Do Diario de Pernambuco – Tércio Amaral
Apesar de não trabalharem oficialmente no intervalo de um ano, dez vereadores da Câmara de Caruaru, afastados pela Justiça por suspeita de corrupção, foram responsáveis por um gasto de R$ 1,17 milhão nos cofres públicos. Beneficiados pela prerrogativa constitucional de terem o direito de seus salários preservados até a condenação final, o que não aconteceu, os parlamentares mantiveram em 12 meses seus R$ 9 mil de salários mensais depositados religiosamente nas contas bancárias.
O malabarismo realizado pelo presidente da Câmara, Leonardo Chaves (PSD), que, no mês de janeiro, viu-se obrigado a manter as remunerações dos vereadores afastados, mas também o pagamento dos dez suplentes convocados, só deverá ganhar uma “folga” apenas em 2016. Isso porque, há duas semanas, dos dez afastados, cinco já voltaram a trabalhar de fato no Legislativo.
O enredo dessa história começa na Operação Ponto Final, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco ainda em dezembro de 2013. Na época, os vereadores Cecílio Pedro (PTB), Eduardo Cantarelli (PSDB), Evandro Silva (PMDB), Val (DEM), Jadiel do Nascimento (PRTB), Jajá (sem partido e ex-PPS), Neto (PMN), Louro do Juá (SD), Sivaldo Oliveira (PP) e Val das Rendeiras (Pros) foram presos e afastados por suspeita de prática de corrupção e por tentarem obter vantagens indevidas para aprovarem projetos da Câmara.
Mesmo afastados e conquistando algumas vitórias na Justiça, como o direito de retornar ao trabalho, todos continuaram a receber seus salários.
Ao Diario, o presidente da Câmara, Leonardo Chaves (PSD), disse que teve que adaptar o orçamento da Casa em virtude do aumento da folha de pagamento. “De repente, eu tinha 23 vereadores e fiquei com 33”, disse. Além de pagar os vereadores afastados desde janeiro de 2015, o social democrata, que tem mandato há 40 anos, sendo o sétimo como presidente da Câmara, assumiu a obrigação de custear os salários dos suplentes. “Eu exonerei todos os assessores dos vereadores que foram afastados. E com esse dinheiro, eu fazia o pagamento dos vereadores que entraram”.
Outra estratégia foi reduzir o número dos funcionários comissionados: ao contrário dos eleitos, que podem nomear oito, os suplentes tiveram direito a quatro.
Por uma decisão da Justiça, no dia 16, retornaram ao trabalho os vereadores Cecílio Pedro, Eduardo Cantarelli, Jajá, Louro do Juá e Sivaldo Oliveira. Com a volta, a Câmara deixou de pagar os salários de cinco suplentes e seus assessores. Um alívio nas contas da Casa a partir de janeiro 2016, até porque o orçamento da Câmara dos Vereadores saltou dos R$ 15 milhões, em 2015, para R$ 21 milhões, em 2016.