Donald Trump anunciou na terça-feira (15) sua pré-candidatura à Casa Branca, estabelecendo a base de uma campanha pela indicação republicana que promete ser implacável no campo conservador, magoado e dividido pela decepção das recentes eleições de meio de mandato.
Estados Unidos estão “de volta”, afirmou o ex-presidente de 76 anos a centenas de simpatizantes reunidos em um salão decorado com a bandeira dos Estados Unidos em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida.
“Para fazer que Estados Unidos volte a ser grande e glorioso, eu anuncio esta noite minha candidatura à presidência”, disse Trump, minutos depois de entregar o documento oficial à autoridade eleitoral do país.
O anúncio precoce da pré-candidatra de Trump é considerado uma tentativa de ficar à frente de outros republicanos e evitar possíveis acusações criminais por investigações das quais ele é objeto.
Em um discurso de uma hora, Trump elogiou e, em muitos momentos exagerou, suas conquistas como o 45º presidente da história dos Estados Unidos e atacou o democrata Joe Biden, que o derrotou em 2020.
“Vou garantir que Joe Biden não consiga mais quatro anos”, prometeu Trump, enquanto o presidente respondeu no Twitter: “Donald Trump falhou com os Estados Unidos”.
Trump anunciou a pré-candidatura com várias desvantagens potenciais.
Ele é alvo de diversas investigações por sua conduta antes, durante e depois do mandato como presidente, o que pode resultar em sua inelegibilidade
Ele é investigado por suposta fraude nas empresas da família, por seu papel no ataque de seus simpatizantes ao Capitólio em janeiro de 2021, por sua tentativa de anular as eleições de 2020 e por ocultar documentos confidenciais em Mar-a-Lago.
Os republicanos tentam superar as feridas provocadas pelas eleições de meio de mandato. Alguns estão convencidos de que não conseguiram resultados melhores devido ao fracasso de candidatos apoiados por Trump.
Alguns se perguntam se Trump, com seu estilo de fazer política e seus problemas jurídicos, é a pessoa certa para representar o partido em 2024.
Ele tem vários rivais de peso para as primárias de 2024, em particular o governador da Flórida, Ron DeSantis, que obteve uma vitória contundente em sua reeleição na votação de 8 de novembro.
“Nação em declínio”
Além disso, o poderoso império midiático de Rupert Murdoch parece ter abandonado Trump, chamado de “perdedor” após as eleições de meio de mandato.
Também tem problemas com o Facebook e o Twitter, redes sociais que foram fundamentais em sua impressionante ascensão política.
No discurso na terça-feira, Trump atacou Biden pelos temas inflação, crime e imigração, ironizou a mudança climática e afirmou que seu governo derrotou o Estado Islâmico, manteve a Coreia do Norte sob controle e construiu um muro na fronteira com o México.
“Sob nossa liderança, éramos uma nação grande e gloriosa. Mas agora somos uma nação em declínio”, disse. “Esta não é apenas uma campanha, é uma cruzada para salvar nosso país”.
“Em dois anos, a administração Biden destruiu a economia americana”, afirmou. “Com uma vitória, nós voltaremos a construir a melhor economia da história”.
Também denunciou as “ruas ensanguentadas” das grandes cidades pelos “crimes violentos” e prometeu “restaurar e garantir a segurança nas fronteiras”.
Biden, 79 anos, tem a intenção de disputar a reeleição, mas só deve tomar uma decisão em 2023.
Antes das eleições de meio de mandato, Trump condicionou seu apoio aos candidatos caso negassem os resultados da votação de 2020.
Mas uma série de derrotas dos aliados mais leais de Trump minou seu impulso para terça-feira.
Os republicanos fracassaram na tentativa de tomar o controle do Senado dos democratas e, embora estejam prestes a controlar a Câmara de Representantes, será uma pequena maioria.
Ainda assim, apesar de ter sido abandonado por vários doadores republicanos importantes, Trump já arrecadou 100 milhões de dólares.
No momento, DeSantis parece o principal rival de Trump no Partido Republicano, uma disputa que também pode incluir o ex-vice-presidente Mike Pence, o senador do Texas Ted Cruz, o governador da Virginia Glenn Youngkin, o ex-secretário de Estado Mike Pompeo e a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley.
AFP