Economia brasileira: é possível retomar o cenário positivo?

Contrariando as expectativas do início do ano, em que a visão era otimista em relação à economia do Brasil, o país chega ao final de 2018 com dificuldades para uma retomada da economia na velocidade necessária. A previsão era fechar 2018 com crescimento de 2,5% do PIB, retomar a geração de emprego e a inflação fechar abaixo de meta, de 4,5%, porém, o segundo trimestre do ano, especialmente a partir de março, deu uma virada brusca nesse cenário.

De acordo com o doutor em administração do ISAE Escola de Negócios, Rodrigo Casagrande, isso demonstra que nunca antes na história do país passamos por uma retomada tão lenta da nossa economia como estamos vivendo hoje. “O período recessivo do qual o país começa a sair teve início no segundo trimestre de 2014 e foi até o quarto trimestre de 2016. A retomada da economia vem apresentando um crescimento médio do PIB de 0,5% ao trimestre. É muito pouco! Precisamos retornar lá na década de 1980, chamada por muitos de década perdida, para vermos algo próximo a isso em termos de retomada. Saindo de um período de recessão de 1987 a 1988, o país teve um crescimento de 3,7% após 5 trimestres¨. Perceba que o momento atual, se mostra ainda mais lento em termos de retomada e devermos fechar o ano de 2018 com crescimento abaixo de 1,5%¨.

O momento atual também se deve, em grande parte à desvalorização da moeda, que sofreu uma queda de 30% da janeiro até agora. Segundo o Rodrigo Casagrande ¨a desvalorização da nossa moeda impacta a inflação, pois aumenta o preço dos insumos da indústria. Imagine o aumento de 8,4¨% no milho, insumo utilizado na ração. O derivado disso, no caso o frango, é produto muito requisitado para compor a mesa das famílias brasileiras, e já temos uma grande fraqueza na capacidade de consumo das famílias. Tanto as famílias, quanto as empresas, saíram desse período de recessão muito endividadas¨. Com base na fala do especialista, é possível que fechemos o ano com o IPCA acima do teto previsto de 4,5%.

O momento difícil passa também pela percepção do mercado externo. Rodrigo Casagrande destaca que: ¨As moedas argentina e turca, desvalorizaram de agosto para setembro 38,9 e 24,1, respectivamente. Isso aumenta a aversão ao risco de países emergentes. Somado a isso, a inflação americana tende a gerar aumento de juros naquele país, que afeta o fluxo dos capitais em direção aquele país. Tem mais, a guerra comercial entre EUA e China diminuem os preços das commodities e também afeta o prêmio de risco nas transações com países emergentes¨.

Para o especialista, quem assumir a presidência da república a partir do dia 01 de janeiro de 2019 terá uma missão muito desafiadora. “Uma das primeiras medidas será a descompressão do clima de perdedores e vencedores na grande polarização política que tomou conta do país. Além disso, precisará retomar a confiança do empresariado e das famílias, que estão em compasso de espera, sem fazer investimentos e com medo de perder o emprego, por conta dos sinais de fraqueza do mercado de trabalho”, pontua. Segundo Rodrigo, as reformas estruturais como a da previdência e a fiscal deverão ser ações de urgência, já que fecharemos 2018 com aproximadamente R$ 140 bilhões de déficit primário. É o quinto ano consecutivo de déficit primário.

“Essas mudanças precisam acontecer, do contrário o risco Brasil continuará muito elevado. Risco, que sofreu, inclusive, com a greve dos caminhoneiros, pois aos olhos do mundo, a decisão tomada de tabelamento de fretes e subsídio ao diesel foi uma medida populista”, comenta. De acordo com Rodrigo, a questão política ainda é um grande fator desafiador. Ele acredita que é necessário ter cada vez mais uma profissionalização em cargos de gestão pública. “Por isso, a indicação de cargos políticos, de sindicalistas, de pessoas que ajudaram em campanha de político (eleitos ou não), por exemplo, deve ser vedada, para que não haja participação delas em conselhos de administração, ou seja, a Lei 13.303 – Lei da Estatais, tem que ser cumprida.”, completa.

Linguado delícia mais sobremesa por R$ 24,90 no Tasquinha do Tio

O restaurante Tasquinha do Tio oferece como opção desta segunda-feira (29), o delicioso ‘Linguado’ Delícia, servido com molho de tomate, arroz com brócolis e batata soutê. Esse prato custa apenas R$ 25,00 e também dá direito a um delicioso pudim de sobremesa.

O restaurante também oferece o filé de frango, com purê de espinafre; R$ 25,00 e o penne com salmão, por apenas R$ 28,00, incluindo sobremesa.

O Tasquinha do Tio fica localizado na avenida Agamenon Magalhães, no térreo do Shopping Difusora.

Almoço com entrada e sobremesa no Kojima por apenas R$ 29,90

As opções para esta segunda-feira (29) são salmão, filé e um delicioso camarão. O salmão é acompanhado de legumes e arroz yaquimeshi. As entradas são sushi e sunomono. A sobremesa são os minichurros, com sorvete de creme e calda de amora.

A segunda opção do Kojima é o filé com arroz yaquimeshi, também acompanhado de sushi e sunomono na entrada, além da sobremesa.

Também hoje no Kojima, camarão empanado, com árvore de macarrão e arroz yaquimeshi. Os acompanhamentos são os mesmos: duas peças de sushi e sunomono, com sobremesa garantida. O valor desses pratos é de apenas R$ 29,90.

Com os mesmos acompanhamentos, o Kojima também oferece como opção ‘Atum’ e ‘Agulhão branco’.

O Kojima funciona no térreo do Shopping Difusora. Reservas 2103-4181

Confira a lista dos governadores eleitos em cada estado neste segundo turno

Treze estados mais o Distrito Federal conheceram seu governador em disputa no segundo turno, realizada neste domingo (28). Confira a lista considerando votos válidos:

São Paulo
Eleito, João Doria (PSDB) teve 51,75%; enquanto Márcio França (PSB), 48,25%.

Rio de Janeiro
Eleito, Wilson Witzel (PSC) teve 59,87% dos votos; enquanto Eduardo Paes (DEM), 40,13%.

Minas Gerais
Eleito, Romeu Zema (NOVO) teve 71,80% dos votos; enquanto Antonio Anastasia, 28,20%.

Rio Grande do Sul
Eleito, Eduardo Leite (PSDB) teve 53,62% dos votos; enquanto José Ivo Sartori (MDB), 46,38%.

Distrito Federal
Eleito, Ibaneis (MDB) teve 69,79% dos votos; enquanto Rodrigo Rollemberg (PSB), 30,21%.

Amapá
Eleito, Waldez Góes (PDT) teve 52,35% dos votos; enquanto Capi 40 (PSB), 47,65%.

Amazonas
Eleito, Wilson Lima (PSC) teve 58,52% dos votos; enquanto Amazonino Mendes (PDT), 41,48%.

Mato Grosso do Sul
Eleito, Reinaldo Azambuja (PSDB) teve 52,35% dos votos; enquanto Juiz Odilon (PDT), 47,65%.

Pará
Eleito, Helder (MDB) teve 55,43% dos votos; enquanto Dercio Miranda (DEM), 44,57%.

Rio Grande do Norte
Eleita, Fatima Bezerra (PT) teve 57,60% dos votos; enquanto Carlos Eduardo (PDT), 42,40%.

Rondônia
Eleito, Coronel Marcos Rocha (PSL) teve 66,34% dos votos; enquanto Expedito Júnior (PSDB), 33,66%.

Santa Catarina
Eleito, Comandante Moisés (PSL) teve 71,09% dos votos; enquanto Gelson Merísio (PSD), 28,91%.

Sergipe
Eleito, Belivaldo (PDT) teve 64,37% dos votos; enquanto Valadares Filho (PSB), 35,27%.

Roraima
Eleito, Antonio Denarium (PSL) teve 53,36% dos votos; enquanto Anchieta (PSDB), 46,64%.

Militância do PT demonstra tristeza, mas também resistência diante da derrota de Haddad

A militância do PT, reunida na frente do Espaço 13, na rua Martins de Barros, bairro de Santo Antônio, reagiu com um misto de choro e grito de resistência à derrota do candidato Fernando Haddad à Presidência da República. O anúncio do resultado foi revelado quando o resultado de 88% das urnas estava apurado e trazia como resultado os percentuais de 55% para Jair Bolsonaro e 44% para Haddad.

Dani Portela, candidata nesta eleição ao Governo do Estado, foi a primeira a falar. “Aqui está o povo sem medo de lutar. Sempre resistimos, há 518 anos, porque precisamos resistir para existir com nossos corpos, cores e famílias diversas. Não nos acovardamos porque não aceitamos grilhões. A liberdade é nossa essência e a esperança o ar que respiramos, então sigamos respirando. Não vamos parar de lutar. A gente faz parte da história e somos esta história hoje, viva, escrita” afirmou.

Em seguida, foi a vez de Teresa Leitão, deputada federal eleita em 2018, discursar. “É um momento difícil para o qual não nos preparamos pois tínhamos a expectativa da vitória da democracia pela campanha bonita que fizemos. De toda forma, o importante é o legado que nosso candidato, que foi um gigante, nos deixou, e a confirmação da possibilidade real de derrotar o golpe ainda em curso. Que isso não nos desagregue. Não vamos permitir que este fascista faça do Brasil o que ele quiser. Aqui, não. Vamos resistir até a última gota do nosso suor”, concluiu.

Bruno Ribeiro, presidente estadual do PT, foi o próximo a fazer sua declaração. “Essa derrota não pode ter o poder de nos desanimar, mas de nos desafiar pra continuar uma luta que consumiu estes últimos três anos nas ruas de Recife. Luta que uniu vários partidos, as mulheres de Pernambuco e do Brasil, os negros. Vamos ter outras lutas pela frente e não temos o direito de desanimar. Tivemos vitórias importantes, aqui em Pernambuco. Ampliamos a nossa bancada de deputados estaduais. Lutamos e nos fortalecemos contra várias violências que voltou a ser a arma das direitas, das elites. Somos a maioria do povo brasileiro e vamos mostrar a esse Bolsonaro, e a meia dúzia destes generais de pijama que o cercam que ele é presidente mas não tem mais poder do que o povo”, discursou.

Jaime Amorim, da direção do MST, foi o último a falar. “Não perdemos nós. Perdeu a democracia e a soberania nacional, a igualdade de gênero. Todos nós estamos aqui olhando para um horizonte e não o enxergamos porque não conseguimos imaginar nosso país governado por um presidente capitão e um general torturador. Amanhã não vamos chorar mais. Estaremos afiados para o combate que vem pela frente. Perdemos a batalha, mas não à guerra pela paz, pela diversidade e igualdade que é de todo o povo”, afirmou.

Entre os militantes, muitas lágrimas. Helder Carlos, documentarista, foi um dos que não segurou o choro. “ É uma pena pois estávamos na expectativa para reverter. Foi representativo este envolvimento, mas não deu certo. Ou, na verdade, deu já que em Recife viramos e vimos que este esforço de conversar com as pessoas funciona”, afirmou. As amigas Daniela Barreto, advogada, e Rafaela do Vale, policial, também lamentaram os resultados. “Hoje vejo o quão misógino, homofóbico e racista é nosso país. É triste perceber o quão elitista e escravocrata é o Brasil. Esse Messias que chega aí é o retrato do nosso país”, desabafou. “Vejo que ficou muito claro o quanto a sociedade brasileira visa mais o interesse individual do que o coletivo. Virão tempos difíceis, mas vamos lutar. Ninguém disse que seria fácil e não será”, concluiu. O ator Irandhir Santos, também presente e bastante emocionado, também se manifestou. “É uma vergonha o que aconteceu. Caímos no retrocesso”, concluiu.

Nesta segunda-feira, mulheres do movimento #EleNão marcaram uma plenária no Monumento Tortura Nunca Mais, às 16h.

Aliados de Haddad dizem que Ciro foi egocêntrico e estimulou vitória de Bolsonaro

Apontando a falta de apoio de Ciro Gomes (PDT) como um dos motivos da derrota de Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial, aliados do petista dizem que o pedetista foi “egocêntrico” e só pensou em uma eleição em 2022.

“A postura dele foi insuficiente e ajudou a chegar no resultado que chegamos”, disse o deputado estadual eleito Emídio de Souza (PT-SP), um dos coordenadores da campanha do PT ao Planalto. “Ele fez isso porque quer liderar a oposição no Brasil e porque quer ser candidato a presidente em 2022. Acho que o Ciro colocou o interesse pessoal, particular e político, que é legítimo, na frente dos interesses do País.”

Emídio de Souza disse ainda que hoje Haddad “é o brasileiro mais credenciado para liderar a oposição no Brasil”.

Para outro aliado, o ex-deputado Márcio Macedo, Ciro pensou apenas em si mesmo. “Acho que o Ciro perdeu a oportunidade de se consolidar como uma liderança política desse campo de esquerda democrático. Foi egocêntrico e pensou em 2022”, afirmou.

Agência Estado

Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, é a única mulher eleita governadora

A senadora Fátima Bezerra (PT) é a única mulher eleita governadora em 2018. Com 91,31% das urnas apuradas, a candidata do Rio Grande do Norte estava com 57,51% dos votos, contra 42,49% do concorrente Carlos Eduardo (PDT). Os números acompanharam a pesquisa Ibope divulgada em 26 de outubro, que indicou 55% das intenções de votos para a pedagoga.

Fátima foi a única mulher candidata ao Governo de todos os Estados que passou para o segundo turno das eleições 2018. Na primeira fase de votações, 29 mulheres disputaram o cargo. Entretanto, duas delas não concorreram efetivamente. Uma teve a candidatura indeferida, enquanto outra renunciou.

Para o cientista político Paulo Baía, a eleição de Fátima é um ponto fora da curva. “Ela teve apoio do partido e recebeu o fundo partidário. Era protagonista em um colégio eleitoral, no qual tinha potencial de competitividade”.

Fátima foi a única mulher candidata ao Governo de todos os Estados que passou para o segundo turno das eleições 2018. Na primeira fase de votações, 29 mulheres disputaram o cargo. Entretanto, duas delas não concorreram efetivamente. Uma teve a candidatura indeferida, enquanto outra renunciou.

Para o cientista político Paulo Baía, a eleição de Fátima é um ponto fora da curva. “Ela teve apoio do partido e recebeu o fundo partidário. Era protagonista em um colégio eleitoral, no qual tinha potencial de competitividade”.

A participação das mulheres na política ainda é um desafio, segundo o professor da UFRJ. “As estruturas partidárias são machistas e controladas por homens. Os partidos políticos não dão estrutura para candidatas”.

O Nordeste, região de Fátima Bezerra, foi o que mais registrou candidatas para o Poder Executivo, com 12 mulheres concorrendo ao cargo estadual. Na análise por partidos, o PSTU registrou o maior número de mulheres para o governo, seguido pelo PSOL e PT: seis, cinco e quatro, respectivamente.

Em comparação com 2014, a candidatura de mulheres para o governo aumentou 65%, apesar do número de eleitas para o cargo ter sido mantido. Suely Campos (PP-RR) foi a única governadora eleita no Brasil na época. Naquele ano, 19 mulheres concorriam ao Executivo estadual.

O crescimento de 65% chegou após determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que, a partir das eleições de 2018, 30% do fundo eleitoral seja destinado a candidaturas femininas. O objetivo seria garantir uma participação mais ativa de mulheres, que hoje representam 52% do eleitorado.

Apesar do incentivo, o fundo partidário não garantiu o aumento efetivo de mulheres nos governos estaduais. Mesmo com uma cota destinada para candidaturas femininas, Baía acredita que as siglas tentaram driblar a determinação. “Houve uma manipulação na distribuição do fundo. Vários partidos usaram a estratégia de candidatas a cargos de vice para que a cota determinada pelo TSE financiasse candidaturas masculinas.”

Candidaturas laranjas

Além de ainda terem baixa representação para o governo, as mulheres em 2018 apareceram em outro dado que se distancia da mudança do fundo partidário. 21 candidatas que concorreram nestas eleições não registraram votos. O número pode indicar “candidaturas laranjas” por não receberem apoio das legendas partidárias, além de terem votação ínfima ou não existente.

Para Baía, muito ainda pode ser feito para garantir uma maior representatividade feminina na política brasileira. “Espero que o novo Congresso redesenhe a questão da participação política e as mulheres ganhem corpo e musculatura dentro das estruturas partidárias. Nos 35 partidos que temos registrados, todos têm estrutura basicamente masculina.”

Agência Estado

Trump liga e cumprimenta Bolsonaro por vitória na eleição

O presidente americano, Donald Trump, telefonou na noite do domingo (28) ao presidente eleito Jair Bolsonaro para cumprimentá-lo pela vitória no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, informou a Casa Branca.

“O presidente Trump ligou para o presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro esta noite para cumprimentá-lo e cumprimentar o povo brasileiro pelas eleições de hoje”, declarou em um comunicado a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

“Ambos expressaram um forte compromisso em trabalhar lado a lado para melhorar as vidas das pessoas nos Estados Unidos e no Brasil e, como líderes regionais, nas Américas”, afirmou.

Bolsonaro, capitão da reserva do Exército de 63 anos, foi eleito presidente neste domingo, com 55,15% dos votos contra 44,85% para seu adversário, Fernando Haddad, do PT.

AFP

Temer felicita Bolsonaro e diz que transição começa segunda

O presidente Michel Temer parabenizou Jair Bolsonaro no domingo (28) por sua vitória nas eleições presidenciais e informou que a transição entre seus governos começará nesta segunda-feira (29).

“Eu acabei de cumprimentar o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Podemos perceber seu entusiasmo, não só quando conversou comigo, mas quando fez declarações que buscam exatamente a unidade do país, buscam a pacificação do país, a harmonia do país. A partir de amanhã nós iniciaremos a transição”, declarou no Palácio da Alvorada.

“É necessário que todos trabalhemos juntos para dar continuidade ao que fizemos, à política econômica vigente no país, bem como a outras políticas ambientais, educacionais e de saúde”, acrescentou.

O presidente referiu-se à reforma do sistema previdenciário, reivindicada pelos mercados, e disse que esta “só avançará se contar com o apoio do presidente eleito e de sua equipe”.

“Se for modificar muito o que já está pronto, não haverá tempo. Se quisermos avançar na proposta que está pronta, temos cerca de dois meses”, afirmou ainda.

Bolsonaro começa a montar seu governo

AFP

Jair Bolsonaro inicia na segunda-feira (29) suas atividades como presidente eleito, com projetos de ruptura com tudo o que tem a marca da esquerda no campo da economia, de políticas sociais e alinhamentos diplomáticos do Brasil. “Não podemos continuar flertando com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo de esquerda”, afirmou Bolsonaro, do PSL, um admirador da ditadura militar (1964-1985), depois de ser eleito no domingo com 55% dos votos, contra 45% de Fernando Haddad, candidato do PT. Leia o discurso na íntegra.

O ultraliberal Paulo Guedes, a quem Bolsonaro prometeu o ministério da Fazenda, anunciou de modo imediato a intenção de “mudar o modelo econômico social-democrata” com um programa acelerado de privatizações e de controle dos gastos públicos, como receita para reativar uma país que passou por dois anos de recessão e outros dois de crescimento frágil.

Para isso, acrescentou, “precisamos de uma reforma da Previdência”. Os anúncios devem ser bem recebidos na abertura dos mercados nesta segunda-feira. O presidente Michel Temer, que desde que sucedeu em 2016 a presidente afastada Dilma Rousseff aplica um plano de severos ajustes, expressou o desejo de planejar a transição antes da cerimônia de posse de 1º de janeiro “para dar continuidade ao que fizemos”.

Bolsonaro, 63 anos, ainda carrega uma bolsa de colostomia em consequência da facada que sofreu no abdômen em setembro. Sua viagem a Brasília pode demorar mais um pouco. Mas sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, deve se transformar de comando de campanha a centro de operações da transição.

No plano internacional, Bolsonaro expressou o desejo de um alinhamento com o presidente americano Donald Trump, que ligou para felicitar o presidente eleito. Em termos regionais, a aproximação pode acentuar a pressão sobre o governo da Venezuela, país que sofre uma crise econômica e social.

Agenda social
Bolsonaro chega ao poder com propostas para blindar judicialmente as operações policiais e flexibilizar o porte de armas para combater a criminalidade, em um país que registrou no ano passado quase 64.000 homicídios.

Seguindo os passos de Trump, Bolsonaro e seus simpatizantes transformaram a imprensa e os jornalistas em alvos. Também anunciou a intenção de acabar com o “ativismo ecologista ‘xiita'”. E chegou a afirmar que desejaria aumentar de 11 para 21 o número de juízes no STF, o que lhe daria a possibilidade de nomear magistrados favoráveis a seus planos.

As ideias provocaram receio entre as organizações de defesa dos direitos humanos. A ONG Human Rights Watch fez um apelo urgente a proteger os direitos democráticos no Brasil, Tomaz Paoliello, professor de Relações Internacionais da PUC de São Paulo, teme um aprofundamento das tensões institucionais no governo Bolsonaro. “Penso que será um governo que tentará interferir nos demais poderes e que chega com uma agenda contra os movimentos sociais” afirmou.

Oposição
Após o anúncio dos resultados, Haddad exigiu respeito por seus 45 milhões de eleitores e disse que a oposição ao futuro governo Bolsonaro será uma “tarefa enorme”. Haddad foi designado candidato pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico da esquerda que cumpre uma pena de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Haddad contou com o apoio de milhões de brasileiros que se beneficiaram das políticas de inclusão social de Lula, mas a identificação também trouxe um grande índice de rejeição entre os que identificam Lula e o PT com os grandes escândalos de corrupção da última década.

Muitos líderes de partidos de centro e centro-esquerda se limitaram a expressar apoio crítico à candidatura de Haddad. Resta saber se o PT, derrotado pela primeira vez nas últimas cinco eleições presidenciais, é capaz de fazer a autocrítica solicitada por militantes e aliados.

A crise na esquerda não significa que Bolsonaro terá vida fácil, sobretudo pela necessidade de lidar com um Congresso com quase 30 partidos, dominado por lobbies conservadores mas não obrigatoriamente disciplinados na hora de votar os projetos.

A consultoria Eurasia Group afirma que Bolsonaro “não terá uma lua de mel muito intensa”, porque as eleições demonstraram sobretudo um “profundo desencanto da política e a revolta pela baixa qualidade dos serviços públicos nas áreas de saúde, segurança e educação”. “E é provável que Bolsonaro tenha dificuldades para satisfazer estas demandas, sobretudo em um contexto de cortes orçamentários”.