Vereadores de Caruaru querem a saída de Temer

Wagner Gil

Depois que alguns vídeos e gravações da delação do Grupo JBS vieram à tona e envolveram o nome do presidente Michel Temer (PMDB), no país não se fala em outra coisa a não ser a saída do chefe do Executivo nacional. Na última quarta-feira (24), um protesto tomou conta do Congresso, fazendo com que ele autorizasse o uso das forças militares para conter os manifestantes. No dia seguinte, devido à péssima repercussão desse ato, o Palácio do Planalto publicou edição extra do Diário Oficial da União cancelando a decisão.

Em Caruaru, no mesmo dia dos protestos, a reportagem VANGUARDA foi à Casa Jornalista José Carlos Florêncio ouvir a opinião dos edis. Nesse dia, quatro faltaram: Lula Torres (PDT), Cecílio Pedro (PMDB), Leonardo Chaves (PDT) e Edjaílson da CaruForró (PRTB). Os 19 presentes foram a favor da saída do presidente. Quem puxou o coro foi Marcelo Gomes (PSB), que usou a tribuna para defender o impeachment de Michel Temer. “O mais grave é a conversação ter comprovado que o Governo Federal se tornou um espaço normal de negociações indevidas com a concordância do chefe do Executivo”, disparou o socialista.

Heleno Oscar (PEN) disse que estava decepcionado com a política nacional e, dificilmente, irá votar para presidente em 2018. “Desses nomes que estão aí sendo colocados, não voto em nenhum”, completou Heleno.

Para Ranílson Enfermeiro (PDT), quanto maior for a demora da queda, a população é que pagará ‘o pato’. “Ele não tem a mínima condição de ficar no cargo. Quanto mais tempo ele passar, só vai aumentar o caos no país e tudo ficará cada vez pior. Seja na saúde, na educação e, principalmente, na economia. A tendência é só piorar”, disse.

Única mulher na Câmara, Zezé Parteira (PV) também é a favor da saída do presidente. “O país dava sinais de reação em algumas áreas e, de repente, uma bomba dessas. Tem que sair, não pode ficar”, argumentou. “Temer não tem as mínimas condições de permanecer no cargo de presidente da República. É importante que esses fatos apareçam para que a população possa a cada ano fazer uma filtragem na política”, comentou Ricardo Liberato (PDT).

DIRETAS JÁ

Também teve vereador que, além de defender a saída do presidente, quer eleições diretas. De acordo com a constituição atual, caso haja vacância no cargo de presidente (Temer já era o vice de Dilma e assumiu com o impeachment), o primeiro na linha sucessória é Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, na sequência, o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Os dois também são investigados na Lava Jato por receberem suborno e utilizarem recursos de caixa 2 em campanhas eleitorais.

Atualmente o Supremo Tribunal Federal tem o entendimento de quem está sendo investigado não pode entrar na linha sucessória da Presidência da República. Esse parecer veio há alguns meses, pois havia a possibilidade do ex-deputado Eduardo Cunha assumir a Presidência do país, caso a chapa Dilma/Temer fosse cassada no TSE. Cunha foi condenado na Operação Lava Jato e perdeu o mandato de deputado, continuando preso na carceragem da PF em Curitiba.

O vereador Daniel Finizola (PT) quer eleições diretas. “Seria mais legítimo o povo escolher e, na atual linha sucessória, todos estão sendo acusados ou investigados de algo”, alertou o edil. “O país estava andando bem e recuperando empregos. Agora o presidente não tem mais condições de ficar”, alertou Galego de Lages (PSD).

Para Sérgio Siqueira (PT do B) é “inadmissível o envolvimento do presidente em falcatruas, ou até mesmo na prevaricação de crimes, como sugere o áudio que foi amplamente divulgado nas mídias”. “Quando o cidadão chega ao cargo de presidente, deve dar exemplo. Quem atua na vida pública tem que agir de forma correta e transparente. O presidente perdeu essas condições”, disse.

Líder da oposição, Alberes Lopes (PRP) também defendeu a renúncia. “Realmente fica difícil para o presidente reconquistar a credibilidade junto ao mercado. As mudanças que estão sendo propostas por seu governo são importantes, mas, com ele no comando, a tendência é de mais tumultuo e traz um futuro incerto”, analisou.

Dos vereadores que faltaram, nossa equipe conseguiu falar com um que também quer a saída de Temer. “Ele perdeu todas as condições de credibilidade e de permanecer no cargo mais importante do Poder Executivo”, disse Leonardo Chaves. “Homem público não pode se envolver em falcatruas. Não pode querer levar vantagem”, completou o edil.

O presidente da Casa, Lula Torres, estava doente e Cecílio Pedro e Edjaílson haviam viajado.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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