Do Congresso em Foco
O deputado federal Tiririca (PR-SP) está sendo acusado de assédio sexual pela ex-empregada doméstica Maria Lúcia Gonçalves. Ela entrou com um processo trabalhista, no qual diz ter sofrido assédio em pelo menos duas viagens, uma a São Paulo e outra a Fortaleza, em 2016. As afirmações também foram reforçadas em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, após a esposa de Tiririca, Nana Magalhães, ter feito queixa contra a mulher por extorsão.
Por se tratar de um deputado federal, com foro privilegiado, o caso foi para o Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da ação será o ministro Celso de Mello. O processo ainda tramita como uma petição, ou seja, um pedido de investigação, feito pelo Ministério Público. Caberá ao ministro Celso de Mello autorizar a abertura da investigação ou determinar o arquivamento.
De acordo com Maria Lúcia, em depoimento à Polícia Civil e também no processo trabalhista, o primeiro episódio ocorreu em maio de 2016. Na ocasião, durante viagem para São Paulo, na presença de Nana Magalhães e da filha de 8 anos do casal, o deputado a teria agarrado por trás e dito que faria sexo com ela diante de todas as outras pessoas presentes. Ela disse que Tiririca exalava cheiro de álcool. A ex-funcionária relatou que, ao pedir ajuda aos adultos, todos riram da situação.
A segunda situação ocorreu durante uma viagem a um sítio do parlamentar próximo a Fortaleza. Foram oito dias cuidando da filha do casal, junto com toda a família. No local, de acordo com os relatos, foram realizadas festas em todos os dias. Tiririca teria continuado as investidas com gestos como passar a mão em seu cabelo e em suas nádegas, além de usar palavras de teor sexual.
Maria Lúcia disse que Tiririca, na viagem a Fortaleza, jogou no mar seu celular com gravações de algumas das frases ditas pelo patrão. A então empregada da família foi demitida logo após a viagem. “Ao subir em uma lancha, [o deputado] caiu no mar com o celular. A depoente acredita que ele tenha feito isso de propósito, pois no celular havia um vídeo em que Francisco falava algumas besteiras para a declarante”, diz trecho do depoimento de Maria Lúcia, do qual o site Metrópoles teve acesso.
No último dia 3 de maio, a mulher de Tiririca registrou ocorrência na 10ª Delegacia de Polícia sob a alegação de que a ex-empregada estaria tentando extorquir a família. A ocorrência, conforme o Metrópoles teve acesso, foi realizada um mês após a data em que Maria Lúcia diz ter sido assediada por Tiririca.
A esposa de Tiririca alega que Maria Lúcia teria pedido R$ 100 mil quando foi dispensada para que não prejudicasse a família. Na indenização trabalhista, a empregada pede R$ 120 mil. A ação trabalhista tramita sob segredo de Justiça na 21ª Vara do Trabalho em Brasília.
O gabinete do deputado divulgou nota em que defende que a acusação é uma tentativa de extorsão contra a esposa de Tiririca. “As ameaças e a chantagem propriamente dita incluiriam o pedido de dinheiro em troca da desistência da ação trabalhista que serve de base para acusações pessoais contra o parlamentar”, afirma. A nota diz ainda que a esposa está impedida de se manifestar sobre o caso em razão do sigilo de justiça em que corre o processo.