É chegado o período que antecede o fim de ano e a tendência natural seria a de aquecimento de vendas no comércio, com as compras próprias da temporada. Porém, após dois anos de restrições econômicas em diversos setores, é hora do comerciante ponderar antes de refazer estoque ou tomar qualquer outra decisão. Por isso, o mestre em gestão empresarial Kenys Bonatti – também diretor da Unidade Caruaru da Faculdade Nova Roma (FNR), traz algumas orientações para o micro e o pequeno empreendedor.
Ele diz que os comerciantes precisam entender que o país está em um processo de retomada, momento em que a Economia tende a aquecer e as pessoas a comprar mais. “Porém, ainda estamos enfrentando um problema de desemprego e de pessoas que ficaram desempregadas e conseguiram ser realocadas no mercado com salários inferiores. A que ganhava R$ 5 mil passou a ganhar um salário de R$ 2.500, R$ 2.000, R$ 1.800… Então, é preciso lembrar que, mesmo sendo um processo de retomada, houve um arrefecimento do poder de compra”, explica.
Kenys Bonatti diz ainda que, ao mesmo tempo que o comerciante precisa ter esse conhecimento, também é necessário que busque o equilíbrio para não querer recuperar o prejuízo de todo o período em que não vendeu, na temporada de fim de ano. “Temos, hoje, muitos comerciantes e produtores que ainda estão com estoques cheios, muitos produtos para venda e, por vezes, querendo majorar um pouco mais esse preço para recuperar alguma coisa e esse não é o momento; muito pelo contrário!”, adverte.
O mestre em gestão empresarial destaca que esse é um momento em que a Economia precisa de todo ajuste e suporte possível. É preciso diminuir um pouco a margem de lucro e ganhar no volume. “Se eu tenho uma camisa que era vendida por R$ 100, eu não posso querer vender agora por R$ 120 ou R$ 130 porque, por mais que a Economia esteja em sentido de crescimento, o poder de compra diminuiu”, reforça. Ele continua dizendo: “Todavia, eu não posso permanecer com essa camisa por mais tempo parada no estoque porque, assim, o dinheiro investido na peça vai passar a ser desvalorizado e o valor vai passar a ficar caro para mim, já que eu investi e o dinheiro aplicado não está rendendo, uma vez que essa está parada. Então, vale à pena diminuir o preço da peça e, ao invés de cobrar os R$ 100 anteriores, cobrar R$ 80 e, ao menos, recuperar o investimento feito com uma pequena margem de lucro”, pondera.
Mas, é possível recuperar o investimento com uma pequena margem de lucro? Kenys Bonatti responde que sim, pois quando se utiliza um recurso, o dinheiro fica parado. “Como tivemos um longo período de recessão e ainda estamos saindo dele, o processo de capitalização do empreendedor é muito importante porque as contas continuam chegando e, muitas vezes, ele acaba utilizando mecanismos financeiros como o do cheque especial, empréstimo ou cartão de crédito – em que os juros são muito altos. Assim, é preferível que se recupere esse dinheiro e se quite as compras à vista ou as dívidas sem arcar com juros e se volte a poder tentar equilibrar as contas e o poder de produção”, considera.