ARTIGO — Brexit

Maurício Assuero

Finalmente, no dia 31/01, o Reino Unido definiu sua situação, que começara lá em 2016, em relação à União Europeia: está fora, após 47 anos, mas não de forma imediata porque terá 11 meses, isto é, até dezembro deste ano, para equalizar acordos de cooperação com a própria UE. Agora o país está livre para formalizar acordos diretamente com outros países. Nesse sentido cabe alguns comentários no sentido de entendermos melhor os impactos para o Reino Unido e para o resto do mundo a partir de agora.

Primeiro, em 2016 por 52% dos votos, num plebiscito, os britânicos optaram por sair da UE e, embora essa decisão seja soberana, ela não pode ser implantada imediatamente porque questões pontuais, naturalmente, surgiram. Por exemplo: enquanto estava na UE o Reino Unido obedecia as regras de mobilidade de pessoas e de capital, a não existência de barreiras alfandegárias, moeda comum etc. Agora, precisa definir como ficará a situação de britânicos que trabalham fora e de pessoas de outros países que trabalham no Reino Unido.

Segundo, a UE responde por quase 50% das transações do Reino Unido e agora o país terá que sobressair para substituir esse volume comercial, principalmente se o acordo de tarifas não for mantido. Adicionalmente, a Libra sempre foi uma moeda estável, então a competição com o dólar e com o euro deve ser bem intensa, mas isso vai depender muito da política de comércio exterior. Ressalte-se, todavia, que o maior problema a decisão do Brexit não foi apenas econômica. O maior gargalo vem do problema das Irlandas.

A República da Irlanda é um país independente que ocupa a maior extensão de terra da Irlanda e, dentro dessa extensão de terra, tem outro pais chamado Irlanda do Norte que pertence ao Reino Unido. Até a decisão ambos estavam integrados por um acordo comum, agora, cria-se uma fronteira física cujas consequências são, absolutamente, incertas. Não será simples administrar isso. É como uma “ponte da amizade” que liga Brasil ou Paraguai, sem qualquer controle de fronteira. Agora, imagine uma mesma área territorial com duas moedas, com uma política tarifária, com controle de capital e pessoas.

O momento é propicio para conversar com o Reino Unido, tendo em vista que agora vai se buscar aumentar o comércio com outros países. Outra coisa, a data limite de dezembro de 2020 vai se cumprir independente de se ter, ou não, negociado acordos comerciais e, em adição, estes acordos precisam ser diferenciados daqueles que continuam vigentes na UE, caso contrário haverá mal estar com os demais países, ou seja, pode parecer que o Reino Unido quer as mesmas vantagens da UE, sem obrigação de seguir suas regras. Se esta foi a melhor decisão, não tem como saber e, por isso, vamos aguardar os resultado

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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