glândulas paratireoides, no controle dos níveis normais de cálcio no sangue”, diz o especialista.
É por isso que os hormônios da tireoide são tão importantes e considerados essenciais para vida. “Assim, se sentir qualquer destes sintomas, o ideal é procurar o médico. Só ele poderá dizer quais são os exames necessários para confirmar o diagnóstico e indicar o melhor tratamento de acordo com cada caso.