Pedro Augusto
Na época em que as grandes locomotivas transportavam em seus vagões o desenvolvimento econômico propiciado pela venda de produtos e pelo incremento de novos visitantes aos municípios, a Estação Ferroviária, no centro de Caruaru, servia como ponto de chegada e saída para quem estava à procura de novas oportunidades em termos de negócios. Hoje, passados tantos anos dessa realidade distante, a Estação, infelizmente, não vem mais comportando o embarque e desembarque de “Marias Fumaças”, porém ainda tem servido como referência para milhares de pessoas que enxergam, a partir do uso de sua área territorial, como uma boa chance para impulsionar os seus faturamentos.
Em meio às extensas atividades culturais que estão sendo desenvolvidas durante a realização do Maior e Melhor São João do Mundo, o que não têm faltado na Estação Ferroviária são trabalhadores informais que vêm atuando em espaços distintos, oferecendo os mais variados tipos de produtos, que vão das iguarias de milho até as tradicionais peças de artesanato. Integrantes de segmentos do comércio e do setor de serviços, eles têm dado o suporte necessário, através da venda de seus itens, para a realização de um evento do porte dos festejos juninos da Capital do Forró. É claro, sem deixar de ganhar dinheiro, faturando, em alguns casos, bastante alto, aproveitando as oportunidades de longas datas propiciadas pela Estação Ferroviária.
Quem sabe muito bem da contribuição da Estação para com os bolsos dos informais de Caruaru é Wesley Éder. Ele vem comercializando buquês de rosas há pelo menos 12 anos no local e se disse satisfeito com a lucratividade proporcionada a cada São João. “Sem dúvidas, o polo da Estação Ferroviária, como é chamado esse espaço na época de festa, costuma impulsionar bastante os faturamentos dos mais variados tipos de informais, haja vista que comporta tradicionalmente diversas atividades artísticas, o que acaba estimulando a visita de milhares de pessoas, sejam moradores locais ou turistas. Como sei muito bem disso, tenho marcado presença na Estação a cada fim de semana de evento e o faturamento tem sido alto. Neste ano, as vendas de buquês estão maiores do que as registradas no São João de 2016”, disse.
Com visões empreendedoras apuradas, aqueles ambulantes que não se encontram nos espaços fixos montados pela Prefeitura procuram se instalar em locais estratégicos que costumam fazer parte de suas rotas de lucratividade. Esse é o caso de Cláudio Manoel. Especializado na venda de brinquedos, o informal enxergou nas imediações do Polo das Quadrilhas – que faz parte do complexo da Estação – a chance que queria para sair do sufoco. “Existem vários pequenos polos na Estação Ferroviária, mas o meu preferido é o das Quadrilhas, até porque a criançada costuma frequentá-lo bastante durante todo o São João. Resultado: ela acaba passando pelos brinquedos e pede para que os mesmos sejam comprados pelos seus pais. De venda e venda, tenho conseguido garantir o primeiro dinheirinho extra de 2017. Pelo menos para o meu pequeno negócio, a Estação Ferroviária é o melhor polo do São João de Caruaru”, avaliou.
Sentado no chão às margens do Galpão do Artesanato – outro polo –, o caricaturista Luciano Coelho também vem incrementando a sua renda através da elaboração de caricaturas, feitas, como promete o cartaz, em até dois minutos. “Sou de Catende, mas resido hoje em Olinda, e faço questão de vir trabalhar nesta época em Caruaru porque a movimentação de pessoas na Estação Ferroviária é bastante grande, bem como a procura por caricaturas. Para se ter ideia, somente hoje (último domingo, 18), no intervalo das 17h até as 20h, já fiz cerca de 200 delas, o que já é muito bom para um dia de trabalho. Aqui, consigo vivenciar um dos meus melhores períodos do ano em termos de faturamento. Se Deus quiser, neste sábado (24), a lucratividade será ainda maior, porque estaremos festejando o Dia de São João, data que costuma atrair um número redobrado de turistas”, analisou.
Embora sejam obrigados a pagar taxa única para ter o direito de comercializar na Estação, os ambulantes entrevistados pelo VANGUARDA se mostraram satisfeitos com os investimentos feitos. “Desembolsei R$ 230 para poder vender as minhas guloseimas no local e não tenho do que reclamar, até porque e, em apenas um dia de São João, consegui apurar o que havia investido. Com esse frio que vem fazendo, principalmente à noite, o meu chocolate quente tem sido bastante procurado por todo tipo de consumidor, tanto é que, às vezes, tenho voltado para casa com os botijões vazios antes mesmo do horário esperado”, comentou Rafael Silva. “Essa é a primeira vez que trabalho no polo da Estação e, se depender de mim, voltarei nos próximos festejos. O lucro é garantido!”, acrescentou, o também informal, Péricles Mendes.
Estação impulsiona faturamentos de restaurantes
Além de contribuir para com o incremento da lucratividade de centenas de informais, a Estação Ferroviária, somada ao aliado determinante do São João, costuma ainda engrossar, nesta época do ano, os faturamentos de dezenas de empreendedores inseridos no setor de serviços.
No Polo Juarez Santiago, que vem comportando vários bares e restaurantes, a avaliação quanto ao custo-benefício para atuar no local tem sido positiva. “Pelo menos até agora não estou tendo do que me queixar. Mesmo com essa crise financeira que já vem afetando há anos os bolsos de todos os consumidores, temos percebido uma demanda muito grande pelos nossos serviços. Está dando para lucrar bem”, destacou o empresário Diego Silva.
Do outro lado da moeda, a gama de forrozeiros, ou melhor, os potenciais consumidores que vêm circulando pela Estação e seus polos têm sido só elogios quanto aos produtos e serviços oferecidos. “Nela, temos encontrado todos os tipos de comida, ou seja, do milho assado até o brownie. Além disso, opções não têm faltado quanto a bijuterias artesanais, peças de barros, dentre outras mercadorias, que costumam encher os olhos de nós turistas. São João não se faz apenas com atrações musicais de peso, mas, sim, com tudo isso que é oferecido na Estação Ferroviária. Caruaru está de parabéns!”, elogiou a catarinense Fernanda Cavalcanti. “Eu mesma prefiro visitar a Estação ao Pátio de Eventos. Aqui contamos com tudo e ainda podemos circular com mais tranquilidade”, acrescentou a bezerrense Sônia Silva.