ARTIGO — Desmontando o palanque

Wagner Gil

Depois de várias décadas, a população levará um militar, através do voto, a governar o Brasil com a eleição do capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro (PSL). Ele teve uma vitória legítima nas urnas, com mais de dez milhões de votos de frente, contra o seu adversário, o professor universitário Fernando Haddad (PT). Antes da eleição, o país estava dividido entre os que diziam ‘Ele não’, referindo-se ao presidente eleito e seus simpatizantes, e o ‘Ele sim’.

Agora o palanque tem que ser desmontado porque Jair Bolsonaro será, a partir de janeiro de 2019, o presidente de todos os brasileiros. É importante que a oposição se mantenha viva e atenta a cobrar suas promessas de campanha e exigir um tratamento igual para todos os estados brasileiros e para todos os brasileiros.

Durante suas primeiras entrevistas, o presidente eleito falou muito em Deus, em combater a corrupção e também acabar com a violência, inclusive armando a população. Segundo Bolsonaro, o plebiscito realizado em 2005 não foi respeitado, já que, naquela época, o povo votou pela venda de armas com uma ampla maioria de 63%.

Bolsonaro prometeu ainda fortalecer as instituições de combate à corrupção, além de convidar o juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça ou ocupar uma cadeira no STF quando a próxima vaga for aberta.

Com os primeiros anúncios de ministros e de fusões de pastas, o mercado financeiro e a bolsa de valores reagiram bem. A possibilidade de votação da Reforma da Previdência, ainda este ano, também foi vista com bons olhos. Então resta a população torcer para o Brasil dá certo, mas sem perder a força da fiscalização e da oposição.

Ao Partido dos Trabalhadores resta juntar os cacos, mas o PT não foi o maior derrotado nessas eleições. A legenda conseguiu eleger o maior numero de deputados e de governadores, porém precisa fazer uma autocrítica antes que tenha que fazer uma ‘autópsia’. É preciso valorizar os acertos, mas reconhecer os erros é fundamental em qualquer fase da vida, pois nunca paramos de aprender.
Acertos como conquistas do avanço no ensino universitário devem ser comemorados, bem como cobrada a sua ampliação. O ensino técnico federal também cresceu e chegou às cidades do Interior, a exemplo de Caruaru e Serra Talhada. O próximo governo tem suas prioridades, mas não pode acabar com o que está dando certo, por isso a importância de uma oposição séria e que dê um tempo para o novo presidente arrumar a Casa.

Numa eleição, uma cidade, um Estado ou até mesmo o país precisam de divisão, de vários grupos políticos ou agremiações (partidos) apresentando suas propostas. Depois da eleição, a união deve existir em torno de conquistas e melhorias para o povo. É assim que deve agir governo e oposição, pois, do contrário, continuaremos mergulhados na crise ética, política e econômica que assola o país.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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