Moradores criticam abastecimento da Compesa

Pedro Augusto

De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), em Caruaru, o calendário de abastecimento funciona da seguinte forma: de um a cinco dias com água e os outros 15 dias sem o líquido. O contraditório é que, em alguns locais da Capital do Agreste, este sistema de operação não estaria sendo posto em prática da maneira anunciada pela companhia. Moradores de alguns bairros da cidade relataram, esta semana, ao Jornal Vanguarda, os transtornos que se encontram passando devido ao suposto não cumprimento por parte da Compesa em relação a este tipo de serviço, que ao menos na teoria, atende a uma das determinações da Constituição.

No Bairro das Rendeiras, por exemplo, residentes das ruas 62, 63 e 64, enumeraram as falhas em relação ao abastecimento. Segundo as donas de casa Mariete e Ângela Costa, respectivamente, avó e neta, não é de hoje que elas têm tido bastante “dor de cabeça”, com o serviço “ineficiente” da Compesa. “Meu filho, a falta de água aqui na Rua 62 tem superado os 20 dias. Pelo menos neste local, o calendário de abastecimento da companhia, simplesmente, não está existindo, porque não temos passado, sequer, um dia com água nas torneiras. Quando ela chega, não dá para se resolver praticamente nada, porque num instante vai embora. Uma vergonha!”, criticou dona Mariete.

De acordo com a neta Ângela, apesar do fornecimento precário do líquido, o imóvel, onde ambas residem, permanece recebendo a conta mensal referente ao uso da água. “O mais irritante é que os consumos informados nas contas, na prática, não têm sido utilizados por nós, porque conforme a minha avó já destacou, não tem chegado água nos dias estabelecidos pela Compesa. Já fomos até a uma das unidades da mesma para registrar reclamações e cobrar por soluções, porém até agora, nada foi resolvido. Pelo contrário. As contas permanecem chegando com valores altos e a companhia não resolve de uma vez esse problema. Minha avó já é bastante idosa e está tendo de passar por maus bocados devido à falta de abastecimento”, endossou as críticas, Ângela Costa.

Ainda na Rua 62, VANGUARDA conversou com a também dona de casa Catarina Silva. Ela se disse insatisfeita com o serviço prestado pela Compesa. “Esse calendário de abastecimento da companhia não vem funcionando por aqui. A verdade é que da última vez, tive de suportar quase 30 dias sem o líquido nas torneiras. Se não tivesse recorrido à compra de caminhões pipa, a minha situação teria sido pior neste período.

Quando solicitamos um caminhão da Compesa, só chega depois de 15 dias e a água é barrenta, ou seja, não presta. Enquanto isso, as contas que têm vindo para minha casa todo mês, não estão saindo por menos de R$ 180, o que é um absurdo. Já estamos cansados com as desculpas dela!”.
Residente da Rua 64, a aposentada Margarida dos Santos, foi outra popular a questionar o calendário de abastecimento da Compesa. “Após mais de 30 dias sem ver uma gota de água nas torneiras, no último sábado (11), até que chegou certo volume pela manhã, mas para a minha decepção, logo, o líquido foi embora. Você pode perguntar a todos os moradores da rua e eles, com certeza, vão confirmar que esse calendário da companhia não tem servido de nada. Em outras comunidades pode até que ele esteja atendendo à população, mas pelo menos aqui, não!”.

No Bairro Demóstenes Veras, a dona de casa Maria Aparecida também disse está sofrendo bastante com a falta de água para consumo. Ela contou ao VANGUARDA, que o período de chegada do líquido na sua casa tem ultrapassado e, muito, os prazos estabelecidos pela empresa responsável em relação ao abastecimento. “Resido na Rua Sanharó, mais precisamente nas imediações da Funase, e, aqui, a água está chegando de dois em dois meses, mesmo assim, muito pouca e sem qualidade. Já perdemos as contas das vezes em que fizemos reclamações, os funcionários da companhia dizem que vão solucionar o problema, mas sempre ficamos a ver navios. Agora a conta, não deixa de chegar!”, lamentou.

Já no Bairro do Indianópolis, quem não se encontra aprovando o sistema de rodízio de água da companhia é o comerciante Ivan Caetano. Ele reside na Rua Jornalista Cordovil Dantas e se mostrou chateado com as supostas falhas de fornecimento. “Rapaz, a Compesa está de brincadeira! Vem cobrando por um serviço, que na prática, não tem prestado. Não só eu, mas os meus vizinhos não aguentam mais ter de ficar comprando caminhão pipa, devido à falta de abastecimento. E com essa estiagem agora é o que o ‘bicho’ vai pegar mesmo para os consumidores! Lamentável!”.

Posicionamento

Por meio de nota, a Compesa de Caruaru respondeu às críticas dos moradores. Confira na íntegra, o texto: “A Compesa esclarece que após uma rigorosa vistoria, identificou no Bairro das Rendeiras uma obstrução na rede de distribuição de água que atende as ruas 62, 63, 64 e 65. No último dia 09/10, a Companhia executou um serviço de desobstrução e o abastecimento começou a ser regularizado. No próximo ciclo, que terá início no dia 26 de janeiro, a Compesa irá monitorar a área a fim de verificar se o problema foi resolvido em sua totalidade para garantir um abastecimento satisfatório para todos os clientes.

Sobre a falta de água no Bairro Indianópolis, a Compesa informa que o local obedece ao sistema de rodízio para Caruaru de cinco dias com água e quinze dias sem e que o calendário vem sendo cumprido normalmente. Portanto, a situação relatada pode ser pontual e precisa ser investigada. Para isso, o usuário deve fazer o registro através do canal de atendimento 0800 081 0195, informando o endereço completo ou o número de matrícula, para que uma equipe possa ir até o local verificar a situação.

Sobre a Rua Sanharó, no Demóstenes Veras, a Compesa informa que desconhecia a situação uma vez que não havia nenhum registro no 0800 081 0195, nos meses de dezembro e janeiro, sobre falta de água na localidade. A Compesa enviará uma equipe ao local para investigar a situação e adotar as providências necessárias”.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *