OPINIÃO: Chegou o mês de junho!

Por DANIEL FINIZOLA

Se analisarmos as origens de Caruaru, veremos que a conexão entre o rural e urbano foi fundamental na construção de aspectos marcantes da nossa cultura. Vamos lembrar que o ciclo junino começa no dia de São José. O agricultor conforta a semente de milho no solo esperando a chuva. À noite, o homem do campo admira a fogueira que arde na frente da casa. Os olhos encantados pelas chamas brilham sonhando com a colheita do milho que vai virar canjica, pamonha, mungunzá.

Quando junho chega, é hora de colher. Levar pra Feira de Caruaru o fruto de muito trabalho e prece. O diálogo entre a zona rural e urbana sempre teve a feira como ponto de convergência. Além do milho, é na feira que encontramos os fogos da meninada, o vestido matuto, o pé de moleque. É como se, em junho, as cidades do Nordeste ficassem mais rurais e brejeiras, abraçadas pela chuva e pelo frio.

Santo Antônio inaugura os festejos alimentando o sonho das meninas. Faca no tronco da bananeira, pingo de vela na água, vale tudo pra achar a tampa certa da sua chaleira. Para os corações que já acharam seu par, é tempo de trocar presentes, dançar um forró pegado, namorar, renovar os votos de carinho, amizade e amor.

Logo depois, vem o santo quente da festa. Aquele que, segundo a música, bateu um papo com São José pra mandar a chuva que vai gerar 20 espigas de milho em cada pé, lembra? Essa é a noite em que as fogueiras ganham as ruas. Os mais velhos esperam a lenha queimar pra descascar o milho e aproveitar a brasa. A meninada afoita puxa logo um tição pra acender o traque de sala, a chuvinha, o “musquito”, o vulcão e a tão temida bomba – aquela que a vizinhança adora!

Lá pelo finzinho do mês, vem São Pedro. Esse tem a chave do céu nas mãos. Foi o primeiro papa da Igreja, mas hoje o que ele consegue mesmo é deixar muita saudade do período que marca as manifestações mais telúricas do Nordeste, onde o religioso e o profano se confundem, constituindo os símbolos que marcam a religiosidade e a cultura nordestina.

Infelizmente, muitas das cenas que descrevemos estão ficando cada vez mais raras. As cidades do interior do Nordeste estão ganhando cada vez mais importância econômica, social e política. O progresso vai conectando os lugares, deixando os seus cidadãos à mercê da globalização, que geralmente impõe mais que dialoga, pondo em xeque as suas identidades locais. Não há nada de errado na troca cultural, mas é preciso identificar a natureza dessas relações e analisar quais as consequências que ela pode gerar.

Até semana que vem!

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

Artigo: Simples Nacional

Por Teófilo Soares 

Visando estimular o crescimento econômico das empresas de pequeno porte, o legislador constituinte de 1988, fez inserir em nossa Constituição da República o art. 179, que atribui ao Estado a responsabilidade em incentivar as microempresas e as empresas de pequeno porte. Essa responsabilidade foi ampliada com a Emenda Constitucional nº 6, que alterando o art. 170, impôs ao Estado, como princípio constitucional, a incumbência de dar tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede no país  (FABRETTI, 2011).

Desse notável avanço constitucional, surgiram diversas outras leis conferindo estímulos para as microempresas e empresas de pequeno porte. O Simples Nacional introduzido pela Lei nº 9.317/96 consiste, basicamente, na possibilidade de a pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte optar pelo recolhimento mensal unificado de tributos e contribuições, mediante inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) (TOLEDO, 2012).

Cumprindo as disposições constitucionais, o legislador elaborou a Lei 9.841/99, instituindo, nos moldes da Emenda Constitucional nº 6, o novo Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte que junto com a Lei 9.317/96 que instituiu o “Simples”, formam o suporte legal para o tratamento diferenciado e favorecido desejado pelo legislador constituinte, instituindo benefícios nos campos administrativo, trabalhista, de crédito e de desenvolvimento empresarial. Esses benefícios estavam limitados à esfera de atuação do governo federal (SILVA, 2009).

Como esse cenário estava longe de representar a simplificação e o favorecimento propostos pela Constituição Federal de 1988, instituições de apoio e representação empresarial lutaram pela mudança e, em 2003, iniciaram um movimento para a uniformização das normas e ampliação dos benefícios. Como conseqüência desses movimentos, em 19 de dezembro de 2003, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 42, alterando o artigo 146 da Constituição Federal, que passou a exigir lei complementar para estabelecer normas nacionais uniformes sobre o tratamento tributário dessas empresas (SABBAG, 2012).

Coube à lei complementar resolver sobre conflitos de competência em assuntos tributários relacionados a todos os entes federativos. É importante observar que a lei complementar 123/2006, contraditoriamente,  parece criar conflitos de competência em diversos de seus artigos, fazendo exatamente o contrário do que deveria promover, por disposição constitucional (FABRETTI, 2011).

No aspecto tributário, a LC nº 123/2006 instituiu o Simples Nacional – Regime Especial Unificado de Arrecadação –, que abrange os tributos e contribuições devidos pelas microempresas e empresas de pequeno por te, nos âmbitos federal, estadual e municipal. O regime único de arrecadação entrará em vigor em 1º de julho de 2007, para que sejam providenciados os mecanismos e as normas necessárias à cobrança unificada dos tributos incluídos no Simples Nacional (TOLEDO, 2012).

OPINIÃO: Nossos coliseus

Por MENELAU JÚNIOR

Maior e mais famoso símbolo do Império Romano, o Coliseu era reservado para combates entre gladiadores ou entre esses homens e animais selvagens. Sua construção começou em 72 d.C., e as obras levaram oito anos para serem concluídas.

Afirma-se que “os primeiros combates disputados para comemorar a conclusão do Coliseu duraram cerca de 100 dias e se estima que, só nesse período, centenas de gladiadores e cerca de 5 mil animais ferozes tombaram mortos em sua arena”.
As lutas e jogos levavam o público ao delírio, público este que chegava a mais de 50 mil pessoas. O Coliseu funcionou como o principal palco de lutas da cidade até o ano 404, quando o imperador Flávio Honório proibiu os combates entre gladiadores.

O Brasil construiu ou reformou 12 Coliseus para a Copa do Mundo. As obras duraram 7 anos e ainda não estão acabadas. Durante 30 dias, 31 seleções sucumbirão até que uma sobreviva nestas arenas superfaturadas. As lutas levarão sempre mais de 50 mil pessoas às arenas e serão vistas por milhões ao redor do mundo.

Hoje, apesar de estar em ruínas,  o Coliseu ainda guarda sua majestade. Está localizado bem no centro da capital italiana, cercado por largas avenidas, e recebe, anualmente, mais de 3 milhões de visitantes, que pagam algumas dezenas de euros para poder caminhar dentro dele.

Em breve, muitos dos coliseus brasileiros, construídos em estados sem nenhuma representatividade no futebol, estarão em ruínas também. A diferença é que ninguém vai pagar em euros para entrar nestes templos do desperdício do dinheiro público.

Os romanos adoravam o pão e circo oferecido pelos imperadores no Coliseu. O brasileiro adora o pão e circo oferecido nas arenas da Copa. Os romanos falavam latim. Nossa língua veio do latim. Nossa principal religião é romana. Herança é algo fantástico.

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todas as quintas-feiras. E-mail: menelaujr@uol.com.br

 

Artigo: O potencial de atuação das prefeituras na questão da segurança pública

Otávio Varêda 

Nos últimos tempos, tem sido comum, quer seja na mídia, quer nas redes sociais, quer nas conversas informais, o chamamento da atenção para a questão da Segurança Pública. As pessoas demonstram-se ansiosas e angustiadas com este assunto. Pela mídia, são constantemente bombardeadas de informações negativas, dando conta de que tudo está errado.

Neste contexto são expostas informações das falhas dos diversos órgãos públicos, nas diversas áreas: saúde, educação, habitação, assistência social, policial, da justiça, entre outras. Parece que já não há esperança de uma vida tranquila, pois sempre é dito que devido ao crescimento populacional, particularmente nos centros urbanos, a vida tenderá a ficar cada vez mais difícil. São mostrados dados estatísticos e gráficos, para confirmar esta ideia. O cidadão de bem fica, muitas vezes, atônito, diante do quadro que lhe é apresentado.

Pensa, o que fazer, para onde ir, o que o futuro reserva a ele e aos seus descendentes, ou, para aqueles que ele estima. Tudo isso afeta o indivíduo, em relação à percepção de sua segurança pessoal. Assim, quando tratamos de Segurança Pública, não podemos deixar de lembrar que ela está relacionada ao conjunto das realidades asseguradas aos indivíduos, enquanto sensação de Segurança Pública está relacionada ao conjunto das expectativas destas realidades.

Diante de tal celeuma, e em contraposição ao questionado modelo tradicional de “segurança pública”, aplicado na maioria dos estados brasileiros, centrado no controle repressivo penal do crime, surgiram novas propostas de intervenção em âmbito municipal que apresentam uma abordagem alternativa da questão da segurança, enfatizando o caráter interdisciplinar, pluriagencial e comunitário na problemática.

Este modelo alternativo partilha da visão de que “segurança” deve deixar de ser competência exclusiva das policias para converter-se em tema transversal do conjunto das políticas públicas municipais, uma vez que a ação policial é somente uma das formas de se abordar uma conduta anti-social. Se faz necessário compreender a diferença entre “políticas de segurança pública” e “políticas públicas de segurança” estas últimas muito mais amplas que as primeiras, mescladas com questões de cidadania e direito humanos.

A enumeração das propostas abaixo revela que as prefeituras têm em seus poderes, instrumentos eficazes para lidar com a criminalidade. A teoria criminológica moderna vem insistindo na relação estreita entre as ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida e a redução da criminalidade mais grave. E é justamente nas mãos do poder municipal que estão concentradas muitas das atribuições e recursos para melhorar a qualidade de vida da população:

  • Benfeitorias urbanas (iluminação, limpeza, poluição sonora, visual e ambiental);
  • Medidas para ampliar a educação, cultura, esportes e lazer para os jovens, especialmente na periferia;
  • Atuação em parceria com o Governo Estadual;
  • Criação de Conselhos de Segurança e Anti-Drogas, com a participação da comunidade e descentralização das ações;
  • Realização de campanhas de mobilização, conscientização e informação cidadã contra armas, discriminação e violência, contra o uso de drogas, etc.;
  • Fiscalização e concessão de alvarás para estabelecimentos que têm envolvimento frequente com crimes e contravenções, como bares, restaurantes, hotéis, motéis, bordéis, desmanches de veículos, etc.;
  • Reordenamento e fiscalização do trânsito municipal;
  • Reorientação da Guarda Municipal no sentido de buscar ações comunitárias, frisando aspectos como atuações preventivas no processo pé, integração com a comunidade, etc.;

Contrariando as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e Defesa Social, as Secretarias Municipais de Defesa Social estão sendo criadas para gerir diversas ações – de cunho preventivo e repressivo – espalhadas por diferentes setores dentro da prefeitura.

Otávio Varêda é Coronel da Polícia Militar de Pernambuco, Mestrando em Segurança Pública pelo Instituto Universitário da Polícia Federal Argentina e Consultor em Segurança Pública e Coorporativa.

Email: vareda@r7.com

Artigo: Igualdade é uma questão de gênero

Por Fernando Bezerra Coelho

Discutir políticas públicas que promovam a igualdade é, atualmente, uma das grandes exigências da sociedade brasileira. A consciência política e cidadã das pessoas aumentou, os debates foram ampliados e hoje qualquer governo conectado com as expectativas populares precisa estar atento e saber ouvir. O novo conceito de democracia envolve escutas permanentes aos mais diversos tecidos sociais, realização de conferências, fóruns e seminários, por exemplo. É um jeito diferente de administrar, com diálogo livre e empoderamento horizontalizado.

Algumas das mais bem sucedidas experiências brasileiras estão na política de gênero desenvolvida em Pernambuco. Nos últimos sete anos e meio as mulheres garantiram conquistas históricas e irrevogáveis, como a criação da Secretaria Estadual da Mulher, comandada desde 2007 pela Cientista Política e professora Cristina Buarque. Uma pasta voltada exclusivamente para a promoção da igualdade entre os gêneros, porque apesar de ser a maior parcela da população a mulher ainda ocupa menos espaços na sociedade. Durante toda a gestão foram realizadas dezenas de conferências regionais, com mulheres de todos os lugares do Estado podendo sugerir e apontar soluções. Deste ambiente democrático surgiram projetos como o Mãe Coruja, uma referência no Mundo para o acompanhamento às mães e recém-nascidos. O projeto, premiado recentemente pela ONU, está presente em todas as cidades de Pernambuco e atendeu a mais de cem mil mulheres e 50 mil crianças. Coordenado durante seis anos pela ex-primeira dama Renata Campos, o Mãe Coruja ajudou Pernambuco a reduzir um triste indicador que era a mortalidade infantil.

Os debates mostraram que as trabalhadoras rurais, em muitos casos, passaram a assumir o papel de único integrante adulto da família, sendo responsáveis pelo sustento integral da casa. Esta informação fez com que o a gestão tivesse a sensibilidade para criar o Chapéu de Palha Mulher, garantindo renda a milhares de pernambucanas que ficavam desempregadas durante a entressafra. Mais uma iniciativa reconhecida e premiada pela ONU.

A violência contra a mulher ainda é um tema que preocupa, mas com coragem e estratégia estamos enfrentando o problema. O primeiro passo foi criar as condições para que as vítimas pudessem denunciar e que a Justiça tivesse condições de punir os agressores. A rede de Delegacias da Mulher foi estendida por todo o Estado, junto com os juizados especializados. As denúncias aumentaram, as prisões e punições também e o número de crimes contra as mulheres caiu 38%. Porém, não podemos pensar apenas de maneira punitiva. É necessário tocar as consciências, para que a violência não esteja nunca mais na casa das nossas filhas. Entre 2007 e 2014 foram desenvolvidas campanhas importantes, estimulando as denúncias e, ao mesmo tempo, educando. Porque os homens de verdade devem ser parceiros nesta luta, que não é só das mulheres, mas de toda a sociedade. 

Artigo: Educação ambiental como importância social

Por Alexei Esteves

Por meio da Educação Ambiental e de suas estratégias, ações ou oficinas concernentes, o cidadão pode conhecer e entender melhor o significado do mundo em que vive e compreender as necessidades e prioridades reais para a melhoria da qualidade e para a perpetuação da vida. A Educação Ambiental é ação transformadora e política, que forma o cidadão e instrui as comunidades para a cidadania ativa visando a sustentabilidade, a justiça social e o bem comum.

Porém, o sistema econômico do mercantilismo capitalista,que ampara o grupo político dominante, desconsidera que seus métodos  atuam em sentido inverso ao do desenvolvimento sustentável.

A implementação da Educação Ambiental é assim desprestigiada e deixa de ser implementada  com a relevância, urgência e a compreensão da necessidade que ela representa para a sociedade. É notório que os entraves generalizam-se para solapar a transformação social proposta.

Despreza-se as advertências do órgãos internacionais e de lideranças locais e ainda veem na Educação Ambiental um processo de transformação política que pode ameaçar muitos dos seus dogmas e solapar as bases ideológicas e culturais da estrutura vigente que prestigia o lucro, o consumo e o mercantilismo capitalista imperial que produz resultados imediatos , mas que  comprometem a sustentabilidade.

Surge, nesse contexto, a evidência de que este é o sistema de poder que sustenta a direção política e econômica e o sustentará, até que a sociedade civil dotada de verdadeira inserção social, educada, consciente e participativa, tenha condições de conduzir e adaptar a nova ordem social para a ordem pública voltada a compreensão sistêmica de todos os temas sociais que têm relação direta com o meio ambiental, qualidade de vida e a saúde. Esse quadro poderá ser conquistado quando os agentes públicos gerenciarem a ordem jurídica, econômica e social com visão holística e enfoque da ecologia social.

A ordem social e jurídica neste milênio deverá ser construída pelo efetivo exercício da cidadania ambiental, inspirada em paradigmas orgânicos que busquem,de qualquer modo,  a dignidade humana a ser conquistada pela ação social da  democracia participativa para que o fim da sustentabilidade se reflita no meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, sadio à qualidade de vida. A sociedade sustentável, sob o aspecto educativo, jurídico e político transformará a realidade insustentável vigente.

A sociedade civil educada com enfoque ambiental terá visão ecossistêmica da ordem pública jurídica e social e poderá assumir um papel mais participativo no controle da comunidade e do Estado, já que estará melhor qualificada para conseguir provocar a ação sócioambiental mais efetiva da Administração Pública, a fim de se fazer implementar as Políticas Públicas de Educação Ambiental, dentre tantas  outras,  pois a berço da fome, da miséria, do desrespeito a criança e a crise da segurança também deverão ser tratadas com enfoque sistêmico.

A Educação Ambiental e ação socioambiental deverão permear a economia, a educação e a ecologia social. E, nas decisões mais importantes da nação e a Educação Ambiental poderá, preencher vazios e promover a inserção social que de fato vai mitigar muitos dos entraves decorrentes inação ou ações contra os valores ambientais, a baixa qualidade de vida e exclusão a que o povo  têm historicamente se submetido.

OPINIÃO: O gênero das siglas

Por MENELAU JÚNIOR

Um atento leitor nos escreve e solicita algum comentário sobre o gênero das siglas. Sua dúvida – bastante pertinente – é bem específica: como se referir à nova sigla adotada pela Favip, que agora se chama Unifavip/DeVry?

As siglas, assim como quase todas as palavras, têm gênero, ou seja, podem ser classificadas como masculinas ou femininas. Isso depende do gênero da primeira palavra adotada pela sigla. Assim, dizemos O MEC, porque MEC significa ministério da Educação – e a primeira palavra, “ministério”, é masculina. Da mesma forma, dizemos A USP, porque o primeiro nome significa Universidade – a USP é a Universidade de São Paulo.

Quando tínhamos A Favip, o gênero era feminino porque se tratava da Faculdade do Vale do Ipojuca. Não custa nada lembrar que uma sigla, quando tem quatro ou mais letras e é dita como uma palavra (e não letra a letra), deve ter apenas a inicial maiúscula; por isso escrevemos Fafica, Asces, Unifavip e Compesa, por exemplo.

Mas agora que a Faculdade do Ipojuca tornou-se, segundo seu próprio site, um Centro Universitário, passou a chamar-se Unifavip – e como “Centro” é palavra masculina, seria “O” Unifavip. No site da Unifavip/DeVry, lê-se várias vezes “O” Unifavip/DeVry. Vejo como corretíssima a concordância com o artigo masculino, uma vez que estamos falando de um Centro Universitário. É assim mesmo que deve ser: O Unifavip

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Menelau Júnior é professor de língua portuguesa. Escreve para o blog todas as quintas-feiras. E-mail: menelaujr@uol.com.br

 

Artigo: Tecnologia é o motor para o crescimento empresarial

Por Miguel Saldivar

Foi-se a época em que apenas a região Sudeste do Brasil era foco de decisões, investimentos e inovação das empresas brasileiras. Atualmente, o Nordeste vem conquistando atenção do restante do país, tanto pela chegada de novos parques industriais que apostam na região como pela expansão das companhias regionais. E todo esse movimento reflete diretamente no setor de Tecnologia da Informação (TI).

Dados da consultoria IDC revelam que entre os cinco estados brasileiros que mais aumentaram os investimentos em TI, na comparação entre 2012 e 2011, Pernambuco, Ceará e Bahia estão no topo da lista, considerando os segmentos de hardware, software e serviços.

Outro estudo da empresa Page Personnel, que entrevistou 850 profissionais nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, também comprova que as companhias do Nordeste têm direcionado grande parte de seus investimentos para tecnologia. No quesito “prioridade para receber orçamentos no ano passado”, a área ficou atrás apenas de operações (57,9%) e foi mencionada por 42,1% dos entrevistados. Ainda, se comparado com as regiões Sul e Sudeste, o Nordeste se destaca, pois a pretensão de investimento em tecnologia foi mencionada por apenas 26,8% dos consultados no Sul e por 21,5% no Sudeste.

Diferentemente do que muitos pensam sobre o tema, o conceito de tecnologia não se resume apenas às empresas que fabricam computadores ou aos sistemas que estão por trás dos smartphones ou dos famosos tablets. Toda e qualquer empresa, independentemente de porte e segmento de atuação, precisa investir em sistemas e infraestrutura de TI, e pode tirar proveito dos benefícios que a tecnologia tem para oferecer. Imagine uma organização sem sistemas que integram todos os dados e processos em uma única plataforma? Sem isso fica praticamente impossível ter uma visão global das informações da companhia e conseguir assertividade na geração de dados, relatórios e informações para a tomada de decisões.

É difícil imaginar, por exemplo, que hoje empresas de engenharia e construção, alimentos, telecomunicações ou uma siderúrgica, consigam gerenciar suas receitas, considerando a diversidade de produtos financeiros e modalidades de vendas que precisam administrar, sem um sistema que organize todos esses dados e gere informações inteligentes. Até mesmo as companhias de grande porte, que já fazem uso da tecnologia, não deveriam lidar com plataformas independentes e que não estão integradas para gerenciar os negócios. Isso obviamente reflete na ponta do processo. A gestão de várias infraestruturas não traz eficiência, agilidade e pouco contribui para a geração de dados assertivos.

Hoje, inclusive, já é possível estar um passo a frente e potencializar os benefícios que os sistemas de gestão trazem aos negócios, com tecnologias mais avançadas como a mobilidade e a computação em nuvem. Porém só é possível saltar para este segundo nível se a primeira etapa e as complexidades das ferramentas que dão sustentação aos negócios estiverem bem encaminhadas. A iniciativa exige análise, tempo e investimento.

Para as companhias que desejam apostar na área, seja por necessidade ou pensando no crescimento futuro dos negócios, o primeiro passo é avaliar os investimentos que já têm em TI (sistemas e infraestrutura atuais, parque tecnológico etc.). A terceirização com empresas especialistas também é uma opção para consultoria e direcionamento dos melhores investimentos.

Vejo essa discussão, na verdade, como uma grande oportunidade para as empresas locais. A maturidade das companhias na região para esse tipo de negócio está evoluindo, na mesma proporção do crescimento de seu parque industrial e profissionalização das empresas. Sistemas tecnológicos caseiros, ou seja, aqueles desenvolvidos dentro de casa, podem não suportar essa expansão e por isso o tema deveria ser discutido entre os líderes e gestores não só de TI, mas das áreas de negócios. A boa gestão de uma empresa é fruto de uma boa gestão da tecnologia. A minha expectativa é que, em breve, o mercado nordestino esteja um passo a frente e se concentre fortemente na chamada “Era Digital”, usufruindo ainda mais do mundo de possibilidades que a tecnologia pode trazer aos negócios.

Miguel Saldivar é CEO da Softtek no Brasil, empresa global que oferece serviços de Tecnologia da Informação

Artigo: Condições de trabalho e vida do docente

Por Alexei Esteves

Estamos vivenciando uma economia globalizada, onde algumas profissões estão no auge do sucesso, outras, estão principiando esse sucesso. No Brasil é notória a desvalorização da profissão docente, uma das profissões mais importante, que serve de alicerce para as demais.

Apesar da qualidade do ensino não depender apenas do professor, as instituições exigem dos docentes um maior esforço em sala de aula para melhorar a qualidade de ensino, porém, esse esforço não é reconhecido pelos seus clientes e muito menos pelo salário que recebem. Outro aspecto é que a remuneração do professor é diferenciada de acordo com cada estado e região, agravando ainda mais essa situação que já é bastante crítica.

O salário do professor é iníquo, pois mesmo realizando o mesmo trabalho, as remunerações são diferentes. Questionam também que a remuneração é arbitrária, não há uma relação entre o esforço do trabalhador e o pagamento pelo esforço. Diante disso, afirmam ser impossível identificar entre os docentes um padrão de renda e consumo homogêneo, há professores em status sociais muito distintos entre si.

Devido há esta distinção no salário e também das condições que hoje o professor enfrenta no âmbito educacional, essa profissão está quase escassa, pois muitos cursos de licenciatura estão perdendo sua clientela, ou seja, o sonho de seguir a carreira de professor está desaparecendo.Pois, por causa dessa instabilidade na remuneração e as condições de trabalho do professor que se deteriora abruptamente, torna cada vez mais a carreira de professor desinteressante.

Podemos dizer que os professores dedicam a maior parte do tempo ao trabalho, deixando de lado a família, e até se descuidando dos relacionamentos conjugais.No entanto, a isso, quando há o conflito entre trabalho e família, o trabalhador se sente roubado de um tempo que poderia ter dedicado a família, e acaba tendo uma exaustão emocional e de despersonalização. Além desse tempo roubado, outro fator que corrobora para a exaustão e despersonalização do professor, é a questão da estabilidade (ou instabilidade?) financeira que trataremos posteriormente.

Um dos pontos principais que causa o conflito familiar é a instabilidade financeira, pois o docente muitas vezes trabalha em dois ou três turnos, para dar conta de sustentar a família e viver pelo menos em melhores condições.

Viajar sempre que posso e isso é algo que todos deveriam fazer. Tirar um momento de lazer. Porque o tempo quem faz somos nós mesmos”. Portanto,o trabalho docente muitas vezes pode ocasionar um problema de stress no professor, por se tratar de uma função que exige dedicação, atenção, concentração para realizar o trabalho de forma significativa. Nesse sentido é de suma importância que o professor organize seu tempo de forma a obter um momento de lazer, prazer e tranquilidade

Este trabalho teve como objetivo conhecer a dimensão da pessoa do professor, no que tange a qualidade de vida do mesmo. Ficou evidente que a qualidade de vida é comprometida pela desvalorização profissional e o baixo salário. Os impactos da baixa qualidade de vida são decorrentes da necessidade de fazer dupla ou tripla jornada de trabalho para garantir o sustento, ocasionando assim, pouco tempo para a família, para o lazer e para cuidarem da própria saúde.

Alexei Esteves é professor doutor educação

 

 

Artigo: Respeito para ser respeitado

Por Paulo Roberto

Diante de todos os protestos que acontecem pelo mundo, principalmente no Brasil, temos que observar realmente o que está sendo reivindicado. Podemos pedir para respeitar nossa saúde, nossa educação se não conseguimos respeitar o próximo? Respeito todas as formas de protesto, pois vivemos em uma democracia, mas, a partir do momento que o respeito acaba, perdemos o direito ao que já temos e ao que pleiteamos.

Infelizmente, a sociedade passa por uma situação de inversão de valores. Muitos pedem o que não são capazes de colocar em prática. Senti na pele e de fato o peso desta inconsequência no último protesto realizado em Caruaru. Eu, como presidente da Associação dos Defensores de Direitos Humanos e dos Homossexuais do Agreste Central (Caruaru) – ADDHAC, repudio as ações desrespeitosas realizadas por uma minoria de militantes de diversas classes e que se diziam representantes da sociedade civil LGBT. Pensei: como lutamos tanto para sermos respeitados e alguns agem com tamanho desrespeito? Constrangimento e indignação foram meus sentimentos ao saber que Júnior Sherman(militante), que é empresário da noite LGBT, e a quem eu tenho respeito e admiração por ser um grande parceiro na luta contra a homofobia; Priscilla Presley, presidenta do GRGC – Grupo de Resistência Gay de Caruaru, o qual digo o mesmo; as militantes Teo Bibiano e Raquel Bibiano, e o meu querido André, que presidiu o protesto; levaram nossa bandeira do movimento à avenida, em uma demonstração legítima da democracia, a qual respeito, e terceiros se aproveitaram da situação para denegrir a imagem do chefe do executivo, desrespeitando também a nobre iniciativa dos colegas militantes e a sociedade civil LGBT, que não foi consultada. Estas atitudes não representam a sociedade civil LGBT.

No momento que fui informado de como procederiam, imediatamente, me recusei a participar, pois, como já citei, são atos que não nos representam. Ainda, as reivindicações que o pequeno grupo fazia são completamente infundadas, pois sempre recebemos o apoio do governo municipal.

Não sou nem nunca fui partidário, mas partindo do princípio do respeito e da cidadania, não posso desmerecer as ações realizadas pelo prefeito José Queiroz junto à sociedade civil LGBT. No seu governo, foi criada a Assessoria Municipal de Políticas LGBT; Caruaru sediou o encontro de gestores e gestoras LGBT; criou decreto que garante a adoção do nome social nas repartições públicas; apoia a realização das paradas Gays do Agreste Central, disponibilizando parte da infraestrutura; ofereceu transporte gratuito e café da manhã para participarmos da Parada da Diversidade, realizada em Recife; além da utilização de banheiros químicos de acordo com a identidade de gênero, o mesmo vale para as filas de revista durante os eventos públicos realizados na cidade. Reconheço que ainda precisamos de muitos avanços, mas tenho que reconhecer também que muito já foi feito por nós.

Em nome da  sociedade civil LGBT, venho pedir desculpas ao prefeito José Queiroz pelas agressões verbais realizadas por este grupo que não nos representa.Então, peço que sejamos unidos, como sociedade civil LGBT, e busquemos os nossos direitos de forma cidadã, racional e, acima de tudo, respeitosa, pois essa é uma das nossas principais bandeiras: o respeito! Nunca conseguiremos algo que não somos capazes de ser exemplo!

Paulo Roberto é Presidente da Associação dos Defensores de Direitos Humanos e dos Homossexuais do Agreste Central (Caruaru) – ADDHAC