Em Pernambuco, estado hegemônico no PSB, a impaciência de socialistas com os petistas já vinha soando mais nítida há algumas semanas. Os sinais ficaram mais intensos depois da passagem do ex-presidente Lula pelo Estado, marcada por gestos dirigidos aos prefeituráveis João Campos e Marília Arraes. Os socialistas, ali, já pareciam cientes de que o projeto majoritário do PT no Recife estaria sacramentado. Em meio a essa conjuntura, o próprio João Campos defendera o seguinte: “O PT tem que fazer avaliação interna do que eles querem. O PSB sabe o que quer”. Deu eco ao que correligionários já pontuavam nos bastidores: “O que o PT vai fazer é problema deles”. Após a Conferência Nacional da Autorreforma do PSB, na semana passada, aliados começaram a detectar que o tom na legenda mudou “depois que o ex-presidente Lula deixou a prisão”. “Eles perceberam a consolidação da candidatura de Marília e o tom radical de Lula que, no lugar de ampliar, está estreitando o tamanho dele junto à população”, analisou um governista.
Na esteira desse movimento, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em entrevista a O Globo, definiu como “estranha” a declaração de Lula “após sair da prisão”. Então, avisou: “Não vamos aderir a quem não quer apoiar ninguém, com todo o respeito ao PT”. Siqueira disse ainda que “entre PT e Brasil, o PT sempre escolhe a si mesmo”. Argumentou ainda que “faltou grandeza ao PT”. Naturalmente, a posição de Siqueira não está desalinhada da cúpula do partido, que tem como vice-presidente Paulo Câmara e como secretário nacional o prefeito Geraldo Julio.