ARTIGO — Além do horizonte

Por Maurício Assuero

Não se trata da música de Roberto Carlos, mas da extensão que precisamos enxergar para vislumbrar em que momento voltaremos a ter tranquilidade econômica no Brasil. Mudou o governo, só não mudou a quantidade de denúncias e denunciados por corrupção ativa, passiva, acessória ou qualquer coisa que o valha. O ministro Geddel Vieira, no passado considerado um anão do orçamento (sete deputados de baixa estatura que desviaram recursos do orçamento) fazendo pressão para o IPHAN aprovar a obra de um prédio onde ele tem um apartamento adquirido. Depois se diz que é a Lava Jato que está atrapalhando a economia. Não é. O que atrapalha são estas práticas por pessoas que pensam em si e não na sociedade.

Enquanto isso, temos mais coisas para nos preocuparmos. A Volks irá demitir 30 mil funcionários no mundo, quase 3 mil no Brasil. O Banco do Brasil anunciou o fechamento de 402 agências e a demissão de 18 mil funcionários. As previsões do PIB para 2017, feitas pelo próprio governo, caíram para 1,6%para 1%! Como se espera ter crescimento de 1%, que seja, se a perspectiva de desemprego será maior em 2017?
O governo está se segurando, absurdamente, na PEC 55 (antes 241) que limita gastos, como se esta fosse a tábua de salvação da economia brasileira. Já dizemos aqui: controlar gastos é prioridade porque no Brasil há muito se gasta mais do que se arrecada, mas não é necessário derrubar a casa para tirar um inquilino ruim. O governo está lançando nas mãos da população a decisão de um caos social com implicações alarmantes porque desemprego gera alta das taxas de violência, do tráfico de drogas que gera ainda mais violência.

Em momentos de crise econômica a teoria keynesiana indica aumento dos gastos do governo para aumentar o produto. O Brasil não consegue fazer isso porque os nossos gastos são de péssima qualidade, ou seja, além de gastarmos mais do que temos, gastamos errado. A dívida pública tem crescido para patamares superiores a 70% do PIB, agora já se perguntaram se este crescimento é devido aos gastos com saúde, educação, ou puramente com previdência social?

A taxa de juros no Brasil é a menor do que a da Venezuela (21,99% aa), de Moçambique (17%aa) e quando a gente olha economias europeias ou mesmo a americana dá vergonha. O interessante é que o custo dessa conta não entra na limitação do governo. Não há mobilidade do capital para o Brasil apesar da taxa de juros. O motivo é simples: falta de credibilidade nas nossas instituições. Estas que estão vendo empresas suprimirem vagas de emprego e não reagem para reverter.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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