Tragédia interrompe sonho de filha de Kobe Bryant no basquete

Não eram apenas os laços familiares que uniam Kobe Bryant, 41, e sua filha Gianna, 13, ambos mortos após acidente de helicóptero neste domingo (26). O amor pelo basquete também era compartilhado por eles.

Entre os milhões que admiravam o ex-jogador do Los Angeles Lakers, uma fã em especial teve o que tantos gostariam de ter: um treinamento de elite com um dos maiores atletas da história.

Gigi Bryant era constantemente filmada com o pai na primeira fileira do ginásio Staples Center ou jogando bola em alguma quadra, quando tinha o privilégio de ouvir a leitura do seu jogo diretamente de Kobe. Quando era criança e o pai ainda estava em atividade na NBA, ela acompanhava o mentor e até participava do aquecimento da equipe junto de sua irmã mais velha.

O sonho da menina era ser jogadora da WNBA -a liga norte-americana de basquete feminino. Para ajudá-la nisso, mesmo após se aposentar, em 2016, ele se manteve próximo das quadras treinando as filhas, em especial Gigi.

Promissora, a garota atraiu os holofotes com jogadas plásticas que aprendeu com o pai. Analistas destacaram a semelhança do seu “fadeaway” -arremesso convertido com o jogador projetando o corpo para trás- com o do astro, uma de suas assinaturas de jogo.

Ela tinha herdado também a facilidade para o drible e as jogadas plásticas, como o giro com a bola antes de partir para a cesta.

A menina pretendia jogar pela UConn, dinastia dos esportes universitários. Kobe era amigo do técnico da equipe feminina, Geno Auriemma, e constantemente levava a família para assistir às partidas.

A viagem de helicóptero em que estavam pai e filha neste domingo era programa corriqueiro dos dois. Fã de Trae Young, do Atlanta Hawks, e Luka Doncic, do Dallas Mavericks, ambos em seu segundo ano na NBA e já selecionados para o All-Star Game, Gigi adorava ver jogos de basquete nos ginásios.

Foi ela quem convenceu Kobe a voltar a assistir às partidas depois que ele deixou as quadras. O “Black Mamba”, apelido do ex-jogador, passou também a treinar o time de basquete da escola de Gigi. A adolescente treinava ainda pela Mamba Sports Academy, aberta há pouco mais de um ano com o apoio do pai para capacitar jovens atletas.

Com personalidade própria, ela não optou pelas camisas 8 ou 24, que ficaram marcadas na trajetória de Kobe. O número escolhido por Gigi foi o 2.

A menina ganhou um apelido em homenagem a ele: “mambacita”, em referência à “mamba mentality”, filosofia pregada por Kobe que pregava a vontade de sempre aprimorar seu próprio trabalho, independentemente das condições.

Em uma entrevista para a revista americana The New Yorker, ele destacou o momento em que percebeu que a menina havia puxado seu gênio: “Ela tinha três anos, estávamos jogando candyland e eu ganhei. Ela não reagiu bem, virando o tabuleiro. Foi quando eu pensei: a criança é igualzinha a mim!”.

Era comum que o pai, orgulhoso, postasse fotos da jovem treinando -até de salto alto– ou conhecendo algum jogador ou jogadora que admirava.

As quatro filhas fizeram com que ele se tornasse uma voz ativa pela valorização das atletas da WNBA, vestindo um moletom da liga e defendendo a equiparação dos direitos da jogadoras em relação aos dos homens da NBA.

Kobe confiava piamente na habilidade de Gianna. Quando a estrela, pai de quatro meninas, era questionada sobre a possibilidade querer um garoto na família para passar suas habilidade.

Folhapress

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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