Da Agência Brasil
O diretor do Departamento de Estatística e Apoio às Exportações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Herlon Brandão, defendeu ontem (3) o desempenho das exportações brasileiras e disse que o principal motivo para a perda de receitas com as vendas externas é a diminuição do preço das commodities (produtos básicos com cotação internacional).
Apesar do superávit de US$ 2,379 bilhões da balança comercial em julho, o valor em vendas externas caiu 19,5% em relação a julho de 2014, segundo o critério da média diária, que é o volume negociado por dia útil. Nos sete primeiros meses deste ano, a queda foi de 15,5%, também pela média diária. Mas, de acordo com Brandão, considerando-se apenas a quantidade exportada, houve crescimento de 3,2% em julho ante igual mês do ano passado e de 7,2% de janeiro a julho de 2015.
Brandão diz ainda que é o movimento de queda de preço de algumas commodities que provoca a queda dos valores negociados. Segundo dados do ministério, os preços dos itens da pauta de exportações caíram 22% em julho, na comparação a igual mês de 2014, e 20,8% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo intervalo de tempo no ano passado. “Isso mostra que a redução do valor das exportações é decorrente da redução dos preços, visto que as quantidades estão crescendo”, afirma Brandão.
O diretor cita como exemplos o minério de ferro, o complexo soja (óleo, farelo e grão) e o petróleo e seus derivados. Segundo ele, os três produtos responderam por 78,8% da queda de US$ 20,7 bilhões no valor absoluto em exportações de janeiro a julho deste ano ante igual período de 2014. No entanto, para Brandão, as quantidades vendidas de petróleo bruto, farelo de soja, soja em grão e minério de ferro foram recorde para o período dos primeiros sete meses do ano. Herlon Brandão diz que, dada a instabilidade internacional, não há expectativa de recuperação dos preços das commodities no curto prazo.
Com os preços do petróleo e derivados em queda no exterior, a conta-petróleo registrou recuo tanto nas exportações quanto importações e, em razão disso, conseguiu reduzir seu déficit em relação a 2014. De US$ 9,9 bilhões de janeiro a julho de 2014, o déficit caiu para US$ 3,8 bilhões este ano. A conta-petróleo foi um dos principais motivos do déficit de US$ 3,9 bilhões da balança em 2014. Foi a primeira vez que a balança comercial encerrou um ano com déficit desde 2000.
O diretor comentou, ainda, o fato de analistas estarem prevendo, para 2015, um superávit da balança comercial que deve ser baseado em queda de importações. O valor das compras do Brasil no exterior recuou 24,8% em julho deste ano ante o mesmo mês de 2014, e 19,5% de janeiro a julho de 2015 ante igual período de 2014.
As quantidades importadas também estão caindo. Brandão diz que a economia desaquecida é o principal fator de influência para a queda das compras do Brasil no exterior: “São vários fatores, mas o que é mais determinante é a atividade econômica”, explica, ressaltando que ainda não há como mensurar o impacto do dólar valorizado no fenômeno.
Para o diretor, no entanto, um superávit deve ser comemorado mesmo se vinculado ao fato de a queda de importações superar a de exportações. “Um saldo positivo é sempre bom para o país, para as contas externas”, opina. O diretor informa que a expectativa para fechamento da balança este ano é a já informada pelo ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, ou seja, superávit de US$ 8 a US$ 10 bilhões.