Oferta alta de imóveis explica momento do comércio

Pedro Augusto

A interferência da crise política e financeira no comércio de Caruaru pode ser exemplificada não só pelo silêncio das lojas vazias tampouco pelas demissões em massa contabilizadas nos últimos meses neste setor. Se o leitor do VANGUARDA tiver interesse de ter uma noção exata da atual situação em que se encontra um dos maiores segmentos da economia local, basta ele dar uma observada no quantitativo de imóveis que estão à disposição para aluguel e até venda nas principais vias de comércio da Capital do Agreste. Da Rua 15 de Novembro, no Centro, até a Avenida Agamenon Magalhães, no Bairro Maurício de Nassau, o volume de ofertas tem sido elevado para quem deseja investir na abertura de um novo estabelecimento comercial.

Segundo o corretor de imóveis Douglas Chaves, hoje o mercado local vem vivenciando uma realidade totalmente distinta em relação há anos anteriores. “Não se sabe tampouco se contém dados de um quantitativo tão elevado nos últimos cinco anos de ofertas de imóveis em pontos estratégicos no comércio de Caruaru. Creditamos esta atual realidade à crise política e financeira que tem forçado centenas de empresas a fecharem as suas portas no município. A situação encontra-se tão alarmante que, mesmo baixando os valores de seus aluguéis, muitos proprietários de imóveis não têm conseguido fechar os seus contratos. Já no que diz respeito aos que já possuem estes últimos em vigor, em muitos casos eles têm renovado os mesmos sem aplicar reajustes.”

Também consultado pela reportagem, o presidente da CDL de Caruaru, Márcio Porto, chamou a atenção para outro detalhe preocupante em relação à disponibilidade cada vez maior de espaços para locações e vendas. “Em vias do Centro, como a Vigário Freire, a Duque de Caxias, a Rio Branco, dentre outras, os imóveis que estão à disposição são aqueles que estavam comportando até pouco tempo atividades comerciais. Já em avenidas tradicionais, como a Manoel de Freitas e a Agamenon Magalhães, temos percebido que a maioria dos espaços disponíveis é oriunda de recentes construções, mas que também não estão sendo negociadas por conta justamente da crise. Ou seja, a situação está difícil para todos os lados.”

De acordo ainda com Márcio Porto, os casos referentes ao encerramento de atividades não têm se limitado a um segmento específico do comércio local. “Sem exceção, todos os setores do varejo de Caruaru vêm sentindo os efeitos da crise. Tanto é que esses imóveis têm sido desocupados por empresários do segmento de vestuário ao de medicamentos. Para tal procedimento, eles vêm adotando a mesma justificativa, ou seja, queda nas vendas e perdas nos faturamentos. Além do fechamento em si dos estabelecimentos comerciais, outro fator que tem nos preocupado bastante em relação a este problema vem se referindo ao aumento cada vez maior no número de desempregados na cidade. Até porque, quanto maior o encerramento de atividades, maior o quantitativo de pessoas fora do mercado formal”, analisou.

Com opiniões semelhantes, o presidente da CDL e o corretor de imóveis acreditam que o cenário para o comércio local só deverá melhorar mesmo tão logo o clima de estabilidade seja retomado pelas bandas de Brasília. “Com a posse efetiva de Michel Temer (PMDB), a expectativa é de que algumas mudanças sejam aplicadas no sistema econômico do país influenciando positivamente nos demais setores dos municípios. Pelo menos é o que esperamos com perspectivas melhores já a partir do próximo ano”, argumentou Márcio Porto. “Temos observado um novo processo político e econômico no Brasil e a tendência é de sentirmos uma reação positiva do mercado a partir de 2017”, reforçou Douglas Chaves.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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