“Advogado foi morto a mando da ex-esposa e do ex-cunhado”, aponta Civil

Pedro Augusto

Se não bastasse a cena de terror recente, a menina que viu o próprio pai sendo assassinado a tiros em plena luz do dia, no último mês de julho, em Caruaru, será, agora, obrigada a superar, mesmo que de forma inconsciente, a mais um trauma, provocado, segundo as investigações da Civil, por componentes da sua própria família. Em coletiva realizada na manhã da última segunda-feira (1º), no auditório da Diretoria Integrada do Interior 1, a polícia confirmou que o advogado André Ambrósio Ribeiro Pessoa, de 46 anos, teria sido executado com cinco disparos na cabeça a mando de sua ex-esposa e mãe de sua filha, Isadora Ferreira de Almeida, e do seu ex-cunhado, José Isaac Ferreira de Almeida.

De comum acordo, segundo as investigações da Civil, eles teriam contratado o pistoleiro e traficante Ramon Reis da Silva, que era foragido do estado do Sergipe, para efetuar os tiros. O pistoleiro teria acionado, em seguida, os comparsas Emerson Henrique de Azevedo e José Jameson de Sales, que ficaram responsáveis por dar fuga ao executor. Eles estariam no automóvel que teria sido utilizado no homicídio que acabou ganhando repercussão nacional. O veículo foi encontrado, posteriormente, totalmente incinerado, no município de Cupira, também no Agreste do Estado.

De acordo com o titular da 20ª Delegacia de Homicídios, Rodolfo Bacelar, que esteve presidindo o inquérito, André Ambrósio teria sido impiedosamente assassinado devido a desentendimentos com os supostos mandantes. “Ele estava separado havia cinco meses da Isadora e queria reatar, mas a suspeita não quis. Sendo assim, ele passou a ameaçar não só ela como também o seu ex-cunhado de que iria delatar à polícia as falcatruas que vinham acontecendo na empresa dos dois, no qual o advogado possuía participação. Desta forma, a dupla de irmãos decidiu cometer a queima de arquivo”, descreveu.

Segundo informações apuradas pela reportagem VANGUARDA, os supostos mandantes estariam utilizando o empreendimento para lavar dinheiro. Isadora foi presa na manhã da segunda, no Bairro de Boa Viagem, no Recife, e já se encontra à disposição da Justiça na Colônia Feminina de Buíque. Outro integrante da suposta quadrilha que está preso é Ramon Reis, que foi recolhido ao presídio no último dia 9 de agosto. Contra ele, já havia um mandado de prisão em aberto em Sergipe devido à prática de homicídio e tráfico de drogas. Ele já foi conduzido ao estado de origem.

Em contrapartida, até o fechamento desta edição, José Isaac, Emerson Henrique e José Jameson permaneciam foragidos. Quando capturados, eles também responderão pelos crimes de homicídio duplamente qualificado (quando se há a intenção de matar) e formação de quadrilha. Os supostos envolvidos poderão pegar até 30 anos de prisão. “Eles negam a participação, mas, conforme o que apuramos, o José Isaac teria contactado os demais comparsas com o consentimento da Isadora. O Isaac ficou monitorando e repassando aos três integrantes do carro os últimos passos do advogado. Os irmãos decidiram matar a vítima em frente à casa da sua própria mãe, justamente para não chamar a atenção da polícia”, acrescentou Rodolfo.

Mas acabaram, segundo ainda o delegado, subestimando as investigações da Civil. “Apesar de terem tido o ‘trabalho’ de contratar um pistoleiro de fora do Estado, desconfiamos dos envolvimentos dos irmãos, logo no início das investigações, porque em quase 100% dos casos o executor não costuma deixar testemunhas oculares. E foi o que aconteceu neste homicídio. Para quem não recorda mais, durante o crime, o Ramon acabou poupando a vida da babá, que é prima da dupla de irmãos, e da própria menina, que se encontravam na companhia do José Ambrósio. O executor ordenou para que o advogado entregasse a criança à cuidadora e, em seguida, efetuou os disparos”, relatou Rodolfo Bacelar.

Informações que possam levar às prisões dos três foragidos podem ser repassadas para o Disque-Denúncia através dos telefones 3719-4545 (Agreste) e 3421-4545 (Recife e RMR).

Relembre o caso

André Ambrósio morava no Recife e foi executado com tiros na cabeça no último dia 12 de julho, no Loteamento Itamaraty, no Bairro Kennedy, em Caruaru. Na ocasião, o Samu foi acionado, mas, ao chegar até ao local, o serviço constatou a morte do advogado. O corpo dele foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal de Caruaru.

Separado da esposa há alguns meses, André veio na data até Caruaru, especialmente para visitar a filha de um ano e seis meses, onde pegou a criança com a babá e foi até um centro de compras. Ao retornar para deixar a filha na casa da avó materna, estacionou o seu veículo, um Hyundai Santafé blindado, e, ao sair do carro, abriu a porta traseira do lado do passageiro para que a cuidadora saísse com a criança.

Neste instante, o advogado foi surpreendido com a chegada de um homem, a pé, que ordenou para ele entregar a filha à babá. Em seguida, o homem mandou André se ajoelhar e o matou na frente da menor e da mulher.
O corpo dele foi enterrado, posteriormente, na capital pernambucana.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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