AP debate racionamento de água na zona rural

Wagner Gil

Na manhã da última sexta-feira (29), a Câmara de Vereadores de Caruaru foi palco de uma Audiência Pública para debater o abastecimento de água para o consumo humano na zona rural. Devido ao colapso total na Barragem de Tabocas, que vinha abastecendo a cidade de Santa Cruz do Capibaribe, na mesma região, a zona rural da Capital do Agreste deixou de ser abastecida esta semana pela rede e a água estava sendo destinada à Terra da Sulanca. O fato causou revolta em alguns moradores, levando o vereador Galego de Lajes (PSD) a provocar o encontro na Casa, que reuniu ainda diversos vereadores.

Em entrevista exclusiva para a Rádio Caruaru FM, no programa Jornal VANGUARDA, o vereador disse que localidades, a exemplo de Lages, Cachoeira Seca, Juá, Serra Velha, poderiam voltar a ser abastecidas apenas por caminhões-pipa. “Isso é um absurdo. As torneiras para zona rural chegaram a ser fechadas, mas devido à grande mobilização e o reclame da população, isso, não deve ocorrer. Conversei com Mário Heitor, que é o gerente regional da Compesa, ele participou da Audiência Pública e sua equipe de engenharia vai analisar outras possibilidades”, disse o edil.

Na opinião de Galego de Lages, o racionamento no perímetro urbano deve aumentar para que os moradores do interior não sejam apenas os prejudicados com a medida. Vale lembrar que antes mesmo do final do inverno, a Compesa já havia alterado e ampliado a distribuição de água pelas torneiras em toda cidade. Atualmente, o rodízio é de cinco dias com água e 15 sem o precioso líquido nas torneiras. Em alguns bairros a água não passa 24 horas nas torneiras, principalmente em setores altos.

O vereador lembrou que há um bom tempo, a zona rural de Caruaru teve seu perfil econômico modificado devido justamente à falta de água. “Muitas pessoas hoje trabalham e produzem confecção na zona rural. São milhares de empregos gerados e quase 50 mil que podem ser atingidos de forma direta com essa medida. Sei que o Governo do Estado vem trabalhando para solucionar a questão hídrica em nosso município, mas a zona rural não pode voltar a receber água apenas por pipas”, desabafou.

COMPESA

Segunda a Companhia Pernambucana de Saneamento e Água, a falta de chuva provocou essa alteração no calendário de abastecimento das cidades de Caruaru e também em Santa Cruz do Capibaribe. “Essa medida é necessária diante da situação de pré-colapso em que se encontra a Barragem de Tabocas, principal manancial existente que abastece Santa Cruz do Capibaribe. Hoje, essa barragem está com 0,98 % de sua capacidade. Por esse motivo, as duas cidades estão sendo atendidas apenas pelo Sistema Integrado Prata/Pirangi. A mudança ocorreu desde o último dia 20”, explicou Mário Heitor.

Em Caruaru, o rodízio de distribuição de água é mais longo do que em Santa Cruz do Capibaribe. Na Terra da Sulanca serão cinco dias com água e dez dias sem. Nesta última cidade, o atendimento será mantido em prédios públicos (escolas, creches, hospitais, entre outros) e na área comercial do Moda Center Santa Cruz. A Compesa informou ainda que as contas dos clientes que não serão atendidos pela rede de distribuição de água serão suspensas.

A Barragem de Tabocas, que tem capacidade para acumular 13 milhões de metros cúbicos, vem sofrendo os efeitos dos últimos oito anos de estiagem na região. Atualmente, o manancial está apenas com 137 mil metros cúbicos de água. Diante dessa situação, a alternativa encontrada pela Compesa para não deixar Santa Cruz do Capibaribe totalmente sem abastecimento, foi utilizar água do Sistema Prata-Pirangi, que hoje atende Caruaru, Altinho, Ibirajuba, Cachoeirinha e Agrestina.

OBRAS

Segundo o gerente de Unidade de Negócios da Compesa, a escassez de água que penaliza o abastecimento da cidade será regularizada com a entrega da obra da Adutora do Alto Capibaribe, que garantirá segurança hídrica para a região. A obra está em curso com mais de 40% dos tubos já assentados ao longo de 28 quilômetros entre a captação em Barra de São Miguel (Paraíba) e a divisa com o município de Santa Cruz do Capibaribe. Essa adutora tem 70 quilômetros de extensão.

A expectativa da Compesa é que, até meados de 2020, sejam iniciados os testes para levar água do Rio São Francisco para Santa Cruz do Capibaribe. Também serão atendidos os municípios de Toritama, Jataúba, Taquaritinga do Norte e o Distrito de São Domingos, em Brejo da Madre Deus, podendo também beneficiar, de forma emergencial, as cidades de Vertentes, Frei Miguelinho, Santa Maria do Cambucá e Vertente do Lério.

Já para beneficiar Caruaru, a Compesa executa a obra da Adutora de Serro Azul com 58 quilômetros de extensão e capacidade para transportar 500 litros d’água por segundo. Essa obra beneficia ainda Santa Cruz, Toritama, Bezerros e Gravatá – e de forma emergencial as cidades de São Caetano, Belo Jardim, Sanharó, São Bento do Una e Tacaimbó.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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