ARQUIVO — Acomodação do mercado

Dados os resultados do primeiro turno das eleições, o mercado se aquietou de uma forma surpreendente e num curto espaço de tempo. A Bolsa de Valores subiu 3,8%, o dólar caiu para menos de R$ 3,80, mas a expectativa de inflação cresceu enquanto o PIB vem apresentando sinais de queda. Esse último resultado, plenamente esperado porque já havia uma tendência de queda há tempos prenunciada. O difícil ainda está por vir.

Os candidatos presidenciais eleitos apresentam propostas econômicas totalmente antagônicas. Uma voltada para uma economia de mercado e outra mais fechada e com impactos econômicos graves. Ambos erram quando falam de isentar imposto de renda para uma determinada faixa de salário. Não que a população não mereça isso, mas pelo fato de que o momento não permite e vai agravar o rombo das contas públicas do país.

Independente de quem seja eleito, o Brasil vai passar por uma necessidade de ajuste muito grande. Buscar a competividade através de políticas objetivas, tangíveis, que possam ser aplicadas no curto prazo. A privatização de empresas é uma opção real de readequação do mercado e se for feita diferente do que fez FHC, certamente trará resultados em duas frentes: redução da corrupção e ganho de escala produtiva.

Os desafios do próximo governo são enormes e passam pela necessidade de implantar reformas prioritárias. Nisso, fala-se da reforma tributária e imediatamente se pensa que o debate é no sentido de aumentar imposto. Nós temos uma estrutura tributária terrível e muitas vezes dar eficiência à arrecadação importa num ganho financeiro extraordinário. A fiscalização existe porque a sonegação é eminente. Se houve meios de reduzir a sonegação, haveria redução de custos de arrecadação.

Os sinais apontados pelo mercado indicam que o resultado está de acordo com as expectativas. Essa tranquilidade pode ser quebrada com a divulgação das pesquisas de intenção de votos. Se houver mudança no quadro, haverá “choro e range de dentes”. Não custa lembrar que em outubro de 1989, Mario Amato, então presidente da FIESP declarou que se Lula fosse eleito 800 mil empresários sairiam do Brasil, do mesmo jeito que 80 mil empresários abandonaram Portugal com a Revolução dos Cravos em 1976.

No meio de tudo isso está a população, carente, desempregada, acreditando que em 2019 estaremos melhor. Que seja! Desde que não passemos a ver nenhum dos dois postulantes como salvador da pátria. Nosso futuro a gente precisa construir.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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