ARTIGO — As privatizações

Maurício Assuero

Desde muito o setor público no Brasil é o principal empregador. Em meados de 2009, quando ainda não sentíamos os efeitos da crise, o setor privado gerou mais empregos que o setor público, no entanto, os dados mostram que além de ser o maior empregador, a diferença de salários entre estes setores cresceu ao longo dos anos. Ganha-se mais no setor público.

A criação de empresas estatais apenas com viés político foi uma marca registrada de inúmeros governos, principalmente nos últimos 12 anos. O estado cresceu, desnecessária e desordenadamente, e hoje vemos o tamanho da calamidade e a resistência de muitos quando se fala de privatização. Fernando Henrique Cardoso vendeu as teles e seu maior erro foi ter feito isso com recursos do BNDES, ou seja, o banco emprestava dinheiro para compradores. Se por um lado a gente entende que tais recursos seriam acrescidos de juros e que talvez sem eles não haveria interessado, por outro a gente lamenta que o governo não tenha se esforçado o bastante para fazer entrar dinheiro novo em seu caixa e deixar o dinheiro do BNDES para emprestar as nossas empresas.

O fato é que a privatização levou a uma situação de mercado melhor do que a que tínhamos antes. Se o governo fosse investir na teles, teria que seguir a lei 8666/93, que teria um edital preparado para atender as necessidades de alguma empresa que contribuiu com a campanha política de alguém; teria um funcionário que multiplica por 20, 30 ou 100, o preço de um insumo por conta das bocas famintas de recursos públicos. O pior: cada investimento levaria, no mínimo, 1 ano para ser concluído.

É preciso discutirmos qual o tamanho ótimo do estado e quais as atividades que lhe são inerentes. Por exemplo: segurança pública é algo necessita da presença do estado e que jamais deveria ser cuidado pela iniciativa privada. Pela isenção de ações que se deve ter, não seria coerente colocar uma empresa privada cuidando da segurança nacional. Do mesmo modo, a questão da educação pública. No caso das empresas de energia, do Sistema Eletrobras, um fato é preciso ser lembrado: o percentual de projetos desenvolvidos por estas empresas foram, na maioria, decisões políticas e não técnicas. Isso significa que houve recursos públicos enterrados nas vaidades pessoais de políticos que acham que uma estação de geração deve estar no seu estado para que ele lembre a população na época de eleição. A situação do Sistema Eletrobras é fruto desse descaso e da corrupção que sempre permeia as empresas públicas.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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