ARTIGO — A importância da construção de planos de carreira para a motivação profissional

Por Arley Ribeiro

“Você tem alguma pergunta?”. Eu havia finalizado um teste escrito como última etapa em um processo para trabalhar como Assessor Técnico numa grande empresa multinacional americana. A Analista de RH, que me acompanhou, fez essa pergunta logo depois que encerrei. Eu ia falar um “não”, mas o que saiu da minha boca foi “quantos níveis existem entre o Assessor Técnico e o Presidente da empresa?”. Ela riu, contou nos dedos, e disse sorrindo: “Seis”.

Eu me despedi dela e, voltando para casa (de ônibus), me imaginava trabalhando lá. Meu desejo se realizou alguns dias depois, quando me ligaram e deram a notícia da minha aprovação no processo. Assim que desliguei o telefone, me propus a subir os seis níveis. Mas era só intenção, não tinha a mínima ideia de como fazer para sentar na cadeira mais confortável da companhia. Entrei nesta empresa no final de 1987. Em 2005, eu cheguei lá, dezoito anos depois. Foi tudo planejado? Não, tudo não, mas grande parte sim. A sorte e o acaso me ajudaram muito, mas efetuei um plano de carreira que me ajudou a ser a melhor pessoa para o cargo principal, muitos anos depois.

O que eu fiz? Vamos a algumas dicas para construir um sólido plano de carreira, que o manterá motivado para seguir em direção ao topo:

1- Busque sempre uma promoção: qualquer tipo é importante, mesmo que não tenha aumento de salário, ou seja, uma promoção vertical (sem elevar o nível hierárquico). Para ser promovido, gere resultados sólidos. Em muitas empresas existe o componente político nas promoções, mas eu sempre trabalhei muito duro para entregar resultados comprovados;

2- Esteja apto para fazer o trabalho do seu chefe: em um momento de minha carreira, meu Gerente teve um acidente e quebrou a perna. Ele teve que ficar afastado cerca de dois meses e, nesse meio tempo, eu fiz a minha função e a dele. Pouco tempo depois que ele voltou, foi convidado a assumir outro departamento e eu fiquei no lugar dele;

3- Nem sempre existirão resultados, mas nunca desista deles: este é um ponto muito relevante (na minha visão, talvez o mais importante de todos). Existem momentos em que os resultados não aparecem, mesmo que você esteja trabalhando muito duro. Eles não vêm devido a mudanças internas na empresa, instabilidade de mercado, períodos de crise financeira, etc. Mas, nestes momentos difíceis, você precisa se manter motivado e continuar acreditando que vai virar o jogo.

4- Busque conhecimento e experiência: dez anos depois da minha contratação, eu havia evoluído três níveis hierárquicos, mas vi que não conseguia subir mais. Embora houvesse prometido a mim mesmo que iria ser o principal executivo, depois de algumas análises cheguei à conclusão de que não tinha mais condições de evoluir profissionalmente se permanecesse naquele emprego. Pedi demissão, fui para outra companhia multinacional americana, que me proporcionou minhas primeiras experiências internacionais, e mudei de novo um ano depois para uma empresa nacional.

Dentro de uma estrutura mais enxuta, alcancei o maior cargo em Vendas e Marketing três anos depois e me tornei Diretor. Para minha surpresa, dois anos depois fui convidado a participar de um processo seletivo para ser o Executivo Principal da minha primeira empresa, aquela que eu havia deixado por falta de oportunidade de crescimento. Uma vez que eu havia trabalhado lá dez anos atrás, tinha experiência internacional e já tinha o cargo de Diretor, consegui aquilo que eu almejei dezoito anos depois;

5- Mire as estrelas: nunca queira ser Gerente de Departamento, ou Diretor. Só existe um cargo que vale a pena, o de chefe: Presidente, Gerente Geral, CEO, ou qualquer denominação que tenha o Executivo principal. Construa seu plano de carreira para ser o executivo número 01 do negócio, assim, você terá motivação suficiente para continuar mesmo que tenha períodos difíceis.

Temos que levar sempre em consideração que os planos são mutáveis, algumas vezes precisam ser alterados devido a oportunidades que aparecem, ou problemas inesperados, como uma demissão. Eu mesmo já fui demitido uma vez e tive que alterar um pouco meus planos, mas a parte fundamental permaneceu e consegui uma excelente recolocação poucos meses depois.

Por fim, existem dois tipos de executivos que chegam ao topo: os que fazem um bom plano de carreira e os que fazem um ruim, mas alteram o mesmo até que ele fique adequado!

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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