ARTIGO — “A fogueira do São João”

Por Maurício Assuero

O São João de Caruaru este ano veio com a polêmica em torno do cachê a ser pago para o cantor Wesley Safadão: meio milhão de reais! É muito? É pouco? Precificar talento é algo extremamente complicado em Economia. Basta ver o salário de um jogador como Messi ou Neymar e comparar com outros jogadores. Apesar de cada correr 90 minutos, o talento é o diferencial para fixar a remuneração. No caso de Wesley a questão está associada a isto. Outros cantores, tão ou mais talentosos, não conseguem aglutinar multidão (120 mil pessoas, é o que se fala!).

Estimando a população de Caruaru em 250 mil habitantes, tem-se que, aproximadamente, 48% dessa população foi ao show. Isso não é tão verdadeiro porque há pessoas de outras cidades, então temos, realmente, uma quantidade de residentes de Caruaru, menor. Além da polêmica, o que se deve perguntar é: qual o retorno que este investimento trouxe para a cidade?

A forma de calcular o retorno depende da natureza do investimento. Há o retorno financeiro e há o retorno social. Provavelmente, as pessoas que foram ao show ficaram felizes e isso mostra ganho social. Em termos de retorno financeiro a questão é mais complicada. Por exemplo: espera-se que este retorno possa ser mensurado pelo incremento no recolhimento de ISS, do aumento da renda na cidade em função do aumento da capacidade de ocupação dos hotéis, dos restaurantes, dos serviços de transportes, etc. É muito provável que grande parte dessas pessoas não tenha realizado gastos suficientes para justificar um investimento tão alto!

Em adição, foi divulgado que os recursos investidos no show eram recursos oriundos de patrocínios, no entanto, fica estranho ter-se emitido um empenho para liquidar o valor do cachê e aí, são recursos próprios da prefeitura que atenderiam este evento em detrimento a outras necessidades, prioritárias, do município. O que falta, realmente, é um projeto que balize este tipo de ação. Estimando os custos do São João, analisando os benefícios – sociais e financeiros – e verificando as devidas fontes de financiamento, fica mais simples decidir.

Cabe lembrar que a origem dos recursos não é a única dúvida. Por exemplo: levando em conta que Wesley Safadão prestou um serviço, os impostos inerentes (INSS, ISS, IR…) foram devidamente cobrados ou estes impostos foram inseridos no valor total para que quando subtraídos importasse no valor líquido de R$ 575 mil? Wesley falou que os recursos seriam doados, então houve pagamento do imposto referente a doação? O São João de Caruaru é marco tão histórico quanto a cidade. Fogueira de vaidade não combina com essa festa.
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Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

2 thoughts on “ARTIGO — “A fogueira do São João”

  1. Adilson Lira says:

    UMA CORREÇÃO NECESSÁRIA:

    No texto, o autor afirma que Caruaru tem 250.000 habitantes. Está errado! A população do “País de Caruaru já é de 360.000 (trezentos e sessenta mil habitantes). Considero salutar essa correção, para não nos apequenar. Somos o maior município donibtetior de Pernambuco, em todos os níveis: Cultural; Político; Econômico e Social!

  2. Adilson Lira says:

    Corrigindo…

    UMA CORREÇÃO NECESSÁRIA:

    No texto, o autor afirma que Caruaru tem 250.000 habitantes. Está errado! A população do “País de Caruaru já é de 360.000 (trezentos e sessenta mil habitantes). Considero salutar essa correção, para não nos apequenar. Somos o maior município do interior de Pernambuco, em todos os níveis: Cultural; Político; Econômico e Social!

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