ARTIGO — Agenda de candidato

Maurício Assuero

Temer assumiu que será candidato a presidente em 2018. Nada de novo visto que suas ações já indicavam isso claramente. A maior delas, a meia intervenção no estado do Rio de Janeiro, que 80% das pessoas passaram a apoiar, pela necessidade, não pela ação, e isso levou o governo a acreditar que a popularidade do presidente voltaria a crescer. Ledo engano. A chance de Temer ser eleito é mínima.

As notícias positivas na economia são devidas muito mais ao sistema produtivo do que ao próprio governo. A redução da Selic para 6,5% ao ano, na semana passada, tem uma conotação mais política do que econômica. Ou seja, a inflação num nível inferior à meta, já não abre tanto espaço para reduzir juros, mesmo porque se houver aumento do investimento os resultados não serão aproveitados no curto prazo. Então, isso soa como algo do tipo “no meu governo a taxa de juros ao seu patamar mais baixo”, embora isso não se retrate em benefícios diretos para o consumidor.

O número de contratações com carteira assinada tem crescido, mas a esperança embora nenhuma política nessa direção tenha sido encaminhada e cabe lembrar que o Ministério do Trabalho está, desde janeiro, sem um titular e as coisas estão funcionando, numa prova adicional que são outras ações que movem o governo.

Espera-se, até julho, outros anúncios por parte do governo, reforçando a agenda de Temer e aumentando o tamanho do déficit. A vaidade falará mais alto e, para ser eleito, o governo abrirá portas e janelas, transferindo recursos irresponsavelmente. Não custa lembrar que a denúncia contra o presidente foi arquivada pela Câmara, mas não sem a liberação de R$ 15 bilhões. Não resta dúvida de que a candidatura de Temer implica em aumentar o tamanho do rombo nas contas públicas.

É muito pouco provável que o mercado se convença dessa candidatura. O governo foi incapaz de aprovar a reforma da previdência e muito improvável que se consiga aprovar qualquer coisa nessa direção durante o período eleitoral. Acrescente-se as constantes quedas de avaliação por agências de análise de risco, fato que dificulta ainda mais a captação de investimento ou de capital estrangeiro.

Temer deveria ter sensibilidade e cumprir o resto do seu mandato. Antes ele falava que apoiaria quem defendesse o legado do governo (se é que tem). Hoje ele percebeu que ninguém é louco a este ponto.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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