No último sábado (12), o presidente do Partido Verde (PVPE), Carlos Augusto, comandou a nona rodada do projeto Recife Bom para Viver, no qual percorre as microrregiões do Recife em busca de aprofundar um olhar sobre a cidade e colher as impressões dos moradores que a cohabitam. A visita se estendeu à Microrregião 3.2 que incluiu os bairros de Mangabeira, Alto José do Pinho, Alto José Bonifácio e Vasco da Gama e Morro da Conceição.
O Projeto está na metade de sua meta de realizar 18 caminhadas pelas microrregiões do Recife. Iniciado em setembro o projeto se estenderá até março e já rendeu alguns debates sobre temas que foram observados durante as caminhadas como a gestão de lixo e a questão de segurança pública. Uma intervenção direta também foi realizada na comunidade de Santa Luzia, no Cordeiro, quando um grupo de voluntários do PVPE realizou a requalificação da área com remoção de lixo, plantio de árvores e inserção de equipamentos com material reciclável.
Durante a caminhada de ontem, o grupo percorreu a área, recortada por morros e com presença constante de escadarias de acesso aos centros urbanos dos bairros. Na Praça do Alto José do Pinho, o entorno que abriga comércios e o terminal de ônibus esconde uma ameaça contemporânea: a presença efetiva do crack nas comunidades. “Não existe um trabalho de prevenção contra drogas aqui”, reclama João Dias, dono de uma academia de ginástica próximo ao terminal. “Até um posto com uma tenda nos fins de semana já ajudava”, ele sugere.
A droga também foi o tema também de um encontro triste e revelador, no bairro da Mangabeira, onde Maria da Conceição, 35 anos, vive há quase dez anos em situação de rua por causa do vício. Tem um filho adulto, fruto de casamento que durou oito anos. “Perdi tudo por causa do crack”, desabafa, em lágrimas, a moradora de rua, que se abriga sob uma tenda armada em uma calçada na beira do canal e onde é vítima constante de violência.
Segundo Maria da Conceição, o filho aparece de vez em quando para tentar ajudar. “Mainha, vamos pra casa”, são as palavras que o filho adulto, que trabalha e vive com o pai, diz quando vai vê-la. Mas ela não consegue sair dali. “Eu não consigo dizer não à droga. É uma química muito forte. Já pedi até para me acorrentarem”, ela admite.
Sentada num banco da calçada ao lado do presidente do Partido Verde de Pernambuco, Carlos Augusto Costa, Maria faz o apelo: “Queria ir para uma clínica de recuperação para me desintoxicar”. Maria da Conceição não permitiu fotos, mas é fácil encontrá-la no mesmo lugar onde o PV a encontrou, à beira do Canal do Arruda, perpendicular à Estrada Velha de Água Fria, onde tem comércio de ferro velho no entorno.
Para arrematar a nona etapa de caminhadas, o grupo foi prestar homenagens à Nossa Senhora da Conceição, onde pôde comprovar o grande potencial que a área tem para o turismo religioso e também cultural. Diversas atrações poderiam ser melhor divulgadas e apoiadas para gerar mais emprego e renda para a população do Morro da Conceição e reforçar a já tradicional missa no santuário no final da tarde, como por exemplo: aulas de capoeira, ensaios de grupos musicais e da escola de samba Galeria do Ritmo,restaurantes com comidas típicas, como os Bares da Geralda e do Lula e até mesmo um bar temático – o bar do Raul, homenagem a Raul Seixas.