ARTIGO — Difícil recomeço

Maurício Assuero

Qualquer recomeço é extremamente complicado quando está se saindo de uma situação adversa. O Brasil teve momentos nos quais poderia ter tentando recomeçar mais organizado e optou pela incerteza. Falo da crise de 2008 quando o presidente Lula incentivou o consumo para não permitir que a economia caísse. Caiu feio e no primeiro governo Dilma a sociedade não tinha, sequer, uma noção do tamanho do problema. A derrocada econômica foi tão grande que Dilma pedalou para cobrir as despesas com o programa Bolsa Família.

O desacerto, desde então, foi tão grande que temos de herança 13 milhões de desempregados e nenhuma perspectiva de retomada do crescimento econômico. O governo atual espera apenas saber para quem vai entregar a faixa presidencial. Nada mais produz e sua base aliada está muito interessada em manter distância de Temer com receio de que uma foto com ela resultará em perda de votos. Temer se abraça a melancolia da sua fragilidade como gestor tal qual um condenado a morte espera a ação do carrasco.

A cada dia as estimativas econômicas sofrem um novo baque. A cada dia economistas e agências de risco reavaliam nossa posição nos fazendo descer um pouco mais. O anúncio de crescimento do produto em 0,2% no último trimestre foi concomitante as projeções de mais inflação, menos emprego e produto mais baixo. O mais lamentável é que os discursos dos candidatos a mandatários da nação não empolga o mercado.

As promessas e as propostas colocadas como metas de um governo estão longe de convencer o empresário a investir. Todo mundo fala em diminuir o déficit, mas não diz como, exceto uma proposta bem delineada de privatização e concessões que renderiam trilhões de reais. Uma pena que o candidato seja desprovido de cérebro.

O mais estranho é o jogo de empurra-empurra dos partidos querendo culpar o governo atual. Sem sombra de dúvida, Temer é o pior presidente da história do Brasil, mas ele assumiu porque era vice-presidente numa coligação aprovada em convenção por PT e PMDB. Enquanto as pessoas se acusam, a população continua a margem dos interesses nacionais. Os problemas importantes continuam sendo empurrados para debaixo do tapete.

Nesse contexto, irão prevalecer as propostas vazias e eleitoreiras. “Tirar nome do SPC”, “dar subsidio para comprar gás de cozinha”, ou seja, construir uma política que trate do preço dos combustíveis, nem pensar. Agora, dar R$ 10,00 ou R$ 50,00 para uma pessoa pobre comprar gás …é o máximo.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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