OPINIÃO: A cultura da bola e o monopólio da Fifa

Por DANIEL FINIZOLA

Estamos a poucos dias de assistir um dos maiores espetáculos do globo, a Copa do Mundo. Em 2007, ano em que o Brasil foi escolhido para sediar o torneio, isso era motivo de orgulho e felicidade para 79% dos brasileiros, segundo o Datafolha. Afinal de contas, somos o país que detém cinco campeonatos mundiais e os maiores craques do mundo, histórico que nos deu o título de “país do futebol”, certo? Mas parece que a população, de uma maneira geral, se cansou de ser apenas o “país do futebol”.

Ano passado, quando estouraram as manifestações de junho, víamos vários cartazes nas ruas com frases do tipo “Queremos saúde e educação padrão Fifa”. Parece que caiu por terra o discurso de que grandes eventos mudam um país. Mais uma falácia do modelo desenvolvimentista, ou seja, crescimento a todo custo, adotado pelos gestores que chegaram ao poder no Brasil. O que de fato muda um país é a interação consciente e qualificada da população junto às esferas de poder, seja privada ou pública.

A Copa é um negócio de muitas cifras. Quem sedia o evento ganha visibilidade internacional, impulsiona a economia, mesmo que de forma sazonal, não há como negar. Muitos se apoiam na retórica de que a Copa deixa um grande legado de infraestrutura que vai beneficiar o país, mas aí eu pergunto: é preciso uma Copa para gerar infraestrutura que atenda às demandas da população? Não deveria ser assim, concordam? É preciso analisar e ver quem de fato mais vai se beneficiar com essas obras. Com certeza, a especulação imobiliária anda ganhado espaço nesse jogo milionário. As arbitrariedades que envolveram as desapropriações para a realização das ações da Copa fizeram o “país do futebol” sentir vergonha. Quem não lembra do triste episódio envolvendo o Museu do Índio no Rio de Janeiro? Esse é apenas um dos vários episódios em torno das desapropriações em nome do evento Fifa.

O BNDES concedeu empréstimos generosos para as empreiteiras que estão à frente da construção dos estádios. Juros baixíssimos, algo em torno de 0,9% ao ano. Bom demais, não? O problema é que o orçamento de todos os estádios estourou, e não foi pouco. As empreiteiras pegaram empréstimos no limite do permitido. Vejamos: supondo que eu seja dono de uma empreiteira e orço o estádio em R$ 745,3 milhões, mas, supostamente, o dinheiro não deu. Então pego mais alguns milhões emprestados com esses juros camaradas. Aplico o dinheiro em uma instituição com juro maior, lucro algumas centenas de reais no mercado financeiro e pago o empréstimo ao BNDES. Alguém duvida que isso esteja acontecendo? A Copa, sem dúvida, é um meganegócio para as empreiteiras. Ainda temos grandes questões a debater, como, por exemplo, qual será a real utilidade dos estádios após o fim da Copa? Vejamos o estádio de Brasília, um dos mais caros construídos para o evento. Custou a bagatela de R$ 1,4 bilhão. Qual a tradição futebolística que a nossa capital tem? Sendo assim, seria bom analisar o custo-benefício de uma obra como essa, não?

A Fifa, instituição que procura monopolizar a cultura do futebol no mundo, é uma empresa constituída de pouca transparência, muita exigência, lobby e corrupção. Nos últimos anos procurou aportar seus eventos e influência em países com instituições democráticas frágeis, impondo um modelo de produção e comercialização do evento que garante a todo custo lucros exorbitantes para ela e seus parceiros. A famigerada Lei da Copa, aclamada pela maioria de oposição e situação, interfere diretamente na Lei de Responsabilidade Fiscal, gerando o endividamento acima do permitido pelos municípios que vão sediar o Mundial. Isenta a Fifa do pagamento de impostos, libera visto de trabalho para os indicados da entidade máxima do futebol e por aí vai.

O Brasil virou rota de vários eventos internacionais, seguindo a lógica da visibilidade e crescimento econômico que o país passou a ter nos últimos dez anos. Eventos como a Copa, que fazem uso de dinheiro público, devem ser envolvidos de uma cultura de transparência, controle social e participação popular, ou seja, valores que passam longe da filosofia da Fifa.

Até semana que vem.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Precisamos ir além das bananas e dos macacos

Por DANIEL FINIZOLA

Esta semana, a internet foi tomada por bananas e macacos. Tudo teve inicio quando um torcedor do Velho Mundo, tido como civilizado, jogou uma banana no jogador brasileiro do Barcelona, Daniel Alves. A banana tinha por objetivo incitar o racismo, comparando o jogador a um macaco. O brasileiro não perdeu tempo, nem a banana. Tratou de pegar a fruta, descascar e comer, ali mesmo, na frente de todos e todas. Tudo televisionado. Era um protesto, certo?

Para entender o racismo, é preciso retomar a história e perceber que o Velho Mundo tem um forte histórico de racismo e xenofobia. Em tempos de mercantilismo, o comércio de homens negros era uma grande fonte de lucro para os homens brancos que também usavam as crenças religiosas católicas para justificar o ato. Por volta do século XIX, com a segunda fase da Revolução Industrial e o neocolonialismo, os europeus avançaram sobre a África e a Ásia, praticando todo tipo de violência contra os povos africanos, roubando suas riquezas. A justificativa dos europeus para tais atos era bonita: “Precisamos levar a civilização para os africanos”. Na verdade, o que o Velho Mundo deixou para a África foi muita morte, exploração e desestruturação das organizações sociais africanas. Isso sem falar nas teorias de superioridade de raça, nos atos xenofóbicos nazistas e nas recentes ações de grupos como os skinheads.

A colonização brasileira exercida pelos europeus disseminou o patriarcalismo, clientelismo e o racismo em nossa sociedade. Infelizmente, esses valores continuam latentes. As sequelas vão se revelando nas estatísticas dos jovens negros assassinados nas periferias, na violência contra a mulher ou no preconceito contras as religiões de matriz afro. A colonização norte-americana também fez uso do trabalho escravo e, da mesmo forma que aconteceu no Brasil, a abolição da escravidão não representou a inclusão social e econômica dos negros.

Mas, o que dizer de jogadores que são milionários e ainda continuam sofrendo com atos racistas? Isso só indica que não é simplesmente uma questão de grana, mas de construção simbólica e social. Pense e analise como a história do negro foi tratada na sua escola, isso quando ela é citada.

Geralmente fala-se da comida, da música e da dança, não é mesmo? Tudo com um ar meio exótico como se isso não fizesse parte do que somos.

Vejo muitas instituições de ensino comemorando o Dia de São Patrício com cartazes e vestimentas verdes – nada contra a manifestação para o santo irlandês, mas é algo que não está diretamente ligado à nossa cultura. Agora, uma pergunta: alguém lembra de ter visto alguma comemoração na escola ou na faculdade em homenagem à Iemanjá, Ogum ou Oxalá?

De modo geral, a história da etnia negra não ganhou destaque nas grandes narrativas positivistas, que, por sinal, ainda fundamentam muitos dos livros de história de ensino básico no Brasil. Dentre vários outros, esse é um dos fatores que contribuem de forma significativa para que jovens e adultos tenham grande dificuldade de entender e conviver com diversidade cultural e econômica que constitui este país.

Racismo é coisa séria! Precisamos ter cuidado para que a espetacularização da ironia feita por Daniel Alves, ao qual não tenho nada contra, não venha esvaziar o debate que provocou.

Até semana que vem.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Menos hipocrisia e mais beijinho no ombro (Parte II)

Por DANIEL FINIZOLA

Ao escrever o texto da semana passada, sabia que iria provocar debates e reflexões. Normal. Estou exercitando um pouco da maiêutica, incitando o diálogo sobre o tema, que me parece bem pertinente ao atual contexto cultural, social e econômico que vivemos, algo parecido com o que o professor do Distrito Federal fez com sua polêmica prova. Os comentários no blog e nas redes sociais foram ótimos! Alguns extremamente interessantes, enquanto outros preocupados em distribuir rótulos – até ganhei alguns.

Vamos ao que interessa.

Precisamos analisar que vivemos em uma sociedade de classe e, como tal, fomos acostumados a desenvolver uma certa visão hierarquizada das coisas. Com a cultura não seria diferente. Criamos a ideia de que uma cultura é “boa” ou “ruim”; muitas vezes, a partir de um julgamento moral, social e estético do artista que a produz. É preciso questionar. Quais as variáveis e os parâmetros que fazem uma cultura ser “boa” ou “ruim”? Há um porquê dessas nomenclaturas. Vejamos o conceito de “cultura popular”. Ora, se existe o conceito “popular” é porque existe uma antítese, a erudita, e a quem interessa essa divisão? Quem a criou e por que criou? Ela faz parte da lógica de uma sociedade economicamente desigual.

Ao invés de rotular e segregar a produção cultural das classes menos abastardas, devíamos procurar entender o porquê dessa expressão cultura de acordo com o contexto em que está inserida. É fato comprovado estatisticamente que o crescimento da renda das classes C e D aumentou o acesso aos bens de consumo, os quais possibilitam a propagação da informação. Em meio a tudo isso, surge um novo nicho de mercado que interessa a muita gente. Roupas, produtos de beleza, música são apenas alguns exemplos dos bens que vão se inserindo nesse novo contexto mercadológico. Alguém deve lembrar daquele programa “Esquenta”, da Globo. Ele é um dos símbolos midiáticos dessa nova dinâmica do mercado.

É nesse cenário que o polêmico funk ostentação ganha destaque na mídia alternativa e tradicional. Ele é fruto de um contexto social novo, no qual vários estudiosos da sociedade vêm se debruçando, procurando entender fenômenos como o “rolezinho”. A visibilidade que a cultura da periferia ganhou na mídia e nos espaços de mercado nos últimos tempos incomoda muita gente, externa o preconceito velado e expõe nossas feridas sociais e históricas. Para muita gente, ficou difícil e insustentável dividir espaços virtuais, midiáticos e reais, antes frequentados e utilizados apenas por alguns grupos sociais.

O debate precisa e deve ir além da arte que se produz na periferia. Essas manifestações culturais estão diretamente ligadas ao desejo de afirmação social e econômica das classes mais baixas, alimentado ainda mais o mito capitalista da inclusão pelo consumo e exposição. Nada muito diferente das classes mais abastadas, que também exercem sua afirmação social, seja pelo poder econômico, seja pela educação formal a que teve acesso – a mesma educação que hierarquiza os saberes e acha um absurdo uma cantora de funk ser considerada pensadora.

Valeska Popozuda, como tantos outros, virou fenômeno midiático porque há uma indústria do entretenimento por trás, fazendo a coisa acontecer. Isso significa muito dinheiro e estratégia de marketing. É um negócio! Da mesma forma que ocorre com o Kiss, Iron Maiden, Roberto Carlos e Lenine. Guardadas suas devidas proporções, claro! Há algum tempo, bastava o artista fazer um disco mais “conceitual” e vender menos para o seu contrato na gravadora ficar ameaçado.

A lógica do mercado fonográfico hoje é mais complexa do que a que tínhamos nos anos 80. O mundo virtual abalou o poder das gravadoras e deu uma nova dinâmica ao mercado fonográfico. Perceba que há uma grande volatilidade no mercado da música nos últimos tempos. Ontem foi “Gangnam Style, hoje é “Beijinho no Ombro” e amanhã virá outra. E assim a indústria do entretenimento segue fazendo produtos culturais cada vez mais passageiros, mas repito: é preciso entender os porquês desses fenômenos que não são de hoje e não são algo exclusivo da música. O debate precisa caminhar sem reducionismo ou colocações preconceituosas.

Eu não curto a estética artística do funk, nem do forró estilizado, por exemplo. Não coloco no meu carro para escutar, mas o meu gosto musical não me dá autoridade nem poder para dizer qual arte é “boa”. Eu simplesmente não gosto enquanto estética artística, como também não gosto do realismo na pintura. Isso não quer dizer que ela é “ruim”. Respeitar o funk como expressão cultural da sociedade brasileira não obriga você a frequentar um baile funk, mas também não te dá o direito de dizer que é algo que não “presta”. Tenho críticas às músicas de discurso sexista tão presente no funk, ao mesmo tempo, há várias músicas ligadas ao funk que quebram paradigmas ligados ao corpo feminino, instituídos durante séculos de repressão sexual, algo que ainda é tabu na sociedade brasileira.

É bom deixar claro que esse texto não tem a pretensão de explicar todas as questões que circundam esse tema. Várias lacunas vão ficar e merecem ser discutidas. Cabe a cada pessoa propagar o debate tendo em vista que a grandeza e riqueza da cultura humana está na sua diversidade e relações. Sigamos com mais respeito e menos preconceito.

Até semana que vem.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Caruaru na #ArenaNETmundial

Por DANIEL FINIZOLA*

Recentemente o mundo foi surpreendido por escândalos de espionagem via rede mundial de computadores. Vários países demonstraram indignação e incitaram o debate sobre a necessidade de se preservar a privacidade de todos e todas na internet. Com o desenvolvimento da sociedade da informação e o barateamento das tecnologias de transmissão de informação, cada vez mais se amplia a interação de culturas, ações econômicas e de poder político. O elemento internet abalou com as estruturas da comunicação tradicional e fez o homem pensar novas estratégias de transmissão de informação.

O debate sobre a internet, seu futuro e seu papel social cresce em todo o mundo. Novas ideias e conceitos vão surgindo e ganhando força. Ao mesmo tempo, crescem os questionamentos sobre quem é esse novo homem que todos os dias respira e vive o universo virtual. Quais as implicações sociais, políticas e econômicas que o desenvolvimento da cibercultura provoca na sociedade contemporânea? Não há como fazer todas essas perguntas sem discutir os modelos de economia e estado que nós temos e como eles estão se relacionando com a internet.

O Brasil é um dois países responsáveis por incitar esses debates no mundo. Nos dias 22, 23 e 24 de abril será realizada em São Paulo a #ArenaNETmundial. O evento tem por objetivo promover e potencializar diálogos que já acontecem na web. Temas como privacidade, segurança na internet, cibercultura, direitos autorais na era da internet, novas formas de participação social em rede, soberania digital, internet e direitos humanos serão discutidos em oficinas de capacitação, painéis temáticos e conferências. O evento terá cerca de mil participantes e representantes de mais de 70 países. Todo o evento será transmitido via internet e todos os caruaruenses poderão acompanhar e participar a partir do site do Gabinete Digital (www.gabinetedigitalcaruaru.com.br).

O encontro é organizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo e contará com a presença de vários palestrantes, ativistas virtuais, artistas e colaboradores, a exemplo de Demi Getschko, um dos primeiros a militar e debater a efetiva participação da sociedade nas decisões que envolvem a implantação e administração no uso da rede.

Em Caruaru, a criação da secretaria de Participação Social e o desenvolvimento de políticas públicas de caráter digital, através da Gerência de Participação Digital, fizeram com que a cidade ganhasse destaque no debate sobre governança digital no país. Isso levou Caruaru a ser convidada para participar da #ArenaNETmundial.

Eventos como esse possibilitam a troca de experiências e análises dos desafios que os novíssimos conceitos de governança digital, democracia 2.0 e participação digital têm pela frente. Acompanhe a programação no site do Gabinete Digital e #participe.

Segue a lista dos temas, horários e datas que serão debatidos:

1. 22/04 – 19h Internet pra consolidação da democracia no continente.

2. 23/04 – 11h Uma nova democracia na sociedade em rede.

3. 23/04 – 14h Governança da internet.

4. 23/04 – 16h A internet e os direitos humanos.

5. 23/04 – 19h #Web25 – uma carta magna global para internet.

6. 24/04 – 11h Direitos autorais na era da internet.

7. 24/04 – 14h Mobilização pelo Marco Civil da internet.

8. 24/04 – 16h Novas formas de participação social em rede.

9. 24/04 – 19h Soberania digital e vigilância da era da internet.

*Daniel Finizola é colunista do blog e gerente de Participação Digital da Prefeitura de Caruaru. Twitter: @DanielFinizola

PARTICIPAÇÃO

Para colaborar, basta enviar e-mail para blogdowagnergil@gmail.com. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do blog.

OPINIÃO: Menos hipocrisia e mais beijinho no ombro (Parte I)

Por DANIEL FINIZOLA

Semana passada, um fato chamou a atenção de milhares de brasileiros nas redes sociais:o professor Antônio Kubitschek, de Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, pôs em sua prova a seguinte questão: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente é?” Era uma questão de múltipla escolha, em uma prova de filosofia. Pronto! De repente, surgiram indignados defensores da “boa cultura” e dos “bons costumes” por todos os lados. Várias pessoas compartilharam a foto da questão com frases do tipo: “Isso é um absurdo”, “É o fim da escola pública”, “Esse professor é louco”, “Não acredito!”

O que não dá pra acreditar é no tamanho da hipocrisia da sociedade brasileira, em especial, de parte da classe média que adora exercer o seu discurso “cult ostentação”. Se a música vem da periferia é logo tachada de “pouco inteligente”, “coisa de gente sem educação”. Os “intelectuais” da arena virtual não tardam em corrigir os erros de concordância das composições e se gabam do seu belo português, geralmente utilizado para criar uma relação de poder frente aos que não tiveram acesso a uma “boa” educação. Sim, boa entre aspas. Não se engane! Hoje, o ensino propagado nas escolas é refém das provas que ditam o acesso às universidades, isso é algo que distorce de forma significativa a finalidade da educação básica no país. Criamos a ilusão de que a boa educação básica é aquela que garante o acesso à universidade. Será? Cada vez mais, a leitura de mundo é individualista, segregadora e pouco colaborativa, fruto de uma educação que fortalece esses valores no seu cotidiano. O assunto é muito bom e merece um artigo só sobre ele. Mas, voltemos aos recalques sociais.

Há muitos senhores moralistas que detestam, odeiam e demonizam o funk ostentação e “inculto”, mas que adoram ouvir o bom e velho rock n’ roll. Recordo-me de uma música do Nirvana que diz “Rape me, my friend”, ou seja, “estupre-me, meu amigo”. Nessa hora, vale quem fala a frase. Nesse caso, foi Kurt Cobain que falou, então, há todo um sentido: maníaco, drogado, depressivo, que justifica a frase no contexto da música e tal. Não é mesmo? Mas, caso algum funkeiro ou funkeira utilize-se dessa frase em uma música, tendo por objetivo chocar a sociedade e chamar atenção para um problema social, não iria tardar a aparecer moralistas e “intelectuais” com a expressão “Absurdo!”, “Que música horrível!”, “Que mau gosto!”. A causa poderia ser nobre, mas a primeira coisa a ser julgada seria a origem e a estética da música, renegada por muitos “intelectuais” que geralmente costumam seguir a lógica provinciana de que bom mesmo é a música que vem de fora ou aquela feita pela nata intelectualizada do país, que adora fazer músicas com rimas ricas cheias de palavras proparoxítonas.

Olhe que o rock está cheio de expressões como essa da música do Nirvana. É só uma banda de rock gringa falar em drogas, loucuras e sexo, pra classe média cult se reunir em torno de uma boa cervejada e comentar orgulhosa as atitudes, digamos, “pouco ortodoxas”, dos seus ídolos do rock. Por outro lado, veste a carapuça da hipocrisia e não tem coragem de sentar pra debater com a sociedade a descriminalização da maconha, por exemplo. Mas adora dizer que tem cultura só porque escuta músicas do Velvet com frases do tipo: “Heroin it’s my wife”.

Esse assunto é instigante e merece que continuemos semana que vem.

Beijinho no ombro para todos e todas.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: O eterno espírito jovem do grunge

Por DANIEL FINIZOLA

Quando pequeno, já gostava de música e arte de modo geral. Lá por volta dos 17 anos, eu era um adolescente calado, às vezes problemático, mas sempre observador. Tinha como trilha sonora as músicas de Zé Ramalho. Até que um dia veio o convite de um colega para assistir ao ensaio de uma banda. Lá eu conheci o vocalista, nos tornamos grandes amigos e, aos poucos, ele foi me apresentando músicas e bandas que já eram sucesso nos headfones dos adolescentes no mundo todo há muito tempo, mas não fazia parte do meu universo musical.

Entre essas bandas havia um grupo de Seattle (EUA) que era barulhenta e tinha lançado seu primeiro trabalho em 1989, intitulado “Bleach”, por uma gravadora independente. Ora, eu era um menino de nove anos que morava no interior de Pernambuco e não fazia a mínima ideia que esse grupo existia. Naquela época, não tinha internet e o acesso à informação era bem mais complicado que hoje. Dependíamos de colegas que nos apresentassem novos sons. O bom é que sempre havia amigos com grana pra comprar discos e dispostos a ampliar o leque de pessoas que pudessem curtir aqueles sons que estouravam fora do país.

Em 1991, Nirvana lança “Nevermind”. Agora, com uma grande gravadora e com novos integrantes, o trio composto por Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl estourou nas paradas de sucesso de todo os EUA. A música “Smells Like Teen Spirit” passou a ser símbolo de toda uma geração, que todo dia via o clipe da música na MTV. Os estadunidenses e o mundo passaram a ver e sentir a força do grunge, com seu jeito despojado, negando toda e qualquer teatralidade dos movimentos musicais anteriores. As letras cheias de angústia e sarcasmo marcaram bandas como Alice in Chains, Pearl Jam, Mudhoney, Stone Temple Pilots, Soundgarden e tantas outras.

Recordo-me que a primeira vez que vi um vídeo do Nirvana, me impressionou a “viceralidade” das notas e do comportamento dos caras no palco. Os berros de Kurt Cobain, as batidas agressivas de Grohl e o baixo marcante de Novaselic deram uma particularidade ao som do Nirvana que rompia com uma estética musical que já estava estagnada há anos. Pena que Cobain tinha dificuldades em lidar com suas crises pessoais e com o sucesso. Seguindo a maldição dos 27 anos – que levou figuras como Jimmy Hendrix e Jim Morisson –, há 20 anos o líder do Nirvana foi encontrado morto em sua casa,  no dia 4 de abril de 1994, na cidade de Seattle, depois de uma overdose de heroína.

Pois bem, alguns anos após a morte de Cobain, tive contato com toda a discografia do Nirvana graças a amigos como Emeton Kroll, Victor Hugo e Arimateia. Com esses caras, montei uma banda que inicialmente se notabilizou por fazer covers do trio de Seattle. Não faltavam no repertório músicas com “Rape Me”, “Love Buzz”, “Territorial Pissings”, “Aneurysm”, entre outras.

Não há dúvida que Cobain e sua turma foram revolucionários da música. O poder midiático estadunidense transformou essa revolução em um fenômeno mundial, que rendeu fortunas para as gravadoras e um legado que ainda vive com um espírito jovem.

Até semana que vem!

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: A tábua de esmeraldas

Por DANIEL FINIZOLA

Durante o final do século XIX e início do século XX, vários intelectuais brasileiros começaram a questionar os nosso modelos culturais que viviam sob forte influência da efervescência europeia que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. No Brasil, movimentos como a Semana de Arte Moderna (1922) satirizavam e buscavam construir um discurso de valorização e identificação da cultura nacional. Essa construção também foi envolvida por vários equívocos, mas que não é nosso objetivo debatê-los agora.

No campo da música, o samba vai se constituindo como símbolo nacional, estudado por vários intelectuais brasileiros no início do século XX. A aproximação com os yankees nos leva ao desenvolvimento de um estilo musical rebuscado, meio jazz, meio samba, entrando para história como Bossa Nova. A tal “Garota de Ipanema” ganhou o mundo e deu visibilidade internacional à música brasileira.

Lá pelos anos 70, do século passado, apareceu um disco que, no meu entender, é uma das melhores expressões da musicalidade brasileira que já ouvi. Sempre me chamou a atenção o balanço do violão associado a melodias geniais e letras que mesclam misticismo, história, cotidiano e amor. O título já faz referência a possibilidades de experiências e misturas, características que também marcam a história do Brasil e da sua música. Estamos falando do swing de Jorge Ben Jor – na época conhecido como Jorge Ben – e a sua magnifica “Tábua de Esmeraldas”.

Esse título faz referência aos textos que deram origem à prática da alquimia. Logo de cara, o disco começa com a música “Os Alquimistas”. Jorge Ben cria um composto musical com elementos que, ao longo do tempo, foram denominados de Samba Rock. O disco segue com “O Homem da Gravata Florida”, música que impressiona pelos detalhes da gravata descritos com uma maestria tropical e uma pitada de psicodelia.

A música “Errare Humanum Est” (errar é humano) nos leva a questionar o que há além do limite dos nosso olhos. Sem dúvida, essa música tem tudo a ver com o livro “Eram os Deuses Astronautas?”, do controverso escritor suíço Erich von Daniken, que levanta várias teorias sobre a chegada de extraterrestres em nosso planeta.  Será? A música começa: “Tem uns dias / Que eu acordo / Pensando e querendo saber / De onde vem nosso impulso / De sondar o espaço”. Recentemente essa música ganhou uma nova versão com o projeto Almaz de Seu Jorge e alguns integrantes da banda pernambucana Nação Zumbi. Vale a pena conferir.

Um das musas do disco chama-se “Magnólia”. Segundo Jorge Ben, alguém que haverá de chegar na primavera voando em sua nave linda e veloz com forro de veludo rosa. O lado B abre com: “A Minha Teimosia é uma Arma pra te Conquistar”. Essa é uma daquelas músicas que você cantaria o dia todo para aquela paixão que não quer saber de você. “Zumbi” é uma faixa que emociona pela simbologia histórica que carrega. A música descreve a venda de escravos, o cultivo da cana, do café e do algodão, além da violência que se imprimiu à etnia negra. Essa música acabou sendo gravada por músicos de várias gerações. Em “Brother”, Jorge Ben declara seu amor e fé em Cristo, dando ao disco um ar sincrético e internacional, já que essa música ele canta em inglês: “Jesus Christ is my Lord, Jesus Christ is my friend”. A última faixa do disco, “Cinco Minutos”, ganhou uma releitura com Marisa Monte no seu aclamado disco “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” (2000).

Resolvi fazer esse texto porque, em 2014, “Tábua de Esmeraldas” completa 40 anos. Sem dúvida, um disco emblemático para a música brasileira. Então não perca tempo! Vamos comemorar essa obra-prima escutando “Os alquimistas estão chegando…”

Até semana que vem.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Os tempos são outros (Parte II)

Por DANIEL FINIZOLA

Que a indústria fonográfica está em crise, todo mundo sabe! As grandes transnacionais já não ganham tanto dinheiro com a venda de disco. Há tempos, Caetano, com sua imaginação e genialidade, cantou: “Eu vou fazer uma canção de amor, para gravar num disco voador”. Hoje caberia a frase: “Eu vou fazer uma canção de amor, para gravar no computador”.

A tecnologia aplicada à música possibilitou um barateamento na produção de trabalhos fonográficos. Antes, era preciso muita grana para contratar horas de estúdio e fazer uso da cara tecnologia que viabilizava a produção do CD. Isso mudou. Agora os homes studios se multiplicam, facilitam e barateiam a produção. Não há mais pressa, nem gerente de gravadora dizendo o que você pode ou não fazer na música. Você está na sua casa ou no estúdio do amigo curioso. Ao mesmo tempo, muitos viraram o músico, o técnico e produtor do seu próprio disco. Os artistas de hoje vão se multifacetando e ampliando os seus conhecimentos para além da inspiração e da criação.

Aos poucos, muitas gravadoras foram abandonando os artistas, e muitos artistas também abandonaram as gravadoras. Muitos eram contratados para reproduzir o que o mercado determinava como som vendável, ou seja, estreitando o horizonte da arte em nome dos interesses econômicos das transnacionais do entretenimento. Mecanismos como o famoso jabá ditavam e ainda ditam qual será a música da moda. A popularização da internet vem mudando esse quadro. A ala dos artistas independentes vem crescendo nos últimos anos e, junto com ela, um público.

O cantor Cícero é um bom exemplo de tudo isso que estamos falando. Inicialmente sem grande esquema de divulgação na grande mídia, seu primeiro disco ganhou a internet e virou febre no Brasil. Também podemos citar artistas como Wado, Criolo, A Banda Mais Bonita da Cidade, Bárbara Eugênia e os caruaruenses Almério e Valdir Santos, que produziram seus trabalhos de forma independente e vêm ganhado o universo virtual.

Mas é importante perceber que a produção de um disco é constituída de um conjunto de pessoas e ações que agregam valor à obra. Isso vai da arte impressa na capa aos arranjos aplicados à música. Muitos têm o hábito de pegar o encarte, saber quem são os compositores, ler a ficha técnica, saber quem são as pessoas que gravaram cada instrumento ou em que estúdio a obra foi concebida. Ter o registro físico de uma obra fonográfica em suas mãos é uma sensação que vai bem além da que costumamos ter ao abrir uma pastinha com músicas no computador. É fato que a música digital deu mais alcance aos artistas que não têm espaço na grande mídia, ao mesmo tempo que ampliou o anonimato de todos que participam da produção do trabalho. Nem todo mundo tem o cuidado de, ao divulgar a música na internet, registrar todos que fizeram parte da concepção do trabalho. Uma pena!

Há quem romantize o debate, apontado que, com a música digital, a produção fonográfica perdeu muito do seu conjunto enquanto obra artística (capa, o encarte e as concepções de modo geral). Há pessoas que fazem um debate econômico, mostrando a violação de direitos autorais na internet e os prejuízos que isso causa.

São os avanços e dilemas da cultura digital.

Até semana que vem.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Os tempos são outros (Parte I)

Por DANIEL FINIZOLA

Você que tem por volta dos trinta e poucos anos deve lembrar daquele vinil da Xuxa. Um grande fenômeno do mercado fonográfico no Brasil e na América Latina. A criançada pirava. Queria o disco da Xuxa de todo jeito. Quando a adolescência chegava, lá vinham os vinis de rock nacional e internacional. No rolezinho pela rua, costumava carregar um walkman e uma fita com um adesivo – lado B internacionais. Isso era o garoto classe média dos anos 80.

Era uma geração sedenta por novas experiências sonoras, corporais, visuais, intelectuais… Era preciso ouvir e sentir algo que libertasse a alma e o corpo para além dos discursos saturados e maniqueístas de uma Guerra Fria delirante e vergonhosa que deixou como legado para o Brasil uma ditadura sanguinária. O mundo havia assistido uma exibição de poder que nem a lua escapou de ser simbolicamente conquistada.

É nesse contexto que o mercado fonográfico internacional e nacional respira ares de bonança. Os norte-americanos fincaram no mercado ícones como Madonna e Michael Jackson, “deuses” da cultura pop que vendiam milhões de discos e entravam em nossas casas com os filmes da Sessão da Tarde. Muitos até hoje lembram de temas de filmes como “Top Gun” e “De Volta para o Futuro”.

O nosso país, aos poucos, começava a respirar democracia. O rock nacional mostrava o tamanho da sua poesia, rebeldia e mercado, consagrando-se com a realização do Rock in Rio em 1985. Queen, Ozzy Osbourne, AC/DC no palco do maior festival do país, para o delírio de toda uma geração. Era um novo Brasil, cheio de esperança e inflação.

Tempos depois, o famoso “bolachão preto” foi substituído pela pequeno disco brilhante, denominado compact disc. A sensação de comprar um CD e retirar aquele – sempre difícil – invólucro era muito boa. Virou febre. Bastava uma promoção na extinta Comeg Center, da avenida Rio Branco, para todos se amontoarem em busca do CD da banda preferida. Lojas de CD se multiplicavam e a indústria fonográfica continuava lucrando. Hoje, encontrar uma loja de CD não é tarefa fácil.

Mas os tempos são outros. Com o advento da internet e o compartilhamento de arquivos de música na rede, a indústria fonográfica gradativamente entrou em crise. Muitos acreditam que o “boom” da indústria fonográfica tenha ocorrido entre 1984 e 2000. Steve Knopper, editor da revista Rolling Stone, afirma que as gravadoras tendem a sobreviver apenas dos antigos catálogos.

A comercialização da música via internet vem crescendo rapidamente nos mercados emergentes, criando novas culturas em torno do consumo de produtos fonográficos. Existem vários pontos positivos e negativos nesse novo jeito de consumir música. Há quem diga que CD é passado, o pen drive é presente e o vinil é futuro, será?

Semana que vem tem mais sobre esses novos tempos do mercado fonográfico.

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br

OPINIÃO: Capoeira

asasasasa

Mestre Bimba é recebido pelo presidente Getúlio Vargas: luta pela liberação da capoeiragem

Por DANIEL FINIZOLA

Há alguns dias, fui convidado para uma roda de diálogo sobre capoeira. Fiquei impressionado com o nível de organização e o compromisso que os grupos têm, todos conscientes da necessidade de debater o tema com a sociedade. Confesso que fiquei emocionado ao ver o brilho nos olhos de cada pessoa que falava. Senti que naquele momento não estávamos debatendo apenas a capoeira, mas a identidade cultural do meu país.

Hoje, Caruaru possui cerca de 16 grupos de capoeira. Entre eles encontramos: Falcão Negro, Balé Capoeira, Voo da Águia, todos grupos genuinamente caruaruenses. Cada grupo adota um estilo dentre os que se desenvolveram ao longo do tempo no país. De modo geral, a capoeira é um esporte, um misto de luta e dança com golpes acrobáticos cheios de ginga embalados por uma sonoridade de origem africana. A capoeira foi muito utilizada no Brasil pelos negros no período da colônia e no império como instrumento de luta. Com a proclamação da República, a capoeira passou a ser proibida pelo Código Penal brasileiro em seu capítulo XIII:

“Capítulo XIII – Dos vadios e capoeiras

Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal”.

A prática da capoeira podia render 300 açoites ou até mesmo uma prisão com trabalhos forçados na ilha de Fernando de Noronha. A partir dos anos 30 do século passado, o mestre Bimba encabeça a luta pela descriminalização da capoeira no contexto nacionalista da era Vargas. Pouco tempo depois, a capoeiragem foi liberada e reconhecida como esporte nacional.

Em Caruaru, o Narcab (Núcleo de Apoio e Resistência à Cultura Afro-Brasileira) vem fazendo o trabalho de conscientização com oficinas e rodas de diálogo. A luta é para que o Estatuto da Igualdade Racial seja de fato respeitado. Estatuto que aponta na seção IV a necessidade de fomentar a capoeira – seja como luta, dança esporte ou música.

Recentemente, vimos atos de preconceito contra jogadores de futebol em cadeia nacional. Pior é ouvir uma galera batendo no peito e afirmando que “esse lance de racismo não existe mais no Brasil”. Agora, pergunte se os jogadores que sofreram racismo comungam dessa mesma ideia? Em 2003, foi criada uma lei que propõe novas diretrizes para o estudo da história, da cultura afro-brasileira e africana. Lembre que no seu livro didático do ensino fundamental e médio dificilmente você via um capítulo que tratasse da história da África. Um absurdo, não? Já que a etnia negra é tão importante na nossa constituição cultural. Isso é fruto de uma historiografia eurocêntrica que determinou os rumos da visão histórica durante anos, violentando a identidade dos indígenas e negros. Cabe às escolas abrir o diálogo sobre temas como racismo, que lamentavelmente ainda assola a sociedade.

Hoje, os jogos escolares estão cheios de modalidades esportivas oriundas de vários lugares do mundo. Acho ótimo! Nada contra. Mas, por que não colocamos a capoeira, esporte genuinamente nacional, como modalidade? É um grande exercício físico, atende a parâmetros curriculares educacionais, fortalece e preserva nossa identidade cultural.

Eu defendo essa ideia. E você?

daniel finizola

 

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br