Cunha liga homem forte de Temer a rombo na Caixa

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acusou o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, homem forte do governo Michel Temer, de estar por trás de irregularidades na operação para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio.

Ao classificar Moreira como “o cérebro” da gestão Temer, Cunha disse que o novo plano de concessões “nasce sob suspeição” e deu sinais de que pode atingir o presidente. “Na hora em que as investigações avançarem, vai ficar muito difícil a permanência do Moreira no governo”, afirmou, na primeira entrevista exclusiva após perder o mandato.

Ex-presidente da Câmara, Cunha é suspeito de ter cobrado da empreiteira Carioca Engenharia R$ 52 milhões de propina em troca da liberação de verbas do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para o Porto Maravilha, projeto de revitalização da região portuária. Ele chama a denúncia de “surreal” e aponta o dedo para Moreira.

Dilma prepara anúncio de rombo de até R$ 50 bi nas contas de 2015

Do Blog do Fernando Rodrigues

O governo envia para o Congresso nesta semana uma nova meta para o Orçamento de 2015. O ano começou com uma previsão de superávit primário de 1,13% do PIB (R$ 66,3 bilhões). Em julho, caiu para 0,15% (8,8 bilhões).

Agora, o governo finalmente vai admitir que haverá déficit, pois faltará dinheiro para fechar as contas em 2015. O rombo ficará na faixa de -0,5% a -0,85% do PIB. O buraco total, na previsão mais pessimista (a mais provável), equivale a R$ 49,9 bilhões.

Dilma Rousseff estará de volta ao Brasil na 4ª, depois de fazer um giro internacional pela Escandinávia. Vai revisar o que a equipe econômica apresentará de previsão de déficit para este ano. Só então a nova meta orçamentária vai para o Congresso.

Os números estão sendo ajustados pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). Colaborou nesta apuração o repórter do UOL Mateus Netzel.

Uma opção para reduzir o percentual do déficit seria expurgar do cálculo determinados investimentos em infraestrutura. Mas há no governo o temor de que isso venha a ser interpretado como maquiagem das contas.

PEDALADAS ZERADAS

O déficit resultará enorme neste ano porque o governo tomou a decisão de incorporar as “pedaladas fiscais” que continuaram a ocorrer em 2015. As “pedaladas” consistem em tomar dinheiro de bancos públicos para pagar certas contas do governo central.

A ideia é terminar o ano zerando esse problema para debelar o risco de impeachment de Dilma Rousseff, caso o processo seja instalado. O principal argumento da oposição contra Dilma é que houve “pedaladas fiscais” agora em 2015.

IMPACTO

Quem sabe fazer contas já poderia ter intuído que haveria déficit neste ano. Mas a oficialização do percentual tem potencial para produzir um abalo nos mercados financeiros.

Será a consolidação do fracasso de política econômica contracionista deste segundo mandato de Dilma Rousseff. Acabou produzindo recessão, mas sem obter a economia necessária para fechar as contas federais no azul.

O anúncio deve aumentar o pessimismo sobre o futuro da economia. Para 2016, o déficit previsto é de 0,5% do PIB. Até agora.

RECORDE HISTÓRICO

Um déficit primário de 0,85% seria o maior já registrado desde o início da série histórica do Banco Central, em 2001. A marca superaria o único déficit primário registrado até agora, no ano passado, de 0,63% do PIB.

O resultado primário é a diferença entre receitas e despesas do governo sem considerar o pagamento de juros da dívida pública.

META FISCAL

A meta fiscal aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o Orçamento de 2015 era um superávit de R$ 66,325 bilhões, o equivalente a 1,1% do PIB.

Frente ao quadro de queda na arrecadação e previsão de recessão econômica em 2015, o governo foi obrigado a revisar os números para baixo. Um descumprimento da meta fiscal poderia incorrer em crime de responsabilidade fiscal e municiar pedido de impeachment da presidente.

Para evitar isso, o governo enviou, em 22 de julho, um projeto de lei ao Congresso que altera a LDO e reduz a meta de superávit para 8,747 bilhões, o equivalente a 0,15% do PIB.

O projeto tem como relator o deputado Hugo Leal (Pros-RJ) e se encontra parado na Comissão de Orçamento, onde precisa ser aprovado antes de ser apreciado no plenário do Congresso Nacional.

Uma estratégia similar a essa já foi utilizada em 2014, quando o governo conseguiu aprovar no Congresso uma lei que flexibilizou as metas fiscais e evitou uma responsabilização legal pelo descumprimento da meta.

Rombo de R$ 80 milhões: secretário depõe no Fórum de Caruaru

O secretário da Fazenda de Caruaru, Carlos Veras, foi ouvido na tarde de hoje na qualidade de testemunha do Ministério Público em um processo que apura possíveis irregularidades na prefeitura em 2007, época em que os gestores eram Tony Gel (deixou o Palácio Jaime Nejaim para disputar um mandato de vereador) e Neguinho Teixeira, então presidente da Câmara e que assumiu os destinos do município por nove meses, entre março e dezembro daquele ano.

O processo, de número 0002932-30/2011, está sendo tocado pela Corregedoria Auxiliar da 3ª Entrância, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, e tem como objetivo passar a limpo possíveis desvios de recursos no pagamento a empresas que prestavam serviço ao município. O hoje deputado Tony Gel (PMDB) tentou ser ouvido em Recife por ter foro privilegiado, mas o pedido foi indeferido e ele deverá comparecer ao Fórum de Caruaru na manhã desta terça-feira (25).

Quando assumiu a prefeitura das mãos de Neguinho Teixeira, o prefeito José Queiroz (PDT) apontou um rombo de R$ 80 milhões, boa parte ligada a débitos da previdência, além de alguns pagamentos sob suspeita. Na época, a administração municipal havia detectado que alguns prestadores de serviço estavam com documentação irregular, com algumas dessas empresas sendo consideradas fantasmas.

Em parte do processo consta ainda a suspeita de irregularidades em relação a uma empresa com CNPJ voltado para o setor de confecções que havia vendido material de escritório para a prefeitura. Em outro levantamento feito em 2008, foi descoberto também que uma outra companhia, que estava com o CNPJ cancelado, emitiu várias notas e recebeu dinheiro do município.

Hoje pela manhã, o juiz corregedor decretou segredo de Justiça e impediu que a imprensa pudesse acompanhar os depoimentos. Já está certo, porém, que próximo a ser ouvido será o ex-secretário da Fazenda e atual presidente da Fundação de Cultura e Turismo, André Alexei Lyra.