ARTIGO — Acertos e desacertos

Maurício Assuero

O presidente eleito tem demonstrado um comportamento dúbio em relação a pontos importantes que o mercado, nacional e internacional, espera. Isso é fruto da inexperiência frente a dimensão do cargo que vai assumir, mas a fragilidade da equipe contribui também com essa postura. Se bem lembrarmos, Temer retrocedeu em várias decisões anunciadas e serviu de deboche, fato que contribuiu bastante para diminuir sua credibilidade. Se Bolsonaro continuar com recuos em decisões anunciadas vai demonstrar que está usando “tentativa e erro” como metodologia. Ou seja, anuncia algo e ver se agrada. Se não agradar muda. Isso é muito ruim.

Nesse processo de transição alguns nomes estão delineados e devido a falta de quadros competentes no entorno do presidente eleito, alguns nomes são oriundos dos governos passados. Por exemplo: manter Mansueto Almeida na Secretaria do Tesouro Nacional é uma medida adequada pela capacidade que ele e colocar uma pessoa apenas pelo prazer de substituir pelos vínculos dele com o governo atual é mesquinhez demais.

Então a gente chega a Joaquim Levy. Altamente capacitado, com uma formação inquestionável. Ministro do governo Dilma, tentou de tudo por tudo implantar uma agenda austera e não conseguiu. Suas propostas foram escanteadas tanto pela presidente quanto pelo partido que lhe sustentava. Agora, sua chegada ao BNDES pretende sinalizar ao mercado que o banco irá sofrer ajustes na sua forma de atuar. Os erros causados pelo governo do PT em emprestar dinheiro a países como Venezuela, Cuba, Moçambique, etc. não deve se repetir e a alavancagem da economia brasileira passa pelo fortalecimento do crédito interno. O problema é que o BNDES não opera diretamente com as empresas, mas através de agentes financeiros e estes não tem qualquer incentivo porque o “delcredere” é muito baixo para uma operação de longo prazo.

Agora cabe dizer que há equívocos. O Ministério do Trabalho, por exemplo, é um deles. O presidente eleito parece caminhar na direção da manutenção dos velhos conchavos. Reforma administrativa é tão necessária quanto as demais. Aqui no Brasil, ministério é uma forma de agradar os apoiadores. Bolsonaro teve, salvo engano, apoio de um único partido, embora apoios declarados de diversos partidos tenham surgido. A política de emprego pode ser desenvolvida no âmbito da política econômica. Economia é para isso: gerar renda e emprego.

Em resumo, o que o Brasil espera é ter um presidente decidido. Dito é isso, cabe apenas lembrar que se a equipe não estiver sintonizada em torno de um objetivo comum, as cobranças começarão antes dos 100 dias. Agora, o maior problema que Bolsonaro vai enfrentar é a vaidade de alguns. O comportamento tem causado inveja e basta um boato para acabar com sonhos.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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