Por Maurício Assuero
Foi anunciada nesta semana a mudança no currículo do ensino médio desobrigando os alunos das aulas de educação física e de artes. Na verdade, do aluno noturno, que trabalha, nunca foi exigido frequência em educação física. O lado bom de tudo isso é que o governo Temer diz uma coisa hoje amanhã volta atrás. Foi assim, com a extinção do Ministério da Cultura, foi assim com a reforma da previdência que seria voltada este ano – impreterivelmente – e que agora ficará para 2017, etc. Cabe lembrar que no teste PISA – Programme for InternationalStudentAssessment , apesar da leve melhora em Matemática, nós continuamos em posições inferiores quando comparado a países com o nosso perfil e até menores do que nós. O fato é que a preocupação em mudar serve como um indicativo na tentativa de acerto. Antes tarde do que nunca.
O modelo defendido tem por base as escolas integrais de Pernambuco. É importante a permanência do aluno na escola, no entanto, sem dotar a escola de infraestrutura para os alunos do contra-turno, isso ficará vazio e as políticas adotadas serão inócuas e os programas estéreis. Veja, por exemplo, o caso do Programa Mais Dinheiro. Até que ponto esse programa consegue resultados satisfatórios? Uma recente pesquisa feita por um grupo de professores da UFPE, no qual me inseri, avaliamos o impacto desse programa na taxa de repetência e de evasão e não encontramos resultados significativos. Encontramos problemas com falta de acompanhamento dos oficineiros. Encontramos uma demanda localizada por algumas ações (Xadrez, informática) em detrimento de outras (letramento).
O problema da educação é, de fato, uma alocação complicada de ser feita. Nós precisamos de educação básica, no entanto, é no nível superior que acontecem as pesquisas que beneficiam a sociedade e o país. Nós precisamos de educação básica porque o avanço tecnológico impõe conhecimentos prévios que irão favorecer a propagação dessa tecnologia. Nós precisamos melhorar a educação porque o capital humano tem uma parcela importante no crescimento econômico e neste sentido a flexibilização do currículo cria especialistas, segmento o conhecimento. Se isto será bom ou ruim não temos ainda como avaliar, agora temos um bom parâmetro: nos anos de 1980 só se falava em reengenharia, em seis sigmas. Hoje, quase ninguém fala ou utiliza estes recursos nos seus processos produtivos. São modismos e a educação não pode ser tratada como um modismo ou como um apêndice.
O modelo que se pretende adotar deu certo em Pernambuco e mais no interior porque a presença das famílias é mais firme. Se mudarmos esta variável, podemos incorrer num supremo fracasso.