Por Maurício Assuero
Definido o quadro político como afastamento de Dilma, a cassação de Eduardo Cunha e a efetivação de Temer como presidente da república (vai minúsculo mesmo) o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, começa as tratativas para duas questões importantes: o teto para os gastos públicos e a reforma da previdência. A primeira questão é fundamental para o equilíbrio das contas públicas sem o qual, pode implantar a política econômica que quiser que ela não produzira o efeito desejado. Uma ação interessante do governo é começar a discutir a privatização de algumas empresas, muito embora, os recursos que possam ser captados por esta via ainda não são suficientes para cobrir nossas necessidades. O lado bom disso aqui é a economia que o governo terá com os gastos de manutenção e a entrada de recursos.
Apesar de ser uma via mais amena do que o aumento dos impostos, esta questão gera óbices nos diversos sindicatos que acabam produzindo uma contrapropaganda que assusta a sociedade. É como soltar um “bicho papão” num parque infantil ou como a notícia do estouro de uma barragem. Todo mundo corre sem saber muito para qual direção. Faltam duas semanas para o primeiro turno das eleições e o governo não está maluco de falar em aumento de impostos agora. Vamos aguardar primeiro o fechamento das urnas.
O segundo ponto é mais preocupante, por duas razões. A primeira é que a posição do PSDB mostrou a fragilidade desse governo. O PSDB disse em alto e bom som que se Temer não cuidasse da previdência ainda este ano, então o partido sairia da base de sustentação do governo. Temer se apressou, ele próprio, de dizer que o governo enviaria a proposta da previdência para o congresso, mas o alinhamento com o Centrão mostra que ele está buscando compensações para o caso de bater de frente com os partidos da base. O segundo ponto que preocupa com esta reforma é o tipo de proposta que está sendo colocada. Trata-se de mais uma tentativa e não de um modelo que funcione. O sentimento que fica é que esta retocada é coisa de quem não quer se comprometer com problemas, quer apenas os louros daquilo que der certo.
Usando um termo do senador Romero Jucá, nós vamos sangrar um pouco mais, até 2018 quando houver eleições presidenciais e vamos sangrar um pouco para escolher um candidato que não tenha sido citado na Lava Jato. O voto da a legitimidade necessária para a implantação de mudanças e Temer não tem isso. A imagem de um conspirador vai acompanhá-lo e o discurso na ONU mostrou isso quando algumas delegações abandonaram o plenário enquanto Temer discursava.