A Câmara dos Deputados deu início, na terça-feira (13), às homenagens em comemoração ao centenário do nascimento de Miguel Arraes. Os eventos acontecem até a próxima quinta-feira (15). A iniciativa foi das bancadas do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, em parceria com a Fundação João Mangabeira (FJM) e o Instituto Miguel Arraes. A cerimônia de abertura aconteceu no Hall da Taquigrafia, com a presença do presidente do PSB, Carlos Siqueira, diversas autoridades e a inauguração da exposição “Miguel Arraes: Uma trajetória de luta pelo Brasil”.
Nas palavras dos líder em exercício, deputado Tadeu Alencar (PE), não se trata de uma homenagem a um homem, e sim a uma conduta e um conjunto de valores. “Em nome da nossa bancada, gostaria de agradecer por este verdadeiro ato político, sobre os cem anos de vida de um símbolo de resistência e de luta pela democracia. Doutor Arraes espelhou como ninguém essas condutas e valores, por isso, nos passa até hoje a noção de que o Brasil tem desafios monumentais a percorrer nesta atual crise, e infelizmente não vemos a sensibilidade e o pensamento de Arraes presentes na política, para que nosso povo seja incluído num modelo de desenvolvimento mais justo.”
A filha de Miguel Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, explicou que essa exposição marca todas as etapas de vida de seu pai, que hoje completaria cem anos. “São etapas de florescimento, amadurecimento, vitórias, derrotas, exílio e exclusão. Com toda essa história e o amor que temos por Arraes, carregamos o compromisso no coração de transformar esse Brasil numa verdadeira nação, um dos grandes sonhos do meu pai.”
Ana Arraes disse ainda que, pelo tamanho das desigualdades que o Brasil sofre hoje, não é permitido dizer que os excluídos vivem de forma digna. “Esses brasileiros precisam de formação adequada, esta é a consciência que Miguel Arraes nos deixou para todos que moram nesta terra rica e tão bonita. Sobre um de seus vários legados, destaco o compromisso dele com aqueles que ‘precisam mais’. Os que precisam de políticas públicas, de cidadania, de independência. Outro grande legado foram as conquistas trabalhistas de camponeses, o que Getúlio Vargas fez nas grandes cidades, Pai Arraia [apelido pelo qual era carinhosamente chamado] fez no campo”, finalizou.
O neto de Arraes e presidente do Instituto Miguel Arraes, Antônio Campos, considerou generosa a homenagem prestada pela Câmara, pelo deputado Tadeu Alencar e toda bancada socialista, a seu avô. “Trata-se de um homem que sonhou e trabalhou em um Brasil de diferentes épocas. Poderia falar muito sobre a vida de meu avô, seria como falar de uma máquina do tempo, com seu pensamento, suas práticas políticas e visão do futuro. Um verdadeiro construtor da democracia brasileira”, afirmou.
Além da inauguração da exposição, foram lançados um cordel, de autoria do artista pernambucano J. Borges, além de um selo e um carimbo dos Correios, em alusão a Miguel Arraes, para serem usados em correspondências oficiais.
As homenagens pelo centenário de Miguel Arraes seguiram em sessão solene do Congresso Nacional, no Plenário Ulysses Guimarães, convocada pelo deputado Tadeu Alencar e pela Senadora Lídice da Mata (PSB-BA).
Na manhã desta quarta-feira ocorre uma reunião do Diretório Nacional do PSB no Hotel Nacional de Brasília e ato político e cultural com a presença de personalidades políticas. À noite será a vez de um show com Toquinho, Ivan Lins e Antônio Nóbrega, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães.
Exposição para os brasileiros – A exposição “Miguel Arraes: Uma trajetória de luta pelo Brasil” remete ao público à infância do ex-governador de Pernambuco e os efeitos da grande seca de 1915 na formação de sua personalidade. “Fizemos uma intensa pesquisa sobre a vida e obra do governador Miguel Arraes. Desde entrevistas com pessoas muito próximas até publicações internacionais e arquivos pessoais foram utilizados para trazermos essa exposição aos brasileiros. A ideia é expor a vida e os ideais de Arraes por todo o Brasil também no próximo ano. Estamos abrindo esta perspectiva nos Estados e Pernambuco já demonstrou interesse em receber a exposição”, adiantou a curadora da exposição e gerente executiva da FJM, Márcia Rollemberg.