Alfenim, mazuca, artesanato e raízes quilombolas. Os assuntos tratados no início das aulas da Escola de Referência em Ensino Médio Professor José Constantino, de Agrestina, deixaram clara a missão da gestão escolar nesse segundo semestre: promover o conhecimento dos estudantes acerca da riqueza cultural do município e assim apresentar um novo horizonte aos jovens. A cerimônia que uniu todos esses elementos aconteceu na manhã desta segunda-feira (25) e evidenciou a cultura negra com a escolha da Rainha Afro.
De acordo com Elizabete Cordeiro, coordenadora do EREM, a ideia principal é valorizar a cultura da região através da exposição dos ícones locais. “Trabalhamos com os pilares da educação e um dos primeiros é aprender a ser. O aluno tem que aprender quem ele é enquanto cidadão, de que cultura faz parte, o que o rodeia. Por isso apresentamos a eles que nossa cidade é pequena, mas é riquíssima nas manifestações culturais e na produção artística”, explica. Elizabete acrescenta ainda que há uma lei indicando a inserção nas escolas das influências da cultura negra e indígena na sociedade atual, através de disciplinas de História e Geografia.
Na exposição, montada com o apoio da Secretaria de Cultura, Turismo e Juventude de Agrestina, foram apresentados o chocalho e o artesanato de Valmir Reginaldo (ferro) e Eliaquim Antônio (madeira), entre outros, além dos alfenins fabricados por Seu Cazuza e de um pocket show com a Mazuca de Agrestina. O secretário Josenildo Santos e a diretora de Turismo, Anayran Santos, aproveitaram a ocasião para explicar alguns detalhes sobre a cultura local. “É importante porque trazemos para o ambiente escolar a nossa identidade e essa é nossa missão como gestores”, disse Josenildo Santos.
Ainda na mesma manhã, Maria Daiane da Silva e Michele Maria da Silva, vencedoras do 1º e do 2º lugar do Concurso Beleza Negra, realizado em maio deste ano na Vila Pé de Serra dos Mendes, desfilaram ao lado de Carolayne Silva, aluna do 3º ano do Ensino Médio e escolhida a Rainha Afro do EREM. A coordenadora da Escola explicou que Carolayne foi reconhecida por ostentar o cabelo crespo e ter orgulho da sua cor. “Também é uma ação para acabar com o buylling que muitos sofrem, principalmente as meninas. É preciso valorizar e mostrar que a cultura negra existe em qualquer lugar”, explica Elizabete. Para Carolayne, foi uma honra. “As pessoas me veem na rua e me olham torto. Mas, faço questão de dizer que a textura de um cabelo não me diferencia em nada. Somos iguais independente de cor. Até então somente eu e outra tínhamos o cabelo natural, cacheado e acredito que após esse momento de hoje esse cenário vai mudar bastante”, disse.
Para Elizabete, toda essa movimentação no dia 25 de julho é uma forma de preparar os alunos para tratar outros assuntos relacionados às culturas dos negros e dos índios. Nesta data é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. “Estamos preparando o terreno para começar a falar sobre assuntos mais difíceis, como a religião afro. Essa cultura não pode mais ser marginalizada, estamos aqui para quebrar paradigmas”, finaliza.